domingo, março 02, 2008

29 de Fevereiro de 2008

Este homem ainda vai ser primeiro-ministro de Espanha

Eu ainda sou do tempo em que se ia a Espanha comprar caramillos e melocoton. Olhávamos sobranceiramente. Entrávamos em Espanha de peito feito. Éramos, em comparação, o hermano rico. O dos Escudos.

Assisti, eu e toda a minha geração, ao declínio e perda da “vantagem” que tínhamos sobre os chamados nuestros hermanos, com o seu fulgurante crescimento e nosso inversamente proporcional mas não menos fulgurante declínio.

Com entradas simultâneas na União Europeia (então Comunidade Económica Europeia) e iguais oportunidades de fundos e outros apoios e aberturas distribuídos equitativamente, nós – geridos como se tem visto – conseguimos o que está à vista e se vê – e vislumbra-se que se continue a ver – a olho nu.

Nós por cá investimos, mas no parque automóvel, ao que o estado agradeceu, com sucessivos aumentos do Imposto Automóvel, Imposto sobre o Valor Acrescentado sobre o valor do carro com o IA, imposto sobre os combustíveis e quem sabe não estaremos perto de começarmos a levar com o imposto sobre os pinheirinhos de cheiro…

E nós, pessoal mínimo – ou não – por cá achamos, a começar pelo nosso chefe máximo, que devemos mudar a frota de aviões ao serviço dos governantes. Sim… Isso é que importa. Recambiem-se os Falcon que nós, nisso, temos de ser mais europeus modernos que os próprios, sejam eles quem forem. Nós precisamos mesmo é de jactos privados. Isso funcionará quase como umas solas de plataforma nos sapatos do António Vitorino ou do Marques Mendes…

Nisso temos de ser, no mínimo, como os nossos vizinhos. No resto, para os vizinhos mais próximos, perdemos de goleada. Levamos um festival de bola quase tão grande como o que o Vitória levou em Sevilha ou a selecção nacional em Guimarães.

Resta-nos como consolo, o esgrimir de bacocos e vazios argumentos, pequenas coisinhas e palermices avulso que nos vão fazendo esquecer da triste realidade em que nos mergulharam e da qual não conseguimos fugir. E então, lá vamos dizendo alguns disparates como “Pois, eles cresceram muito, mas já viste a quantidade de carros amarelos que há lá?” Ou então “Os portugueses vão trabalhar nas obras em Espanha, mas também é cada prédio feio que por lá fazem e os rés-do-chão dos prédios na Galiza até nem são acabados”.

Vamo-nos tentando enganar, pobretes mas alegretes, com as minudências de mau gosto do vizinho, como se assim, como por milagre, melhorasse o nosso.

E vamo-nos iludindo, divertidos, brincando com o que pouco conta.

E porque não sou mais que os outros, esta semana também vou embarcar na palermice generalizada e lançar uma atoarda boçal. É que custa perder, nem que seja por meio a zero, com alguém que, no século XXI constrói semelhante mamarracho. (foto)


Mas depois vem-me à memória a reportagem do jornal Público. A tal dos atentados assinados pelo nosso primeiro – o tal dos monólogos, em jeito de Conversas em Família – à SIC Notícias.

E calo-me. Tenho de me calar. Até nisso. E nada mais me resta do que resignar-me. Mas antes de me calar, ao menos posso dizer que me parece que o engenheiro que assinou este projecto, em Tui, ainda vai ser primeiro-ministro, mas de Espanha. Tenho dito!

Seguidores

COLUNA COM VISTA SOBRE A CIDADE © 2008 Template by Dicas Blogger.

TOPO