terça-feira, janeiro 09, 2007

05 de Janeiro de 2007

Novo Ano

Primeira semana do ano. Primeira coluna do ano. Uns dias após a noite de passagem de ano. Desejos, uvas passas ou não, lamentos, cabrito, promessas, bolo-rei, juras, champagne… tudo depende da tradição familiar e da vontade de cada um.

Um denominador comum, por certo. Uma vontade do tamanho do mundo de que este 2007 seja melhor que o 2006. Doze uvas, doze desejos. Doze promessas. Deixar de fumar, mudar de emprego, fazer dieta, ser solidário. Juras de amor eterno, como diz o poeta, enquanto durar.

Como é boa esta sensação de que este dia poderá de facto representar, por si só, uma mudança. Como se a vontade de mudar do homem pudesse ser condicionada por uma alteração no último dígito identificativo do ano do calendário gregoriano…

Que seja. Que ajude. Que sintamos uma vontade imensa de mudar porque o ano mudou. Mudemos também. Para melhor!

TV S. Torcato?

Em mais uma das minhas incursões ao mundo da televisão por cabo – insónia a quanto obrigas – eis senão quando me sinto a regressar ao passado. Não, não era o VH1 e os seus inenarráveis vídeos dos anos 80. Não, não era o Vitória a disputar jogos na 1ª Divisão, na RTP Memória. A dúvida subsistia… Seria a TV Cidade Berço ou a TV S. Torcato? Pela pobreza do cenário, qualquer uma das duas. Mas afinal não. Era um tal de Porto Canal.

Posso estar a ser injusto, até porque o que vi foi muito pouco – não consegui aguentar muito mais – mas aquilo fez-me lembrar a NTV, mas para pior. Serão os antigos elementos da NTV que não transitaram para a RTP? Nem a NTV, sigla que as más-línguas diziam ser de Ninguém Te Vê era tão fraquinha.

Em abono da verdade, tenho de dizer que nem tudo foi mau. Fiquei a conhecer uma banda portuguesa, num programa que acontecia num “caixote” tipo garagem, cujo vocalista tem um vozeirão, mas daqueles vozeirões que, se por fortuna houvesse nascido nos Estados Unidos da América, seria um caso sério no panorama rock internacional. A banda dava pelo nome de, pelo que penso ter ouvido, Easyway.

Mas à parte esse pormenor, urge repensar o conceito. De tão pobre, parece mal. Dos cenários aos programas em si, parece tudo mau demais. Se transposto para a tecnologia e conhecimento disponíveis então, seria sem margem de dúvidas uma TV em tudo igual às “piratas” que emitiram cá no burgo no idos de 80.

Mourinho e Adriaanse

Quem semeia ventos, colhe tempestades.

Verdade tão irrefutável quanta a idade do adágio. Certo como dois mais dois serem quatro. Era uma questão de tempo até acontecer.

Mais cedo ou mais tarde a turma de Stamford Bridge haveria de ultrapassar um período menos bom e as críticas choveriam em catadupa.

Ele já não é o que era… Está a perder as pilhas…O dinheiro não faz milagres…

Enquanto portugueses, podemos até achar que estão a ser injustos. Afinal de contas, nada está perdido e o título é ainda uma forte possibilidade.

Mas convenhamos que Mourinho se pôs a jeito. A arrogante postura que ele sempre adoptou, não lhe permite fazer-se agora de “coitadinho”. Nem de vir chorar “baba e ranho” porque ninguém gosta dele e estavam à espera disto para o poderem atacar. Tem de aguentar com as xenófobas críticas dos sobranceiros tablóides britânicos, famosos por não serem nada complacentes para com os seus inimigos de estimação e tentar responder da única maneira que lhe permitiu até agora não ser achincalhado como está agora a ser: Ganhando!

E nós portugueses, pelo menos uma parte significativa de nós, aquela parte dos que vibram com o sucesso dos nossos patrícios além fronteiras, neste particular temos de convir que foi Mourinho que provocou a situação que agora vive. Chegar à terra de quem inventou o futebol – e disso se arroga ao ponto de o slogan do Campeonato da Europa de Futebol por eles organizado ter sido o chauvinista football is coming home (o futebol regressa a casa) – afirmando-se como o special one tem tanto de educado e prudente como se chegasse a Guimarães dizendo que, agora sim veriam quem era o verdadeiro conquistador.

E nós não podemos, em consciência e com coerência, dizer que o que os ingleses estão a fazer, não o faríamos nós… Eu pelo menos não o faço. Não o faço enquanto a imagem daquele treinador que o porto teve há uns anos, o Adriaanse, teimar em não desaparecer.

Sim… esse mesmo. Aquele senhor holandês que chegou cá dizendo, mais ou menos, que ele era o Messias do futebol português e que tinha para cá vindo apenas para nos “ensinar” o que era o futebol, para melhorar o nível do futebol português…

E como eu abomino homens providenciais, messiânicos, empurrados, a pedido e iluminados, não descansei enquanto não o vi regressar à sua Holanda natal com a sua valise – não de carton, mas Louis Vuitton – e rabinho entre as pernas, levando com ele, bem embrulhadinho, o seu “iluminado” 3-4-3. Regozijei, assumo!

Mourinho só tem uma saída, para que possa continuar com o mesmo pedantismo que até agora foi seu apanágio. E já deu para ver, que é a única maneira de Mourinho viver feliz. Continuar a ganhar. E ganhar mais.

Se assim o fizer, fico feliz. Os ingleses têm de ser permanentemente calados. Falam muito e têm memória curta. Ou melhor, memória selectiva. Têm de perder connosco em todos os jogos. Se ganharem uma, já não se lembram das derrotas épicas no Euro 2004 e no Mundial de 2006. O mesmo acontece com o Mourinho, ou ganha sempre ou o que ganhou, deixa de contar.

Por isso, fico contente quando Mourinho ganha. Neste momento sou por ti, José!

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