quinta-feira, janeiro 25, 2007

20 de Janeiro de 2007

Desenhos animados com sotaque

Aqueles que têm filhos em idade de ver desenhos animados, sabem daquilo que estou a falar, porque a partir de determinada hora o comando da televisão passa a ser pertença dos rebentos. E aqueles que, como eu, têm TV Cabo Satélite, sabem bem o que é uma ditadura perfeita. Quando muda um canal, mudam todas as televisões da casa. Logo, vemos desenhos animados….
Sempre que ouço o genérico dos desenhos animados do Ruca, não deixo de esboçar um sorriso. Não é todos os dias que se ouve dobragens com sotaque do norte. Ok… não é bem norte, é mais Porto, mesmo. Tudo bem que é um bocadinho “Andrade” demais, mas que é engraçado é. Pelo menos varia. Todos os outros desenhos animados, com vozes em Português, têm como denominador comum o lisboeta sotaque, que até aos lisboetas parece lisboeta demais. Para desenjoar soa muito bem.

Música para os meus nortenhos ouvidos….

'Se conduzir e não for jogador do Benfica, não beba.'.

'Resumo da coisa:'.

Luisão sai para jantar. Bebe uns copos. “Tomou um vinho”. Sai do restaurante e entra no carro. Senta-se ao volante. Operação STOP da PSP em Lisboa manda parar a viatura conduzida pelo sujeito, ao qual é efectuado o teste da alcoolemia, ou seja, soprou – ou mais à nossa moda falando – bufou ao balão, acusando 1,44 gramas por litro de sangue. Coisa pouca, portanto. Só infracção muito grave…

Vai daí, presente ao juiz, é duramente castigado com 40 horas de trabalho comunitário. Pobre do Luisão. Vai ter de trabalhar. Não vai ficar sem carta, não. Vai ter de prestar serviço comunitário. Isto porque, dado ser uma figura pública o internacional brasileiro foi condenado a uma sanção socialmente útil, não ficando inibido de conduzir.

Quando confrontado pela imprensa e instado a tecer comentários sobre este crime, primeiro diz que é um problema particular e que não quer que este episódio manche a grandeza do Benfica.

Depois, diz que errou, mas que não vai deixar de tomar o seu vinho. Não disse foi se ia deixar de conduzir depois de o tomar… Aliás, nem era a ele que lhe competia dizer isso. Em primeira instância, caberia ao juiz dizer-lhe isso mesmo, impondo-lhe uma inibição de conduzir, apreendendo-lhe a carta. Depois de cumprir a pena decretada pelo juiz, aí sim poderia voltar a ser a sua consciência a ditar se podia ou não conduzir depois de não abdicar do seu vinho.
Fernando Santos, na melhor tradição benfiquista, na senda de Manuel Vilarinho, Toni e outros que ais, acha que não devemos estar para aqui com falsos moralismos. Pois… Tem cara disso. Mas afinal de contas que moralismo é esse? O de criticar quem bebe? Não me parece que seja esse.

A pinga, é indiscutível, é muito apreciada em terras lusas.

Moralismo já não tão passível de ser criticado é o não se conduzir depois de beber. Aliás, achava eu, havia penas pesadas para quem fosse apanhado prevaricando. Havia. Mas não para figuras públicas. Só mesmo para ao Zé Povinho…

País engraçado este. O comum cidadão cada vez sente a mão da Lei mais pesada. Este que vos escreve, ainda esta semana a sentiu porque tinha cometido o quase crime caiptal de se ter esquecido de afixar o dístico (selo). O Luisão não. Bebe. Conduz. E compensa….
Como dizia alguém, não neste contexto, mas aqui perfeitamente aplicável: Mais vale ser um bêbedo famoso, que um alcoólico anónimo..

'Não às portagens?'.

Contra mim vou falar, uma vez que uso imensas vezes as scuts que, tudo indica, vão perder esse estatuto e passar a ser auto-estradas com portagem.

As minhas viagens pela A24 e A28 – das quais sou utilizador quase diário – vão passar a ser mais um custo que até agora não tinha de considerar.

Mas depois o meu sangue vimaranense dá por mim a pensar… Porque é que nós havemos de pagar portagem se quisermos chegar rápido a Famalicão, a Barcelos, a Santo Tirso, a Esposende, a Vila do Conde, ao Porto, a Paços de Ferreira ou a Braga e poderão os portuenses ir da sua terra até Estarreja de borla? E os pacenses ao Porto?

O argumento de que temos alternativas à auto-estrada, não cola. Temos, mas é imensamente mais demorado. Tentem ir de Guimarães a Paços de Ferreira pela estrada nacional. Ou vejam quanto se demora até Vila do Conde, via Famalicão. Isso são alternativas? São tão alternativas quanto a EN 109 e a estrada da serra da Agrela…
O que me custa mesmo a perceber é porque é que nós havemos de pagar pelos menos de 20 quilómetros que nos ligam a Braga 1,30 €, quando, na A5 para fazer o mesmo número de quilómetros, entre as portagens de Carcavelos e Lisboa se paga 0,25€.

Já que é assim, digo mais ainda… Sou a favor das portagens. Defendo que se deve pagar em todas as auto-estradas, menos do que o balúrdio que se paga hoje, é certo, mas ainda assim que se pague, para que se possa usufruir de um bom serviço. Mas que se pague por igual. Afinal de contas, não temos outros benefícios por pagarmos aquele que, provavelmente, é o custo mais elevado por quilómetro de auto-estrada em Portugal.

Paguemos é todos por igual. É que assim já parece a história do Luisão. Não há moralidade e só “comem” alguns….

'Eleições no Vitória'.

Sem mais considerações, porque o espaço já escasseia e o tema merece mais do que apenas umas linhas, o tema eleições, fica a promessa, aborda-lo-ei na próxima coluna, condignamente.

Fico-me hoje apenas por um desabafo: Em Junho passado já era tarde de mais.

terça-feira, janeiro 16, 2007

12 de Janeiro de 2007

Queremos mais!!!

Não foi fácil. Já se passaram uns aninhos desde então e como a minha memória já não é o que era, confesso que tive de fazer um exercício de memória para que me recordasse com exactidão. Mas a ocasião pedia-o e assim sendo, aqui vai:

Era eu então um rapazote, que do alto dos meus quase 17 anos e com a confiança dos que querem mudar o mundo aliada à – então recente – vitória nas eleições para a Comissão Política Concelhia de Guimarães da Juventude Centrista, pleno de fervor associativo e hiperactividade de adolescente, me enchi de brios e acedi ao gentil convite da Teresa Ferreira para uma entrevista.

Foi a primeira vez que subi as escadas do número 125 da Rua de Santo António, ao cimo das quais se encontra a redacção do Notícias de Guimarães. O bichinho da comunicação social já me tinha contagiado. Já tinha tido umas experiências na Rádio Fundação e se não me falha a memória por essa altura estava também a colaborar na Rádio Santiago, se não como animador, pelo menos como cronista com as minhas “Pauladas no Charco” integradas no programa que o Carlos Cerca tinha nas madrugadas.

Feito o intróito e voltando ao dia em que fui pela primeira ao NG foi também quando conheci pessoalmente o Sr. Antonino, hoje Comendador. Figura afável, imponente, que a par do já desaparecido Sr. Rodrigues enchia aquele primeiro piso. Disse-me a Teresa Ferreira, meio a brincar, que o fundador deste jornal, senhor já de uma respeitável idade, subia as escadas mais rápido que qualquer outro de metade da idade. Claro que não era um dado científico e nem sequer andamos a cronometrar o Sr. Antonino ou chamamos o Guiness Book of Records para o confirmar. Era apenas uma metáfora explicativa da perseverança de um homem que há 75 anos, editou um jornal semanário, mantendo-o ininterruptamente nas bancas. O homem que perto dos seus 80 anos subia as escadas como ninguém, está hoje de parabéns. Não por ser o seu aniversário natalício. Mas sim por ser o aniversário do seu “filho” mais conhecido. O Notícias de Guimarães foi criado há 75 anos, no dia 11 de Janeiro de 1932.

O difícil é haver algo em Portugal que perdure, algo que se mantenha. Criar é fácil. Acabar também. O “pelo meio” é que é mais complicado. Até as minhas crónicas. Começaram, mas depois foram interrompidas. Agora voltaram. Mas não se mantiveram.

Parabéns Sr. Antonino. Parabéns Notícias de Guimarães. É com muito orgulho que me sinto parte desta equipa e deste modo singelo fico ligado à comemoração da efeméride.

Venham mais 75! Guimarães agradece.

Guimarães 2ª melhor cidade para se viver

O semanário Expresso publicou no passado Sábado um comparativo de várias cidades portuguesas, que dava Guimarães como a segunda melhor cidade do País para se viver. Os factores de desempate eram vários e iam do lazer à cultura, do património ao respeito pelo ambiente, dos espaços verdes ao comércio, passando pela segurança, restauração e alguns outros. O texto onde Guimarães é uma somatório de lugares comuns, que até em parte denigrem um pouco a cidade onde nasceu Portugal. Mas demos isso de barato. Relevemos.

Afinal de contas, no cômputo geral, Guimarães conseguiu um honroso 2º lugar, logo atrás da capital.

O meu coração diz-me que Guimarães não é a segunda. É a primeira destacadíssima. Não só de Portugal, mas também do Mundo inteiro.

E muitos foram os comentários que surgiram, em blogs, fóruns e cafés nesse sentido. Mas temos de ser sérios. Ainda há muito caminho a percorrer para que essa seja uma verdade. Racionalmente temos de tentar aquilatar das falhas da nossa cidade. Para que num próximo estudo do género possamos passar para número um!

O orgulho por termos sido segundos não nos deve diminuir a vontade de almejar ser primeiros.

Publicidade enganosa

“Estudos científicos independentes dizem que…” ora aqui está uma frase que me deixa deveras intrigado. Começar um anúncio com esta frase é das coisas que me deixa mais atemorizado.

A conjugação das três palavras “estudos científicos independentes” causa-me calafrios. Imagino logo um grupo pago pela marca em questão para que independentemente emitam um parecer que possa sustentar o que a marca quer vender. É uma frase que tem em mim o mesmo efeito que as credíveis imagens do “antes e depois” que antecedem os apetrechos de manutenção anunciados nas televendas. Os gordos de barriga proeminente, ostensiva e orgulhosamente empurrada que dão lugar a culturistas com apenas 10 minutos diários, enquanto cozinha…

Ou então os corpos femininos depois de passarem pelas clínicas de estética. Parece gozo… como se alguma daquelas figuras alguma vez na vida precisasse de “mexer” no que quer que seja. Quase como vender areia no deserto.

Apetece pedir o livro de reclamações.

terça-feira, janeiro 09, 2007

05 de Janeiro de 2007

Novo Ano

Primeira semana do ano. Primeira coluna do ano. Uns dias após a noite de passagem de ano. Desejos, uvas passas ou não, lamentos, cabrito, promessas, bolo-rei, juras, champagne… tudo depende da tradição familiar e da vontade de cada um.

Um denominador comum, por certo. Uma vontade do tamanho do mundo de que este 2007 seja melhor que o 2006. Doze uvas, doze desejos. Doze promessas. Deixar de fumar, mudar de emprego, fazer dieta, ser solidário. Juras de amor eterno, como diz o poeta, enquanto durar.

Como é boa esta sensação de que este dia poderá de facto representar, por si só, uma mudança. Como se a vontade de mudar do homem pudesse ser condicionada por uma alteração no último dígito identificativo do ano do calendário gregoriano…

Que seja. Que ajude. Que sintamos uma vontade imensa de mudar porque o ano mudou. Mudemos também. Para melhor!

TV S. Torcato?

Em mais uma das minhas incursões ao mundo da televisão por cabo – insónia a quanto obrigas – eis senão quando me sinto a regressar ao passado. Não, não era o VH1 e os seus inenarráveis vídeos dos anos 80. Não, não era o Vitória a disputar jogos na 1ª Divisão, na RTP Memória. A dúvida subsistia… Seria a TV Cidade Berço ou a TV S. Torcato? Pela pobreza do cenário, qualquer uma das duas. Mas afinal não. Era um tal de Porto Canal.

Posso estar a ser injusto, até porque o que vi foi muito pouco – não consegui aguentar muito mais – mas aquilo fez-me lembrar a NTV, mas para pior. Serão os antigos elementos da NTV que não transitaram para a RTP? Nem a NTV, sigla que as más-línguas diziam ser de Ninguém Te Vê era tão fraquinha.

Em abono da verdade, tenho de dizer que nem tudo foi mau. Fiquei a conhecer uma banda portuguesa, num programa que acontecia num “caixote” tipo garagem, cujo vocalista tem um vozeirão, mas daqueles vozeirões que, se por fortuna houvesse nascido nos Estados Unidos da América, seria um caso sério no panorama rock internacional. A banda dava pelo nome de, pelo que penso ter ouvido, Easyway.

Mas à parte esse pormenor, urge repensar o conceito. De tão pobre, parece mal. Dos cenários aos programas em si, parece tudo mau demais. Se transposto para a tecnologia e conhecimento disponíveis então, seria sem margem de dúvidas uma TV em tudo igual às “piratas” que emitiram cá no burgo no idos de 80.

Mourinho e Adriaanse

Quem semeia ventos, colhe tempestades.

Verdade tão irrefutável quanta a idade do adágio. Certo como dois mais dois serem quatro. Era uma questão de tempo até acontecer.

Mais cedo ou mais tarde a turma de Stamford Bridge haveria de ultrapassar um período menos bom e as críticas choveriam em catadupa.

Ele já não é o que era… Está a perder as pilhas…O dinheiro não faz milagres…

Enquanto portugueses, podemos até achar que estão a ser injustos. Afinal de contas, nada está perdido e o título é ainda uma forte possibilidade.

Mas convenhamos que Mourinho se pôs a jeito. A arrogante postura que ele sempre adoptou, não lhe permite fazer-se agora de “coitadinho”. Nem de vir chorar “baba e ranho” porque ninguém gosta dele e estavam à espera disto para o poderem atacar. Tem de aguentar com as xenófobas críticas dos sobranceiros tablóides britânicos, famosos por não serem nada complacentes para com os seus inimigos de estimação e tentar responder da única maneira que lhe permitiu até agora não ser achincalhado como está agora a ser: Ganhando!

E nós portugueses, pelo menos uma parte significativa de nós, aquela parte dos que vibram com o sucesso dos nossos patrícios além fronteiras, neste particular temos de convir que foi Mourinho que provocou a situação que agora vive. Chegar à terra de quem inventou o futebol – e disso se arroga ao ponto de o slogan do Campeonato da Europa de Futebol por eles organizado ter sido o chauvinista football is coming home (o futebol regressa a casa) – afirmando-se como o special one tem tanto de educado e prudente como se chegasse a Guimarães dizendo que, agora sim veriam quem era o verdadeiro conquistador.

E nós não podemos, em consciência e com coerência, dizer que o que os ingleses estão a fazer, não o faríamos nós… Eu pelo menos não o faço. Não o faço enquanto a imagem daquele treinador que o porto teve há uns anos, o Adriaanse, teimar em não desaparecer.

Sim… esse mesmo. Aquele senhor holandês que chegou cá dizendo, mais ou menos, que ele era o Messias do futebol português e que tinha para cá vindo apenas para nos “ensinar” o que era o futebol, para melhorar o nível do futebol português…

E como eu abomino homens providenciais, messiânicos, empurrados, a pedido e iluminados, não descansei enquanto não o vi regressar à sua Holanda natal com a sua valise – não de carton, mas Louis Vuitton – e rabinho entre as pernas, levando com ele, bem embrulhadinho, o seu “iluminado” 3-4-3. Regozijei, assumo!

Mourinho só tem uma saída, para que possa continuar com o mesmo pedantismo que até agora foi seu apanágio. E já deu para ver, que é a única maneira de Mourinho viver feliz. Continuar a ganhar. E ganhar mais.

Se assim o fizer, fico feliz. Os ingleses têm de ser permanentemente calados. Falam muito e têm memória curta. Ou melhor, memória selectiva. Têm de perder connosco em todos os jogos. Se ganharem uma, já não se lembram das derrotas épicas no Euro 2004 e no Mundial de 2006. O mesmo acontece com o Mourinho, ou ganha sempre ou o que ganhou, deixa de contar.

Por isso, fico contente quando Mourinho ganha. Neste momento sou por ti, José!

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