quinta-feira, maio 22, 2008

22 de Maio de 2008

Um adeus inesperado

Foi enorme surpresa que li o texto de Reis Torgal, na edição passada, onde comunicava que não mais escreveria aqui no NG. Era das últimas coisas que esperava ver acontecer.

Ainda que não o conheça pessoalmente, sinto por ele uma estima verdadeira. Era um misto de respeito e cumplicidade própria dos companheiros de trabalho, ainda que de um trabalho diferente, daqueles em que nunca nos cruzamos nos corredores da empresa. A brincar a brincar, já são uns anos largos a compartilhar estas páginas. Anos estes em que o meu companheiro de jornal se manteve igual a si próprio, contribuindo sobremaneira para a qualidade do “nosso” jornal.

Para mim, que escrevi o meu primeiro texto aqui no NG já lá vão quinze anos – era então um imberbe adolescente, com a mania de não mandar dizer por ninguém – as páginas do Notícias de Guimarães e do Reis Torgal eram indissociáveis. Cresci a vê-los juntos, qual tandem. Não conseguia imaginar um sem o outro. Ainda hoje não consigo. Aliás, esta é a primeira edição – que me lembre – em que tal não vai acontecer e ainda não sei bem qual será a minha reacção ao lê-la.

Nesta actividade em que a única remuneração que temos é sabermo-nos lidos, a minha possibilidade de “enriquecimento” sofreu um sério revés. O NG sem Reis Torgal fica mais pobre. E sem os seus leitores, também eu serei menos lido.

E a imprensa local perde um contributo, na minha opinião, daqueles que mais falta faz: o contributo de quem obedece apenas e só à sua consciência e não se rege por interesses ou agendas de outrem.

Obrigado e até sempre! Sentirei a sua falta!

Novela mexicana

Ninguém no seu perfeito juízo pode pôr em causa a legitima pretensão de um profissional querer ver recompensado o seu trabalho com o melhor ordenado possível.

Um jogador de futebol, tendo em conta a curta duração da sua carreira, não é excepção, muito pelo contrário.

E como as histórias de amor são cada vez mais raras e jogadores que sobem à tribuna de Wembley com cachecóis do Vitória só há um, ao Ghilas, resta-nos apenas desejar-lhe um bom resto de carreira (se não se cruzar connosco, claro está) e agradecer-lhe o facto de ter contribuído para a subida de divisão e conquista do 3º lugar.

Posto isto e tendo em conta que o atleta já anda desde o início desta época a protelar a questão da renovação de contrato, tendo inclusive recusado a transferência para um clube ucraniano que permitiria ao clube um importante encaixe financeiro, depreende-se agora que o que o atleta pretendia mesmo era ficar como jogador livre, permitindo-se assim a encaixar a verba que em caso de transferência reverteria para o clube. Nada contra. É uma opção dele. Como diz o outro, trabalho é trabalho, conhaque é conhaque.

Não admito é que venham com as declarações de amor eterno e de que são “vitorianos desde pequeninos” e outros que tais. Essas declarações, salvo raras e honrosas excepções, devem ficar para os adeptos.

Os outros, os profissionais, não o devem dizer. Se o querem provar, que o façam. Caso contrário, soa a treta. Para não dizer que até parece que estão a tentar forçar a direcção a ceder, como que usando o romantismo dos adeptos que ainda acreditam no amor à camisola como arma de arremesso.

Palavras, leva-as o vento…

Braga mais perto da Liga dos Campeões

Pela A11 são só 20 kms.

quinta-feira, maio 15, 2008

16 de Maio de 2008

O ano do Vitória

Quem diria que há pouco mais de um ano atrás estávamos mais perto da II Divisão do que do regresso ao nosso lugar natural? E que já tínhamos o título de voleibol, a Taça – e a possibilidade do título da Proliga – de basquetebol, títulos no kickboxing, natação e possibilidade de subida de divisão no pólo aquático?

Quem, no seu mais optimista prognóstico, arriscaria dizer que o Vitória esta época passaria grande parte do tempo na segunda posição e só dela foi arredado por erros grosseiros (para não dizer que foram propositados, se não, um dia destes, não faço outra coisa que não seja andar a levar com processos) dos árbitros nas jornadas decisivas?

Que jogo memorável. Que momento lindo. A euforia. O êxtase de quase trinta mil num estádio. Os nervos do início da segunda parte. O golo do capitão. Ou melhor, o golão do Capitão. Com maiúscula, porque merece. O Andrezinho cheio de intenção de cruzar muito bem, a marcar o golo da noite. O Alan que, cumpriu a promessa de marcar. E as substituições. Nilson e o merecido aplauso. E a apoteose com a substituição de um que, hoje ninguém duvida, é dos nossos.

E o hino da Liga dos Campeões. Aquela musiquinha que até já no meu carro anda a tocar, para me ir habituando. E o voltar a ouvir a música do Dino, enquanto se festejava, acabada e enterrada que está a era das trevas e da caça às bruxas, em que essa música estava no Índex.

E o mais bonito de tudo foi festejá-lo com o meu filho ao colo. E o meu irmão ao lado. E com mais amigos. Abraçados. A chorar. Velhos, novos, mulheres e crianças. Chorou-se onde já há dois anos se havia chorado. E ver o meu filho, enquanto as lágrimas me escorriam, perguntar-me porque é que estava a chorar se o Vitória tinha ganho 4-0. E a resposta dele, quando lhe disse que chorava de alegria, que também queria chorar de alegria pelo Vitória.

Um muito obrigado a todos quantos tornaram possível esta tão rápida recuperação do nosso clube à “alta-roda” do futebol europeu. Sim, porque isto não é com atitudes parolas de novos-ricos que pensam que é vestidos com marcas da cabeça aos pés que se vai lá. As calças têm de condizer com a camisa e o casaco com os sapatos. E serem confortáveis. Não basta serem de marca, ainda que já coçados. Têm de combinar. E vestir bem. E calçar melhor.

Nós, com sapatinho nacional, um fatinho modesto, tecido comprado à medida em armazenistas e mandado fazer na alfaiataria Cajuda... mostramos ao mundo do futebol que com rigor e trabalho se pode chegar lá.

Deixei para o fim e em especial, um grande abraço ao nosso presidente, que desde a primeira hora apoiei e em quem sempre acreditei. Muitos parabéns Milo.

Mãos à obra, que o trabalho ainda agora começou. O Vitória do futuro começa agora. Afinal conseguimos mesmo um Vitória de Primeira!

Vacuidades e banalidades

- Olá então como está?

- Nunca pior… Nunca pior.

- Vai-se andando, não é? O tempo também não ajuda.

- Pois. Já viu isto? Tão novo o rapaz… Era tão bom moço.

- Antes assim. Ao menos não sofreu.

- Ainda no fim-de-semana estive com ele. Há coisas incríveis.

- Lá isso é. E com o mundo como está… Acho que se está melhor lá do que cá.

- A verdade é que dantes se morria de velho.

- Para morrer basta estar vivo, é bem verdade.

- Já dizia o outro, só não se pode fugir à morte e aos impostos.

- Acho que vai começar a missa.

Quem nunca assistiu a um diálogo, se não igual, pelo menos idêntico que dê um passo à frente. Dá-se tão pouco valor ao silêncio, hoje em dia. Há um receio enorme do vazio. Do não fazer nada. Não se sabe estar sem se estar a “fazer alguma coisa”. E mais ainda de estar sem se falar. Sem som. Daquilo que, em rádio, se chama de branca. Mas não devia. Muito pelo contrário. O silêncio, esse bicho papão, há alturas em que deve ser mesmo de ouro. No mais das vezes, mais vale estar calado do que estar a debitar clichés que se repetem a cada situação análoga.

Por exemplo, digo eu, que devia ser regulamentado que, nos funerais, nem se devia falar. Primeiro porque não há muito para dizer nestas alturas, a não ser, no limite, uns discretos votos de sentidos pêsames. E um abraço sentido. Tudo o que vier a mais é folclore. E perfeitamente desnecessário. Espremido, vale muito pouco. Ou mesmo nada, como o ridículo diálogo transcrito acima.

09 de Maio de 2008

O confrade Pinto Monteiro

Vou falar-vos acerca da confraria-geral da República…

Poderia muito bem começar assim este texto. É que parece que definitivamente estamos fadados a não ter grande sorte com a postura do Procurador-geral da República em Portugal.

Não nos bastava termos tido um Souto Moura que, na minha humilde opinião, vulgarizava o cargo, de tantas vezes que gostava de se ouvir a falar sobre o estado da justiça e o andamento de processos e timings para terminar investigações, fosse em que circunstância e lugar fosse agora temos que “levar” com um Procurador-geral da República que acha pertinente prestar declarações sobre a justiça em Portugal, trajando de confrade de uma qualquer confraria, à saída (presumo que se fosse à entrada não teria falado) de um qualquer convívio enólogo, depreendo eu …

Será que não há noção do ridículo? Não haverá ninguém que lhe diga que não fica bem a alguém no cargo que ele ocupa comentar assuntos da maior responsabilidade, com vestes que, são engraçadas numa prova de vinho verde, mas fazem cair em desgraça quem, ridiculamente de barrete enfiado, dá entrevistas às televisões sobre o estado da justiça em Portugal.

Terror na auto-estrada

Este era o título de uma reportagem do jornal Record.

Devo dizer que, por princípio, sou contra a violência. Principalmente a violência dos covardes que, em bando, são heróis, mas no um para um, se revelam aquilo que são.

Então quando a violência consiste em atirar pedras a quem não se pode defender, repudio veementemente.

Repudiei quando no estádio do mar fizeram isso a adeptos nossos num jogo amigável, ferindo inclusive familiares de atletas do Vitória;

Repudiei quando apedrejaram autocarros com adeptos nossos nas rotundas do concelho de Matosinhos, após o jogo da época passada;

Repudiei quando agrediram adeptos nossos em jogos de voleibol e obrigaram inclusive à interrupção do jogo.

Já é muito repúdio junto.

Ainda que lamente, como é lógico, que tenha havido objectos arremessados contra autocarros com adeptos do leixões, acho que os problemas de insegurança vividos nas imediações do estádio do mar, onde a polícia não tem um décimo da facilidade em levantar o bastão aos adeptos da casa que se vê, por exemplo no nosso estádio, levaram a que eles se sentissem de tal modo impunes que, pensando-se ainda em campos e contra clubes da IIB – o seu habitat natural – foram provocando, julgando-se rivais de quem nunca o foram nem nunca serão.

Quem não quer ser lobo, não lhe veste a pele e aquele tom imaculado dos entrevistados só poderá convencer os mais distraídos. Foram tão convincentes como o Simão Sabrosa a fazer de conta que sabe dizer paradoxo, no anúncio radiofónico da GALP…

Que se punam os prevaricadores como foram então punidos os agressores dos nossos adeptos.

Um sonho

Uma arbitragem isenta (vide sem faltas inventadas, golos mal anulados, penalties por assinalar ou agressões sem punição conveniente).

O Vitória ganha. O Sporting perde. O Benfica tanto me faz. E já agora, o Leixões desce.

E a musiquinha. E as estrelinhas no meio do relvado. Não quero acordar. Nunca mais é segunda-feira.

O meu programa favorito

Agora sou “do trio d’ataque” desde pequenino.

Ainda que possa ser sol de pouca dura e que o João Reis tenha dito algumas vezes Guimarães em vez de Vitória, ver o nosso Vitória representado comme il faut, deu-me um grande gozo. Passo a passo nós chegamos lá!

Obrigado RTP por reconhecerem que aquele é o nosso lugar.

02 de Maio de 2008

Um desabafo

Já não consigo ouvir mais uma música de intervenção que seja.

Nesta altura do ano, as alusões exageradamente vermelhas estão em todo o lado. Nas rádios, com o Zeca, o Adriano e o Mário Mata; nas viaturas com bandeiras da CGTP, a apelar às manifs; nos cravos que “democraticamente” impingem aos meninos dos infantários. Discursos sobre o que falta cumprir, do de Abril. A democracia está doente, dizem uns. Os do costume. Aqueles que só aparecem nesta semana do ano. Felizmente – digo eu – porque não há nariz para o forte odor a naftalina das “fardas”. Criminosos em lugar de honra nas galerias de S. Bento. Ano após ano.

Já não há paciência. Nunca mais é 2 de Maio.

Uma desilusão

Esta semana nem me apetece falar de futebol. Cinco secos é muita coisa. Ainda por cima fui com o meu filho, de quatro anos. Péssima imagem que os nossos jogadores deixaram ao miúdo. Ainda bem que lhe levei uma Playstation, que o entreteve em parte do segundo tempo, se não, coitada da criança…

Que pena tive eu de não ter a idade dele e poder abstrair-me do jogo com tanta facilidade. Tinha-me custado bem menos.

Mas, doente e crente crónico, lá vou ter ir ao Restelo.

Mesmo com as arbitragens habilidosas condicionadas pelo choradinho dos dois da segunda circular, que não desculpam a falta de a atitude da equipa contra o Porto deixou muito a desejar.

Mas eu ainda acredito. Este tem de ser o nosso ano.

Com menos palavreado e mais concentração, acho que vamos lá.

Menos subserviência, menos “camaradagem com o inimigo” e mais garra.

Menos explicações a quem não as merece – e falo claramente de quem nas entrelinhas deixou a entender que este resultado estaria praticamente combinado.

Ainda podemos ir lá. As estrelinhas chamam por nós e nem todos os Lucílios são pardos. Vamos acreditar.

Um caso de sucesso

Como já aqui referi há uns tempos, ainda que a princípio bastante cepticamente, decidi começar a comer, de vez em quando, comida vegetariana, experiência, diga-se em abono da verdade e com sotaque vimaranense, em que não “botava” grande fé.

Inicialmente não augurava grande sucesso a essa “moda”, pelo menos em Guimarães, que tinha como sociedade extremamente avessa às novidades gastronómicas – vide algo mais que cabrito assado, rojões ou arroz de cabidela.

Não podia estar mais enganado. Quanto À comida e à reacção dos vimaranenses. Hoje são já mais de três os restaurantes, do centro, que se dedicam à vertente vegetariana da gastronomia.

E há um deles que aprecio particularmente, que é o “cor de Tangerina”. Fica ali mesmo em frente ao Paço dos Duques e à estátua do nosso primeiro Rei e é gerido por uma cooperativa.

Primam pela simpatia e conseguem fazer algo de verdadeiramente impressionante. Conseguem por um vimaranense adepto da “sua” comida vegetariana. É de tal maneira bem preparada que, perdoem-me o disparate, nem parece vegetariana.

E tem o benefício de, não ser de difícil digestão, como muitos dos nossos tradicionais pratos.

Se inicialmente poucas eram as vezes em que estavam mais de duas ou três mesas ocupadas às horas de refeição, felizmente – porque fico feliz com o sucesso de quem inova – ultimamente tem sido bem mais frequente.

25 de Abril de 2008

Campeões, campeões, nós somos campeões

Finalmente! Finalmente consegui cantar esta música. Estava a ver que estava fadado a não poder festejar qualquer título. Tecnicamente e em bom rigor, até não festejei. Estava fora do país e os meus festejos limitaram-se a uma comemoração em família, após receber uma mensagem escrita. Antes assim. Nem me importo de tecnicamente não ter festejado. Não sou egoísta.

Já estava era farto do quase.

Como português, é o que se sabe… resta-nos um festejo, quando o rei faz anos, em atletismo e o quase festejo em futebol. Ou então os recordes do Guiness, esse fetiche nacional, onde podemos ser os maiores, do mundo, da Europa ou, em desespero de causa, da Península, nas mais disparatadas coisas.

Como vitoriano, também nunca tinha festejado título nenhum – à excepção do que os homens do basquetebol, no ano passado, conquistaram, ganhando o seu campeonato e ao título nacional de juniores, em futebol. Até este ano.

Em voleibol, finalmente conseguimos passar do quase. Deve ter sido da raiva com que os nossos atletas ficaram dos espinhenses que, no nosso pavilhão, em nossa casa, cheios de si, gritavam tri-campeões!

Correu-lhes mal. Os nossos atletas foram buscar forças sabe Deus onde e fizeram uma partida de luxo, ao nível das outras vitórias fora – em Espinho e na Luz. (Pelo que me disseram, já que televisão portuguesa em hotéis de Paris, quase que há).

E conseguiram-no quando já poucos acreditavam, diga-se em abono da verdade. E eu era um dos que já me tinha praticamente resignado.

O facto é que este parece definitivamente ser o nosso ano. Em basquetebol, foi o que se viu: uma limpeza na final da Taça de Portugal – contra Porto e Ovarense – e tudo em aberto para o título da PROLIGA. Em voleibol o “caneco” que se nos escapava, sempre contra os suspeitos do costume.

E agora, para compor o ramalhete, só faltam mesmo as estrelinhas no centro do D. Afonso Henriques. E já agora, se não for abuso, aquela musiquinha da Liga dos Campeões. Ai, como é bom sonhar. E saber que o sonho está ao nosso alcance. Só dependemos de nós.

Depois do martírio que foi a época passada – não me consigo esquecer que jogámos no Olivais e Moscavide e que tive de acordar cedinho para não perder a primeira parte dos jogos de domingo de manhã e que perdemos em Vizela e abandonei o campo ao som dos olés vizelenses – este ano era mais que merecido. Esta massa associativa fantástica já merecia.

O que já foi feito em tão pouco tempo merece destaque.

Nem o vitoriano mais optimista acreditaria se alguém lhe dissesse que a esta altura, depois do inferno que foi o ano passado, estaríamos isolados na luta pelo segundo lugar do campeonato que será, SÓ, a nossa melhor classificação de sempre.

Parabéns aos nossos campeões. Parabéns Vitória!

Algumas notas sobre Paris

Como é que uma cidade tão dependente do turismo consegue ter gente tão antipática a atender?

É incrível a arrogância natural desta gente. A predisposição que têm para ser rudes e brutos é impressionante. Deve estar nos genes. Mesmo a tentar ser simpático o francês não o consegue ser. E contamina rapidamente até os naturais de outros países que fazem vida profissional em Paris. Rapidamente ficam com postura de parisienses.

Mereciam mesmo ser tratados de igual forma quando fossem a Portugal. Sem que se fizesse o mínimo esforço para perceber algo que não fosse o nosso idioma.

É isso que me irrita quando oiço críticas a Portugal. Em atendimento e simpatia estamos a anos-luz dos nossos mais próximos vizinhos da velha Europa. De castigo, os críticos deviam ser obrigados a estar num espaço espanhol em que fosse proibido fumar – e aí viam como só nós é que temos a mania de ser cumpridores – atendidos por um “simpático” garçon francês, obrigados a falar inglês com um alemão, numa mesa com três italianos a falar (?) de futebol. E já agora a pagar a conta como se estivessem em Londres.

Mas continuando em Paris, isto está de tal forma que até os tradicionalmente simpáticos personagens da Disney, quando “operados” por um francês, nem as crianças conseguem enganar. Petizes a perguntar porque não podem abraçar os bonecos são mais que muitos. Rigidez inflexível quando toca a terminar sessões de autógrafos e fotográficas, mesmo que tal implique deixar crianças a chorar. Em suma, um espectáculo.

O velho “Walt” deve dar voltas…

18 de Abril de 2008

Estamos a incomodar muita gente

Quando alguém se imiscui a sério – não como os nossos vizinhos de Além Morreira que pensavam que para isso bastava o novo rico acto de ter uma equipa cara e cheia de nomes sonantes – no meio daqueles que a imprensa faz de grandes, o sistema imunitário reage imediatamente.

Aquilo a que até achavam alguma piada, no início e meio da época éramos giros porque tínhamos vindo da segunda liga e éramos a equipa sensação da prova, quando se verificou ser uma certeza, mexeu com o establishment e esta semana começamos a ver do que são capazes os tarefeiros que são a nossa imprensa desportiva.

Já estamos mais que habituados a ver o nosso quadradinho microscópico na primeira página, referente ao “insignificante” feito de só dependermos de nós para atingirmos a Liga dos Campeões, relegado para segundo plano, em favor do (mais um) aniversário do futuro director desportivo dos benfiquistas, a (habitual) dor no dedo mindinho do Simãozinho ou até a ida (transcendente) de Luís Filipe Vieira ao balneário após a derrota com a Académica.

O que era desnecessário era a torpe tentativa de desestabilização de um dos mais promissores jogadores a actuar em Portugal, Pedro Geromel.

Porque carga de água havia ele de querer fazer o downgrade de ir para o Benfica? Quando ainda está na pole para a Liga dos Campeões, porque quereria ir para um clube que, quando muito lutará pela Taça de Portugal?

Ninguém acredita que a notícia, com um timing destes não foi encomendada. E de inocente nada tem. E tem como objectivo último por o nosso central a pensar no Benfica. Mas o Geromel não quer pesadelos e vai cortar esta jogada com a elegância que é seu apanágio e para o ano passear classe nos grandes palcos do futebol do Velho Continente.

Vem apenas demonstrar, mais uma vez, que a nossa imprensa desportiva é uma vergonha e está ao serviço das forças do regime estabelecido.

A imprensa ao serviço dos do costume

Já por diversas vezes abordei aqui na Coluna a verdadeira dialéctica que rege o nosso futebol. E chamo-lhe dialéctica para não lhe chamar pescadinha de rabo na boca, que faz dos beneficiados do costume mais propensos a crescer.

Está instituída em Portugal uma ditadura. A ditadura dos 3 – que a imprensa faz – grandes. Num mundo em que cada vez mais as principais receitas dos clubes advêm indirectamente da mediatização – que afinal de contas, faz com que os clubes de futebol sejam veículos publicitários, os jornais noticiam os do costume porque – dizem – é o que vende. E os do costume vendem cada vez mais porque são noticiados, cada vez mais também.

Com isso vão-se criando condicionantes que tornam dificílima a vida dos outsiders. Neste momento, nós que éramos giros, somos os que são levados ao colo pelos árbitros. É dito isso à boca cheia em programas de televisão onde, claro, não temos direito a representação. Acusação sem direito ao contraditório.

E todos sabemos bem que uma mentira muitas vezes repetida se torna, à luz da opinião pública, uma verdade. E um brilhante campeonato, temo bem, será reduzido à ideia de que estamos em segundo, não por mérito próprio, mas porque o irmão do presidente teve um cargo qualquer no futebol.

E isto dito pelo palerma que disse um dia ser mais importante ter elementos na direcção da Liga do que bons jogadores. E repetido pelos seus paineleiros de serviço.

Pobre Boavista

A ser verdade o que hoje o Jornal de Notícias levou à estampa, o Boavista tem os dias contados.

A fazer fé de que a sua sobrevivência depende do investimento de um perfeito desconhecido que tem uma perfeitamente desconhecida empresa, mas que afinal não é tão desconhecido quanto isso – pelo menos dos tribunais - pois já tinha tido problemas com cheques carecas em Viana e tem dívidas de cerca de 30 mil euros na Maia, àqueles que já foram nossos rivais, não lhes auguro grande futuro…

Por falar em rivais

Aqueles que gostavam de o ser, já estão mais perto daquele que é o seu lugar de pleno direito: as divisões secundárias do nosso futebol, habitat natural dos leixonenses.

Que vão e fiquem lá outros tantos anos, que a mim, não em deixam saudades nenhumas.

Do Braga não vou falar… não é bonito rir da desgraça alheia.

11 de Abril de 2008

Houve TAÇA!

Confesso que percebo muito pouco de basquetebol. O reduzidíssimo conhecimento que tenho vem de uma altura em que, com falta de sono, me via a assistir a transmissões da NBA, nos pré-históricos tempos em que jogavam, entre outros, se a memória não me atraiçoa e mesmo correndo o risco de ser extremamente impreciso, Michael Jordan, Kareem Abdul-Jabar e Larry Bird.

Desde aí, para além de um pedaço ou outro de jogos da NBA, em regime de zapping, a única vez que dava por mim a ver este desporto na televisão era quando davam jogos dos EUA contra outro qualquer, invariavelmente puxando pelo outro qualquer. Por nada de especial e sem motivo aparente, tenho tendência a ser pelos teoricamente menos favoritos. Achava um piadão se uns “quaisquer europeus” conseguissem tirar aquela arrogância de quem achava que já entrava em campo campeão.

Se isso acontecia com outros quaisquer, sendo com o Vitória, rejubilei. No passado fim-de-semana, dei por mim colado à televisão a ver os nossos bravos em Elvas. Acho que gritei golo umas quantas vezes.

E então naquela final, parecia um fervoroso adepto da modalidade, tais eram os saltos que dava.

Ovarense e Porto estavam para nós como os americanos para o resto do mundo. Arrogantes, pedantes e já se julgavam vencedores antes do jogo. Pois. Correu-lhes mal!

O caneco é nosso! E ao ver a recepção que os heróis de Elvas tiveram de madrugada, fiquei emocionado. E senti-me em falta para com estes atletas que tão dignamente honraram a camisola de Afonso.

Por muito pouco que goste de basquetebol, o amor ao Vitória já me devia ter lá levado.

Parabéns Campeões!

Eu é que não sou parvo!

Já por diversas vezes aqui escrevi sobre este cromo. Esta figura, a mim, causa-me repulsa. É o típico tuga pato-bravo que abomino. O indiscutivelmente burro com a mania que é fino. Boçal, mal-educado e bronco. Benfiquista.

Após as últimas declarações, num blog vimaranense – D. Afonso Henriques (http://d-afonsohenriques.blogspot.com) - exclusivamente dedicado ao Vitória vem um post de um blogger com o pseudónimo de Gregório Freixo – uma das características do blogue e os seus membros usarem como pseudónimo o nome de velhas glórias do nosso clube - que resume no seu título (que ele pediu emprestado a uma empresa de electrodomésticos e eu a ele) aquilo que tantos pensam sobre esta aparvalhada personagem e que eu não conseguiria dizer de forma tão suave, tal é o nojo:

Sugiro que consultem esse blog e para despertar a curiosidade, vou deixar aqui algumas citações do texto com o título em epígrafe:

O senhor Vieira tem hoje vários problemas para resolver, sendo o principal deles a prestação do Benfica no campeonato e o facto de, a cinco jornadas do fim, se encontrar empatado com uma equipa que tem um orçamento incomparavelmente inferior ao dele e que ainda assim não desiste
da conquista do 2º lugar, que diga-se, não é nenhum direito natural nem do Benfica nem de nenhum outro clube.

O senhor Vieira deu este ano uma verdadeira lição de como não gerir um clube de futebol. Na pré-época, um desnorte total: saída do director desportivo sem que ninguém capaz lhe tomasse o lugar; saída de jogadores fulcrais na preparação da temporada; contratação de jogadores de qualidade mais do que duvidosa e um desbaratar de dinheiro como há muito não se via. Depois, a coisa piorou: despedimento do treinador ao fim de uma (!) jornada; contratação de um treinador desmotivado que veio encontrar uma equipa que não escolheu; eliminação das competições europeias; nova saída de treinador, enfim... um chorrilho de asneiras que tem um só rosto: o do senhor Vieira.

Para fazer face a isto, o senhor Vieira tem usado de um arma para com os seus associados a qual se tem revelado, aparentemente eficaz. Se as coisas correm mal, diz qualquer coisa sobre Pinto da Costa; se perde um jogo em casa, fala do apito dourado; quando a equipa não joga nenhum, fala em forças ocultas. Pelos vistos, este discurso passa-culpas tem resultado e provavelmente os benfiquistas eram meninos para dar mais uma estrondosa vitória ao senhor Vieira em eleições que agora se realizassem.

Ora, é preciso que esse senhor entenda uma coisa: o resto do país não é burro e percebe bem esses truques de chico-esperto. O último deles ocorreu no último jogo do Benfica com o Boavista. Desta vez veio o dito cujo falar em chamar a Polícia Judiciária (!) e em resultados viciados à partida.
Já vi o resumo do jogo várias vezes e digo só isto: em todos os lances ditos polémicos, o árbitro, em minha opinião, ajuizou bem. Mesmo no tal lance com Leo me pareceu que o jogador do Boavista chega primeiro à bola e nada mais.

Por isso, por muito que custe ao senhor Vieira ele não ganhou o último jogo porque simplesmente os seus jogadores não conseguiram meter a bola lá dentro. Ponto final. Agora, tomar-nos por papalvos, peço desculpa, mas o resto do país não é o Benfica.

Só espero é uma coisa: que este teatro imbecil não desvirtue o que resta de campeonato.”

Mata Real

Uma última palavra para as condições do campo da Mata Real, onde caí na asneira de voltar…

Inacreditável e inaceitável, nos dias que correm, permitir jogos de uma Liga Profissional num campo daqueles. Se não têm outro – quem dá o que tem a mais não é obrigado – que peçam uma casa emprestada.

E que ver futebol assim a 5€ era caro. Não se admite. Ainda por cima é raro os jogos correrem-nos de feição…

28 de Março de 2008

O Oásis

Hoje estou feliz. Estou mesmo animado.

Ouvi o primeiro-ministro a dizer-nos que afinal está tudo bem e fiquei muito mais descansado. O défice já lá vai. Parece que de repente voltamos ao oásis…

Está tudo bem. Só que ninguém vê. Mas está tudo no bom caminho. As reformas estruturais foram cabalmente postas em prática e já se nota. O desânimo está instalado. Vários amigos meus, da minha idade, de tão bem que isto está, ponderam inclusive emigrar, de tão fartos que estão de não conseguirem sequer vislumbrar a luz ao fundo do túnel.

Mas isso, para o eng.(?) Sócrates devem ser bocas da reacção. Calúnias levantadas por essa gente sem-vergonha da imprensa. Por cá está tudo uma maravilha.

Os empresários retraem-se e os por conta de outrem ressentem-se dessa retracção. O clima de ditadura fiscal alastra. Paga-se cada vez mais impostos e cada vez se vê que eles são mais mal (ou será pior) geridos. Agora até se chega ao ridículo de querer arregimentar fiscais voluntariamente obrigados a sê-lo, obrigando os noivos a – sem qualquer benefício por fazê-lo – servirem de informadores, apresentando uma lista das despesas com o casamento.

O nível de vida da classe média (será que ainda a há de facto?) cada vez é mais baixo e cada vez mais há gente no limiar da pobreza em Portugal. Sente-se que se realmente houve alguma melhoria das contas públicas, tal se ficou apenas a dever ao facto de os portugueses cada vez mais pagarem mais impostos, já que da parte do Estado, nada mais se vê que despesismo no gasto fácil – por parte de outros – daquilo que nos é tão difícil ganhar.

A vida está dificílima para todos, mas por S. Bento, parece que não. Por lá está tudo bem…

Por cá, vamo-nos vendo num buraco cada vez mais fundo, pobretes mas alegretes.

Over and out

Dá-me uma certa vontade de rir ver os condutores portugueses ao volante, fazendo uso do telemóvel do modo mais estranho que se pode imaginar. Já repararam que, num gesto que supostamente serve para iludir a polícia, no caso de serem apanhados a falar ao telemóvel enquanto conduzem, agarram no aparelho qual walkie-talkie, seguram-no ligeiramente abaixo do queixo e tentam agir com naturalidade…

O pior é que, de tanto tentar fazer de conta que não estão a fazer o que estão mesmo a fazer, fazem pior do que se não o tivessem feito.

Agora o que mais dá ao volante em Portugal, mais que domingueiros, são macanudos.

Polícia no combate ao crime?

Deve ser difícil. À quantidade de agentes que estão destacados para a caça à multa, deve ser difícil tê-los a patrulhar as ruas.

Estacionamentos em zonas proibidas e infracções de trânsito, isso são crimes de lesa Pátria e devem ser punidos célere e exemplarmente.

Fazer Guimarães - Porto pela auto-estrada sem apanhar pelo menos um radar da BT, deve ser missão impossível.

Os condutores em Portugal continuam a ser encarados como a resolução de todos os problemas. Imposto sobre os combustíveis, Imposto Automóvel, IVA sobre o imposto automóvel, multas, taxas, ecotaxas… Tudo é um bom pretexto para apertar ainda mais o cinto já de si apertado do automobilista português.

Deve ser uma questão de prioridades…

21 de Março de 2008

Sentimento duplo

Enquanto no futebol, após a vitória em Leiria, o sonho da Liga dos Campeões vai ganhando cada vez mais uma forma real, o voleibol do Vitória dá mostras de uma regularidade assustadora. Voltamos a perder mais uma final, contra os do costume.

Eu nem sou grande apreciador da modalidade, mas uma vez que assisti à génese da mesma no Vitória e porque jogam de Afonso ao peito, até vou, de quando em vez, ao pavilhão.

E acho que um dos segredos do sucesso da modalidade em Guimarães é a empatia com o público, que permite ambientes verdadeiramente espectaculares. Por isso acho que não percebi bem as declarações do treinador no fim do jogo da Régua.

Desta vez a culpa foi da moldura humana, disse ele. Pois. Está bem… Não fosse esta uma coluna publicada num jornal de respeito e até apetecia dizer que sim, se não é do fundo das costas, é das calças…

É que se ao menos assumisse que o Espinho foi melhor e que jogaram melhor que nós, ninguém exigia que assumisse como seu o falhanço na conquista de uma taça.

Escudar-se num argumento tão fraco quanto esse é que começa a soar a desculpa esfarrapada. E o povo não é burro…

Que se redima no campeonato, é o que todos esperamos.

O sexo dos anjos

Acho que já ia sendo altura de o sistema político mudar em Portugal, dando pelo menos a sensação de que já tem uma maturidade, no mínimo, como reza a promoção da óptica, igual à idade.

Já começa a enervar as tão eternas quanto estéreis discussões em torno da quantidade de militantes (?) arregimentados para adornarem um comício. Parece aquele insuportável esgrimir de argumentos, que ocorre aquando de cada manifestação organizada pela CGTP, entre a central sindical e o governo no que concerne ao número de manifestantes.

E atenção que contra mim falo, pois também já por lá andei, a fazer figura de tolinho militante (ou terá sido de militante tolinho?), de maço para cabaço, integrando numerosas caravanas que se deslocavam país afora, apenas para que quando houvesse o directo ou a fotografia de família, o cenário não fosse desolador. Toda a gente sabe que não é com os locais que se enchem comícios. É claro que chegar ao cúmulo de levar velhinhos “ao engano” para comemorar uma vitória numa autarquia a centenas de quilómetros da sua, não é para amadores, é para profissionais da coisa – e por coisa entenda-se falta de vergonha.

O que é normal é os militantes circularem pelo país, seja em viaturas próprias ou autocarros fretados por alguém do partido, estando presentes nos comícios de concelhias e distritais que nem são as suas. E apenas e só para que o recinto não apareça vazio.

E é este sistema que atenta contra a inteligência dos eleitores que é necessário combater. É que é neste clientelismo do aparelho que se vão formando os dirigentes dos partidos, aos quais está reservado o acesso ao poder. E é nesta política do faz-de-conta em que é preciso apresentar um aparelho robusto e “dinâmica de vitória” para inglês ver e entreter o Zé-povinho que se vão criando os homens do aparelho. Os tais que arranjam quem pague as camionetas e as encham de indígenas importados.

Desta vez o sexo dos anjos é o número de participantes no comício do PS – que Marcelo Rebelo de Sousa “cascaismente” apelidou de pindérico – no Pavilhão do Académico, no Porto.

Se fosse uma manif, a CGTP (que por acaso é governo) fala em seis mil, Marcelo, (neste caso central sindical) diz que para caberem seis mil ali só se fosse às cavalitas uns dos outros.

E é destes assuntos deveras importantes que se vai fazendo a actualidade política portuguesa. O que é que interessa se estavam dois, três, quatro ou quinze mil? Alguém acredita que os participantes num comício dependem, ou podem servir de barómetro, da actuação do governo que emanou de um partido, do qual os participantes até são militantes? Não há paciência para este show-off que não dá mostras de terminar. Seja por parte de que partido for. Neste particular, são todos iguais.

E ainda se perguntam porque é que a taxa de abstenção continua a subir…

14 de Março de 2008

Dr. Jekyll e Mr. Hyde

Esta semana já tinha planeado escrever sobre a ASAE.

Depois de, no fim-de-semana passado, na revista Sábado, ter lido uma reportagem sobre a actuação da ASAE em restaurantes, bares e discotecas, que tinha tido o condão de me impressionar pelos realistas relatos dos nojentos cenários, atestados por fotografias que os ilustravam, comecei a olhar com outros olhos e estava até disposto a achar que, se calhar, não eram assim tão maus tipos.

Afinal de contas, quem livra os consumidores de padarias que fazem pão com água de uma fossa e impede quem não lava os copos à máquina de servir bebidas numa discoteca em pleno Verão, havia de merecer o benefício da dúvida.

Tivessem eles bom-senso, pensava eu, e seriam muito úteis.

Estava até disposto a relevar que a um familiar meu tinham ordenado que fechasse de imediato o restaurante – localizado num dos pontos mais turísticos do país – numa sexta-feira à tarde, porque havia uns talheres caídos atrás do fogão e que depois, para pedir nova inspecção, obrigatória para a reabertura, a celeridade de super polícia houvesse sido substituída pela estonteante lentidão característica de quem dactilografa denúncias em máquinas HCESAR e folga todo o fim-de-semana, deixando o telefone a cargo do segurança.

Quase que começava a pensar que havia algo humano naqueles seres que volta e meia apareciam a fechar lojas típicas e a proibir feiras e mostras regionais.

Até que hoje soube que era um crime, sujeito ao pagamento de uma multa de 2500 euros, a etiqueta de preço do artigo da montra não estar bem visível, “ permitindo, sem que o consumidor tenha de fazer qualquer gesto ou esforço, ver o preço do exterior da loja” (sic).

Lá se vai a teoria que abonava em favor da razoabilidade na aplicação da lei. Estes são bem piores que os eurocratas que, em havendo pouco que fazer, o vão inventando, parecendo por vezes uma triste competição pelo troféu de maior disparate.

Esses têm ainda a desculpa – devido ao desfasamento do mundo real que as faustosas mordomias que advêm do cargo lhes proporcionam – de não saberem as dificuldades por que o seu (?) povo passa.

Não passam de uns caçadores de multas escudados numa cega máxima, fraca defesa a dos pobres de espírito que dizem, não sou eu que faço as leis, só as executo.

E é verdade. Discricionariamente. E sem o bom senso exigido. À Sócrates.

O sonho comanda a vida

Afinal podemos começar a sonhar. Depois de, no passado Domingo, termos vulgarizado um dos chamados grandes, já podemos acreditar. Que grande é este que traz menos gente a Guimarães que o Braga ou o Leixões? Diz-se que o Sporting tem uns milhões de adeptos. Pois sim… Só eles sabem, porque ficaram em casa.

O Sporting teve muita sorte em não ter saído de Guimarães com uma goleada das antigas. Neste momento dependemos apenas de nós para assegurar um lugar na Liga dos Campeões.

E com o futebol apresentado neste jogo, só temos mesmo é de estar confiantes. Com humildade e coesão conseguiremos atingir esse feito histórico.

Para já vamos sonhando. Como dizia o meu irmão, no fim do jogo, já só vejo as estrelinhas no meio do Afonso Henriques…

07 de Março de 2008

De Braga…

Faz hoje, sexta-feira, oito dias, realizou-se na pedreira de Braga, o derby Braga – Vitória. O trabalhador Vitória frente ao novo-rico Braga.

Dizia-se, há não muito tempo atrás, que era excelente jogarmos com o Braga. Para além de excelentes deslocações e demonstrações de amor clubístico, os milhares de vitorianos que a Braga se deslocavam, quando passavam na Morreira, no regresso, já traziam mais três pontinhos, o que somado com os três da praxe de Guimarães, fazia a redonda soma de meia dúzia.

Os tempos agora são outros. Já nem se passa bem na Morreira, e até o Braga chega a acreditar em bons resultados contra nós. E os pontos não foram seis. Nesta época, a de maior investimento de sempre por terras bracarenses, perdemos dois.

A rever quando estabilizarmos. A tradição convém que volte a ser o que era…

Vitória – Sporting

No meu texto de há um ano atrás, falava sobre a fase final da campanha eleitoral para os órgãos sociais do Vitória.

Estávamos desportivamente a começar a sair do período mais negro de que há memória do nosso clube, chegando mesmo a ver mais próxima a relegação à segunda divisão do que o regresso à Liga que era a nossa. Mas como canta Palma, o que lá vai já deu o que tinha a dar…

Felizmente esses tempos já lá vão e como diz Cajuda, se ganharmos ao Sporting, poderemos sonhar com a Liga dos Campeões.

Sonhar é mesmo o termo. Imaginar o hino da Champions a tocar nas nossas colunas é coisa para causar uns choros em homens de barba rija.

Nem me vou alongar mais neste assunto, apenas dizer que acredito no milagre. Está ao nosso alcance e só dependemos de nós. Ou não. Pois… Também dependemos de Lucílios e outros que tais.

De sonho a pesadelo, numa variação mais rápida que a nossa ascensão da segunda às portas da Champions. Aquele roubo do Bessa não me sai da cabeça.

Mas vamos acreditar que, até hoje, Lucílio tem estado nuns anos maus e que nesse jogo será diferente. A esperança é a última a morrer.

Nova (?) economia

Tanto alarido em torno da nova economia e afinal de contas os sinais animadores até vêm das indústrias tradicionais.

Em Milão, na principal feira mundial do sector, oitenta expositores portugueses fazem o que podem para equilibrar a balança comercial.

Com ou sem ministros que iam comprar sapatos italianos, independentemente do ICEP que é IAPMEI e do director que muda quando muda o ministro.

Assunto que irei abordar em colunas futuras, porque acho de elementar justiça salientar os aventureiros que ainda conseguem ser empresários em Portugal.

Bilhete postal recebido

O meu texto, há umas semanas, sobre a repetição de episódios de violência policial sobre adeptos do Vitória, à partida, chegou ao destinatário pretendido.

No blogue, onde publico os textos, nos últimos tempos tem havido imensos acessos provindos de um tópico no fórum não oficial da PSP.

Há duas hipóteses: ou os agentes que frequentam esse fórum, por coincidência também fazem jogos em Guimarães e colocaram uma ligação para esse texto, no sentido pedagógico e actualmente comentam o mesmo anuindo e concordando com as minhas críticas, fazendo mea culpa e acordando em corrigir a postura ou então convém que eu prepare um orçamento extra para multas.

domingo, março 02, 2008

29 de Fevereiro de 2008

Este homem ainda vai ser primeiro-ministro de Espanha

Eu ainda sou do tempo em que se ia a Espanha comprar caramillos e melocoton. Olhávamos sobranceiramente. Entrávamos em Espanha de peito feito. Éramos, em comparação, o hermano rico. O dos Escudos.

Assisti, eu e toda a minha geração, ao declínio e perda da “vantagem” que tínhamos sobre os chamados nuestros hermanos, com o seu fulgurante crescimento e nosso inversamente proporcional mas não menos fulgurante declínio.

Com entradas simultâneas na União Europeia (então Comunidade Económica Europeia) e iguais oportunidades de fundos e outros apoios e aberturas distribuídos equitativamente, nós – geridos como se tem visto – conseguimos o que está à vista e se vê – e vislumbra-se que se continue a ver – a olho nu.

Nós por cá investimos, mas no parque automóvel, ao que o estado agradeceu, com sucessivos aumentos do Imposto Automóvel, Imposto sobre o Valor Acrescentado sobre o valor do carro com o IA, imposto sobre os combustíveis e quem sabe não estaremos perto de começarmos a levar com o imposto sobre os pinheirinhos de cheiro…

E nós, pessoal mínimo – ou não – por cá achamos, a começar pelo nosso chefe máximo, que devemos mudar a frota de aviões ao serviço dos governantes. Sim… Isso é que importa. Recambiem-se os Falcon que nós, nisso, temos de ser mais europeus modernos que os próprios, sejam eles quem forem. Nós precisamos mesmo é de jactos privados. Isso funcionará quase como umas solas de plataforma nos sapatos do António Vitorino ou do Marques Mendes…

Nisso temos de ser, no mínimo, como os nossos vizinhos. No resto, para os vizinhos mais próximos, perdemos de goleada. Levamos um festival de bola quase tão grande como o que o Vitória levou em Sevilha ou a selecção nacional em Guimarães.

Resta-nos como consolo, o esgrimir de bacocos e vazios argumentos, pequenas coisinhas e palermices avulso que nos vão fazendo esquecer da triste realidade em que nos mergulharam e da qual não conseguimos fugir. E então, lá vamos dizendo alguns disparates como “Pois, eles cresceram muito, mas já viste a quantidade de carros amarelos que há lá?” Ou então “Os portugueses vão trabalhar nas obras em Espanha, mas também é cada prédio feio que por lá fazem e os rés-do-chão dos prédios na Galiza até nem são acabados”.

Vamo-nos tentando enganar, pobretes mas alegretes, com as minudências de mau gosto do vizinho, como se assim, como por milagre, melhorasse o nosso.

E vamo-nos iludindo, divertidos, brincando com o que pouco conta.

E porque não sou mais que os outros, esta semana também vou embarcar na palermice generalizada e lançar uma atoarda boçal. É que custa perder, nem que seja por meio a zero, com alguém que, no século XXI constrói semelhante mamarracho. (foto)


Mas depois vem-me à memória a reportagem do jornal Público. A tal dos atentados assinados pelo nosso primeiro – o tal dos monólogos, em jeito de Conversas em Família – à SIC Notícias.

E calo-me. Tenho de me calar. Até nisso. E nada mais me resta do que resignar-me. Mas antes de me calar, ao menos posso dizer que me parece que o engenheiro que assinou este projecto, em Tui, ainda vai ser primeiro-ministro, mas de Espanha. Tenho dito!

sábado, fevereiro 23, 2008

22 de Fevereiro de 2008

O bobo da corte da corte do bobo

Mais uma vez dei por mim a pensar que se devia, de uma vez por todas, fazer algo em relação à Madeira. Já não é a primeira vez que tal me ocorre, é até recorrente este pensamento, tendo inclusive periodicidade mínima garantida. Mas quando penso em fazer, penso em fazer algo em grande. É que já começa a saturar aquela república das bananas. Acho que é altura de se promover a independência da Ilha da Madeira.

Há determinadas alturas do ano em que esta ideia volta a atormentar-me, nomeadamente sempre que vejo Alberto João Jardim no Chão da Lagoa, sempre que vejo Alberto João Jardim no Carnaval ou sempre que vejo uma entrevista de Alberto João Jardim depois de almoço.

Não deixa de ser verdade que, muitas vezes, logo a seguir reflicto e acho que estou a ser injusto e que se calhar a maioria dos madeirenses até nem mereceria tal coisa, mas essa mesma maioria teima em contrariar-me, pelo menos sempre que reelege tão apalhaçada figura para liderar o governo regional.

E depois, ele é com cada figura que de lá brota, que até me custa compartilhar a nacionalidade. Falo especificamente de Rui Alves, o presidente do Nacional (?) da Madeira, homem asqueroso, de aspecto repelente e que quando se desloca leva consigo um nevoeiro tão denso quanto o que obrigou ao adiamento do jogo do Vitória. E é nele que concentro a minha revolta porque aquele trolha de leste que andou pelos campos portugueses e madeirenses a distribuir cacetada enquanto jogador, e que mais não é do que o guarda-costas do tal Rui Alves, não me merece mais que uma chamada de atenção, de tão ridículo que ele se manteve. Vamos convir que quem acredita que convence alguém com a fábula do Cajuda virar-se a uma besta de mais de um metro e noventa e com metade da sua idade, dizendo-lhe que lhe vai partir a cara, não passa de um animal, que julga os demais com a sua dimensão intelectual.

E Rui Alves é outro, porque ao invés de se dar ao respeito, impondo-o e assumindo-se como homem, que era o mínimo exigível a quem desempenha o cargo que ele desempenha, não o fez. Corroborou a versão do seu capacho e ainda lhe deu razão.

Mal vai o futebol português enquanto gente desta laia por cá pulular.

E mal vai a política portuguesa com gente que tem reacções como a indescritível reacção de Alberto João Jardim, versão após o almoço com disfarce permanente de palhaço, que mais não demonstra que a infinda falta de nível do ilhéu-mor.

E mal vai a nossa polícia – a mesma de que falei aqui há atrasado nesta coluna – quando já não fica satisfeita só com a agressão gratuita a adeptos e decide também agredir atletas e com uma falta de vergonha tão grande quanto a de Rui Alves, nega o que foi presenciado por atletas e dirigentes do nosso clube.

Espero – sentado, porque de pé cansa – pela justiça.

E não é que é mesmo verdade

Um dos blogues que costumo ler é o Mal Maior. Gosto do estilo da escrita do autor e acho algumas das suas observações bastante perspicazes, ainda que muitas vezes divirja das suas opiniões.

No entanto, esta semana está lá uma observação, sob forma de uma citação de um anónimo, que eu achei deliciosa, relativa ao quarto poder.

"Se reparares, desde que Correia de Campos foi demitido, nunca mais houve partos nas ambulâncias nem morreu ninguém nos corredores das urgências..."

Foi remédio santo…

Vícios irritantes

Para mim, informação televisiva tem-se vindo a resumir ao jornal da noite da Sic Notícias, apresentado pelo Pedro Mourinho. Confesso que é um “telejornal” que me agrada ver, sintético q.b. sem no entanto ser redutor, funcionando como um excelente resumo do que se passou durante o dia anterior – sim, porque passa depois da meia-noite – a uma hora em que estou com mais tempo para ver televisão do que à hora do jantar.

Uma das partes de que mais gostava era a revista de imprensa. Digo gostava, não porque a rubrica tenha acabado, mas porque agora o pivot achou piada a faze-la de marcador fluorescente em riste a contornar as notícias que vai destacando.

Quem se iria lembrar de semelhante coisa? Já não bastavam os rodapés coloridos, as informações horárias e do tempo em cantos diversos, mais os títulos e subtítulos relativos a cada notícia, ainda achavam que faltava cor às notícias e, pronto, lá vai disto, hoje a cor-de-rosa fuschia, amanhã a amarelo limão…

Não há paciência. O que é feito da sobriedade?

15 de Fevereiro de 2008

Choquezinho tecnológico

Tenho para mim que os delegados sindicais deviam ser obrigados a abdicar de viatura própria em dia de greve dos transportes públicos, viver no interior de Portugal e precisar de ir a uma urgência ou, então, castigo supremo, haviam mesmo era de ter de apanhar um avião em dia de greve de controladores de tráfego aéreo.

Ainda nem estou em mim. Mais uma vez me saiu a fava. Viagem de negócios a França, voo para Orly e regresso de Orly em plena greve. Ninguém merece. Mais de metade dos voos cancelados – como foi o caso do meu voo que foi alvo de uma OPA hostil do que tinha destino a Lisboa. Ainda foram umas boas horas de espera, mas, do mal o menos, os que seguiam para Lisboa tiveram de sair do avião em Pedras Rubras, com bagagem de mão incluída, Tornando insuportavelmente longa uma paragem que podia ser pouco mais que técnica.

Quem já passou mais que cinco horas à espera num aeroporto e sem saber se o avião que nos vai levar de volta vai poder sequer aterrar, sabe do que eu estou a falar. Cada hora passada assim em aeroportos, parece valer por três.

Vale tudo para nos mantermos entretidos, depois das primeiras cinco voltas completas ao piso das partidas do aeroporto e de vermos que no quiosque / livraria do aeroporto, no top 10 dos livros mais vendidos seis são sobre a vida privada de Sarkozy ou então de Cecília, até há pouco sua esposa.

O computador é, normalmente, um bom companheiro. E foi-o. Mas só até acabar a bateria. É que por lá não deve haver um Marrianô Gagô e tomadas nos aeroportos para uso dos passageiros, nem pensar. Parece-me que a França está a precisar dum choquezinho tecnológico…

Quanto mais não fosse porque, já à chegada, aquando da recolha da bagagem de porão, a ironia suprema (ver foto): coabitando com um pós-moderno anúncio de banda larga no percurso entre Paris e Marselha o velhinho monitor do aeroporto de Orly nem uma informação. Nada. Niente. Nothing. Rien. Nem umas simples letrinhas com o número do voo e a proveniência que nos ajudassem a saber em qual tapete deslizariam as nossas valises. Daquelas que se fazem, na pior das hipóteses num powerpoint que hoje se ensina, acho eu, nos infantários. Ou quase.

Deixem-me confidenciar-vos uma coisa. Se por um lado acho uma certa piada a que me aconteçam estas coisas, quanto mais não seja para que as possa partilhar convosco, por outro, juro que gostava de fazer uma viagem simples de avião. Daquelas em que chegava a horas ao aeroporto, despachava as malas, o avião saía e chegava a horas e as malas não se extraviavam. Será pedir muito? Ou será que na realidade eles sabem que eu gosto de vos contar estas estórias e fazem de propósito?

Tiradas avulso

Esta ouvi-a eu, enquanto penava, na sexta-feira passada, na fila para registar o boletim do Euromilhões, aquele concurso que pouca mais probabilidade tem de sair a quem joga, do que a quem não o faz.

Diz o empresário que estava uns lugares à minha frente:

- Se me saísse o Euromilhões dava a minha confecção à funcionária de quem menos gosto, para ela ver o que custa trabalhar…

Ora toma lá que é democrático.

Correio do leitor

Já por várias vezes afirmei que, no que diz respeito a esta Coluna, nada me apraz tanto como saber que sou lido. Assim, registei com agrado a carta do nosso atento e fiel leitor António Carvalho, de Milfontes, um apaixonado por Guimarães e pelas suas coisas, na edição da passada semana, ainda que na mesma o leitor afirmasse discordância de uma opinião minha, presumo eu, quando disse que achava de Cajuda devia ter gerido melhor o silêncio – usando-o q.b. – nomeadamente no que diz respeito à sua preferência quanto a clubes de futebol recair sobre o Benfica, na semana anterior ao jogo contra o próprio.

Já elogiei várias vezes o nosso mister. E fá-lo-ei, espero eu, muitas outras vezes e com redobrado gosto. Mas não me coibirei de criticá-lo quando o achar merecedor de reprovação, até porque não sou muito dado a endeusamentos e nem muitos menos a intocáveis, nem a pedestais messiânicos. Acho que nem ele próprio gostaria de treinar o clube envolto em carneirismo e um séquito de angelicais yes-men a concordar com tudo aquilo que ele ache divertido e engraçado dizer.

Mas pode ter a certeza o caro leitor que, quando exerço o direito à opinião, seja ela favorável ou desfavorável, o faço por vitorianismo. Sempre.

Faço-o porque sinto o Vitória de uma forma, sem conceber costelas ou febras, que até pode ser considerada extrema e até doentia, mas que é a minha. E não o sei fazer de outra forma…

Deixo-lhe um forte abraço e um agradecimento pela preferência na leitura.

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