segunda-feira, dezembro 31, 2007

28 de Dezembro de 2007

O crime do frasco de piripiri

Era antevéspera de Natal. A noite fria e chuvosa convidava a um jantar romântico. Após escolha aturada, chegou à conclusão de que aquele era o restaurante ideal para o efeito.

Aquele acolhedor ar de cantina italiana, os fumados pendurados, o imponente forno de lenha, que aquecia o ar e os corações dos presentes, à medida que se saboreava o vinho tinto, aumentava a vontade de fazer algo proibido. Enquanto se esperava pelo prato olhava-se em volta e a respirava-se Natal. Ele eram as famílias felizes – porque também as há, até em Guimarães – nas mesas, as luzinhas na árvore, o spray de neve nas janelas com os dizeres do costume e os leds azuis nas ameias do Castelo.

Chegado o prato principal, alguém pede molho picante.

Prontamente, como é seu apanágio o sempre solícito empregado apresenta duas alternativas: o vulgar tabasco (na sua tradicional roupagem avermelhada) ou este, que é caseiro (embalado em garrafa de azeite). Se pudessem ter visto o receio com que foi apresentado o “este”, por oposição à descontracção com que o fez “àquele”. Parecia, por momentos, que o experimentado chefe de sala se havia transformado num perigoso traficante, tentando sub-repticiamente dissimular uma transacção de um perigoso produto ilícito.

O pavor estampado no rosto, os olhos olhando em volta não fosse haver ali um qualquer bufo que fosse a correr dizer à ASAE que naquela garrafinha que outrora fora de azeite Romeu, agora de Romeu nada mais tinha que o rótulo.

O que lá dentro havia, nada mais era que um delicioso piripiri caseiro. Vendido às escondidas. Não fosse a ASAE tecê-las.

David Fonseca

É a primeira vez que vou ver David Fonseca a solo. Como sempre acontece, nestas coisas e comigo, lembrei-me dois dias antes do concerto que para o ver era preciso bilhete, mesmo já sabendo há quase um mês que o ex-vocalista dos Silence 4 vinha a Guimarães.

Correu bem e lá consegui arranjar os ingressos que me vão permitir voltar ao São Mamede uns anos depois da minha última visita lá (então como cinema), agora com duas ausências de vulto, a do Sr. Matos e a do Sr. Roldão no bar…

Confesso que estou curioso. Pelas indicações que me deram o conceito está bem conseguido e a acústica da sala irrepreensível.

Mais logo confirmo. Para a semana digo-vos como foi.

No melhor pano cai a nódoa

Já várias vezes me assumi como leitor do jornal desportivo supracitado, porque gosto e, quanto mais não fosse, porque a gratidão é uma coisa bonita e nunca me hei-de esquecer de quem, quando descemos à segunda nunca deixou de nos tratar com o respeito que merecemos, independentemente da divisão que disputemos.

Talvez por o ter feito – inclusive aqui nesta coluna – me sinto perfeitamente à vontade para vos dizer que no melhor pano caiu a nódoa.

O jornalista Jorge Fonseca, na edição do dia de Natal, decidiu armar-se em sociólogo tentando escalpelizar o problema das crónicas fracas assistências do Braga. Até aí nada de mal. Diz ele que o estádio é mais longe do centro 1,5 kms do que o antigo 28 de Maio que ficava só a um quilómetro, não há estacionamento, os jogos são quase todos à noite e o “famoso microclima de Dume” (esta expressão é minha, já que o que o jornalista diz é que o tempo chuvoso e húmido de Dume) ajudaram ao êxodo, principalmente dos mais antigos.

Aqui comecei a ficar baralhado. Não percebi se lia uma notícia, um artigo de opinião ou um estudo científico.

E o que é que nós temos a ver com isso? Pois. Isso vem agora.

Como não podia deixar de ser, tínhamos de vir à baila. Agora é moda… Não se consegue falar do falhanço das assistências do Braga, sem nós sermos chamados à colação.

Afinal fiquei a saber que nós temos assistências muito superiores ao Braga porque “Braga reúne factores que contribuem para uma maior diversão dos residentes, já que possui mais teatros, cinemas, centros comerciais e até zonas pedonais do que a Cidade Berço, tradicionalmente mais fechada a inovações, apesar do esforço da autarquia para a dotar de equipamento à altura de uma Capital Europeia da Cultura.

Desculpe lá… importa-se de repetir? Acho que não percebi bem. Basicamente, como não temos que fazer vamos à bola, é isso? Então Leiria e a Figueira da Foz devem ter uma vida cultural ao nível de Nova Iorque…

As palermices continuam, mas para mim já bastava. Não li mais uma linha.

Para mim esta notíciazeca mais não é que propaganda. E da fraca. Um jornalista a arranjar desculpas esfarrapadas para o facto do Braga ter fracas assistências.

Que tentem arranjar forma de contornar esse problema, mas que nos deixem descansadinhos.

Já estou farto, enquanto vitoriano, de ser usado como arma de arremesso do presidente do Sporting local, quando lhe dá jeito, aos seus associados. E ainda há quem por cá fique feliz a pensar que ele nos elogia. Para citar Ricardo Araújo Pereira, Salvador: o que tu queres sei eu…

Em relação ao texto d’O Jogo, podia-me dar ao trabalho de contrariar com factos as especulações absurdas que deram à estampa no dia de Natal, mas nem sequer merecem esse esforço da minha parte, primeiro porque me sinto pesado depois da comilança de Natal e depois porque quero que me provem a relação de causa efeito das zonas pedonais com as assistências dos clubes de futebol onde elas existem…

Fico à espera. Sentado.

E para terminar o ano

Resta-me desejar-vos umas excelentes entradas em 2008. E se não for pedir muito, que continuem a ter um bocadinho de paciência para ir lendo esta coluna de vez em quando.

Prometo que este ano já não volto a maçar-vos…

sexta-feira, dezembro 21, 2007

21 de Dezembro de 2007

A maior bandeira do Mundo (ainda o Guiness)

Insistem em dar-me matéria-prima para esta secção. E eu agradeço. E desta vez, a ideia nasceu cá.

A Associação Amigos do Vitória propõe-se a fazer a maior bandeira do mundo, com as faraónicas dimensões de 120 metros de comprimento por 60 metros de largura. A esta altura já estão à espera que eu teça um qualquer comentário jocoso acerca da iniciativa… Mas não, como estamos no Natal e a bandeira até é do Vitória, não o farei.

Assim de repente, como quem não quer a coisa (ainda que seja sobejamente conhecido o meu fetiche pelo nacional-guinessismo, que redunda sempre em tentar ser o maior em alguma coisa) desta vez, só precisava aqui de ajuda num problema, de áreas e geografia. É que parece-me que 120m x 60m deve dar qualquer coisa como 7200m2.

Com uma rápida pesquisa na Internet, encontrei algumas informações relativas à maior bandeira do mundo. Quase todas elas referem uma iniciativa levada a cabo em Masada – para celebrar 50 anos de relações diplomáticas entre Israel e as Filipinas – que juntava as bandeiras dos dois países numa "hiper-mega-super-florilélica-bandeira" de quase 40000m2.

Até aqui nada de muito difícil. Não vou perguntar como é que uma bandeira com pouco mais de sete mil metros quadrados pode ser a maior do mundo, quando já existe uma cinco vezes e meia maior. Parto do princípio que a organização rectificará as medidas em função das necessidades e as primeiras medidas avançadas, apenas o foram para aquilatar do apoio que a iniciativa recolheria.

A dificuldade é mesmo perceber onde é que a associação organizadora vai pôr a bandeira.

É que em Masada, fizeram-no no aeroporto. E mesmo assim não conseguiram esticá-las na totalidade. E Guimarães, que maçada, não tem sequer aeródromo. Assim, como quase tudo aquilo que se tem vindo a discutir neste país, também neste assunto a dúvida subsiste:

Na Ota ou em Alcochete? É que na Portela+1 não deve dar…

Emplastros encartados

Contam-se pelos dedos de uma mão as entrevistas a políticos, onde não aparecem os emplastros na fotografia. Umas vezes jotinhas, outras autarcas atrás dos ministros, chefes de governo atrás de presidentes de comissões, mas sempre seguindo a lógica de serem subalternos, em bicos de pés, atrás do “chefe” que lá vai falando, com ar enfadado de quem sabe bem a figura que aqueles penetras vão fazendo. Mas eles não desistem e quando são mais que um, tenho a certeza que nas costas do chefe se trava uma luta fratricida pelo melhor plano…

Então quando são inaugurações, até se atropelam.

Impressionante

Estive no Dragão. Bom jogo, aberto. Futebol entretido. Entramos em campo a querer discutir o resultado e chegamos a conseguir, futebolisticamente, ter um resultado favorável como sendo o mais provável. Não fora o remate de Ghilas ao lado e a sobre-humana defesa de Helton e teríamos tido vantagem no marcador (os dois falhanços do Porto já lá iam).

Se futebolisticamente demos luta e perdemos, já nas bancadas, mesmo em inferioridade numérica, demos goleada.

Grandes adeptos que nós temos. Adeptos que entram no Dragão com a mesma postura que o fizeram em Gondomar ou nos Olivais. De peito feito. Para ganhar. Sem medo e muito menos elevando o adversário à categoria de invencível. É apenas mais um adversário. Com quem já perdemos, empatámos, mas também a quem já ganhamos. E a quem nada devemos. Muito menos vassalagem.

Nem nós temos de entrar com deferência nem o Porto tem de entrar com a arrogância de vencedor antecipado. Respeito, sim. Desde que de parte a parte.

Mais que isso, não. Nunca.

Aqueles três mil encarnam o verdadeiro espírito conquistador das nossas gentes e encheram de orgulho a família vitoriana. Foi impressionante!

Feliz Natal

Aproveito este meu último texto antes do Natal para desejar um Santo e Feliz Natal a todos os meus leitores. Muito obrigado pela vossa preferência e paciência. E já agora também ao NG e a todos os seus colaboradores, que tantas e tantas vezes têm de esperar pelo meu texto para poderem ir jantar (como está a acontecer hoje).

Não fossem vocês e com certeza não teria ânimo para semanalmente partilhar algumas inconfidências e disparates, tentando meio a brincar ir dizendo algumas coisas sérias. Muito obrigado.

Tudo de bom para as vossas famílias.

sábado, dezembro 15, 2007

14 de Dezembro de 2007

Espinhas dorsais (e falta delas)

Nunca tive um conhecimento muito aprofundado de José Miguel Júdice, mas era uma das figuras do PSD, por quem eu até nutria alguma simpatia.

Não tinha nenhum motivo em particular, mas a distância com que via os acontecimentos desenrolarem-se nos sociais-democratas, levavam-me a pensar que aquele “barão” seria uma reserva do partido.

Mesmo não sendo social-democrata, posso dizer que essa personagem me desiludiu. Quando vi a sua nojenta intervenção aquando das últimas autárquicas, vi de que era feito aquilo. Da mais pura matéria escroque. E como sempre detestei vira-casacas e gente que se esquece de onde veio, aquilo enojou-me.

Quando vi agora as suas declarações acerca do novo bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto, fiquei com a certeza de que Marinho Pinto será um bom bastonário. Se Júdice diz que Marinho Pinto «é um populista como populista foi Mussolini e como populista é Hugo Chávez», Marinho Pinto está no bom caminho.

Críticas de gente sem escrúpulos são medalhas no peito de quem tem espinha dorsal.

Guimarães on fire

O fim-de-semana passado foi uma verdadeira maratona de lazer. Ele era a 53ª Reabertura da discoteca Trás-Tás, na Rua Gil Vicente. P’rás bandas de Azurém, a abertura do La Movida Beach (não posso confirmar, mas disseram-me que aquilo até tem tubarões pendurados e guaritas de nadador-salvador à Marés Vivas). Já nas galerias do Estádio, uma festa com Dj’s e tal…

E isto já para não falar da oferta cultural “tradicional” em Guimarães, que actualmente “pede meças” (adoro esta expressão) a muito boa metrópole.

Com a recente reabertura do antigo cinema S. Mamede, agora com nova vida como casa de espectáculos (concerto memorável dos Nouvelle Vague, segundo alguns amigos que foram, que isto de ser chefe de família não me deixa tanto tempo para lazer como gostava) mais o Centro Cultural Vila Flor, mais o que algumas associações (Convívio, por exemplo) nos vão propondo e a programação esporádica do Multiusos, creio que estamos a dar passos muito firmes para que a “nossa” Capital Europeia da Cultura seja memorável. Não nos podemos queixar de falta de oferta.

De saudar a iniciativa privada, que está a dar mostras de ter sensibilidade para acompanhar a tendência e aproveitar esta onda.

Creio que posso dizer que Guimarães se está a assumir como uma cidade cada vez mais cosmopolita.

Restaurantes alternativos em Guimarães

Se há uns anos atrás me dissessem que haveria mercado, em Guimarães, para três restaurantes vegetarianos e um japonês, eu discordaria imediatamente.

Guimarães é terra de bom comer e isso não pega, retorquiria. Aqui é mais rojões, papas, assados com arrozinho e batatas, acrescentaria ainda, quem sabe até um pouco preconceituosamente.

Mas o que é certo é que no ano de dois mil e sete, isso é o que acontece. É mais um dos traços do crescente cosmopolitismo cá do burgo.

Na zona urbana de Guimarães, que eu tenha conhecimento, há actualmente três restaurantes vegetarianos e um japonês.

Em relação ao japonês, não me vou pronunciar, já que até hoje ainda não consegui “cosmopolizar-me” o suficiente para que conseguisse arranjar coragem. Aí assumo-me como totalmente provinciano e preconceituoso. Pelo menos para já… É que até há bem pouco tempo atrás, também o era, mas em relação à comida vegetariana.

Digo até há bem pouco tempo porque, hoje em dia, vou frequentemente a dois dos restaurantes vegetarianos que por cá há. Só ainda não fiz o pleno porque, sempre que tento ir a um que há no centro histórico, acabo por não conseguir resistir a andar mais uns metros e comer uma boa pasta.

Por isso sinto-me à vontade para falar sobre essas duas casas – uma em frente ao Paço dos Duques, quem desce para o Carmo e outra em frente ao Complexo Desportivo do Vitória – já que o faço com conhecimento de causa.

Tenho de ser sincero e dizer que inicialmente comecei a comer vegetariano por uma questão de necessidade estética (leia-se estava mesmo gordo e tive de ganhar juízo). E mesmo assim com alguma relutância, já que tinha a ideia preconcebida de que aquilo não sabia a nada e era uma mania de alguns intelectuais fundamentalistas da comida. Por essas e por outras, lá comecei a coisa, meio a medo.

Hoje em dia, já não. Faço-o por opção e com alguma frequência. E porque gosto.

E por isso posso dizer que fiquei verdadeiramente surpreendido com a adesão que tem havido a esses conceitos, a priori, tão pouco vimaranenses. Tão surpreendido que este será um assunto que merecerá da minha parte, em colunas futuras, uma análise mais aprofundada.

07 de Dezembro de 2007

Mais do mesmo

Pelo segundo ano consecutivo abandonei o cortejo do Pinheiro. Nem consegui chegar ao Hospital Velho. E por causa do álcool. Não o “meu”, que felizmente tenho juízo e respeito pela tradição suficientes para não alinhar na estupidificação etílica de uma festa que devia ser de Homens.

Começo a achar exagerado. Acho que se entrou numa espiral de estupidez tal, que chego mesmo a temer pelo futuro deste número das Festas. As turbas de futricas e imberbes “não-tocantes”, empunhando garrafas em vez de baquetas, gritando e saltando quais marias-malucas e os destemidos rambos, que vão para “a vila” à procura de confronto físico, deixam-me reticente quanto à noite com que tanto sonhei em pequeno.

É hoje incontrolável. Totalmente incontrolável. Já em mil novecentos e noventa e dois, ano de má memória (o ano da célebre revolta dos bois), o era. Volvidos quinze anos, mais ainda.

Enquanto num cortejo, por exemplo, de uma Queima das Fitas, os grupos estão divididos em faculdades, cursos e anos, aqui não. Os grupos, que no Cano têm cada um um chefe de bombos, vão-se misturando. E há até grupos que se querem misturar à força toda. Até que já não há grupos e a confusão reina.

Demorei mais de duas horas a chegar ao Hospital Velho. E cheguei ao Cano por volta da meia-noite. Fiz as contas e àquele ritmo seria enterrado por volta das dez da manhã.

Como a essa hora tinha uma reunião… não dava mesmo.

Mas nem tudo foi mau. O meu jantar de Pinheiro, por tradição, é na companhia de antigos elementos das Comissões de Festas, logo gente que sabe – e bem – o que são as Nicolinas.

Tocámos, da Rua de Camões à Madre-Deus, passando pela Tulha e com a paragem obrigatória na Estátua do nosso Afonso, perdoem-me a imodéstia, muito bem. Comemos bem. Bebemos bem. Convivemos.

Tive um Pinheiro fabuloso… o que estragou mesmo foi o cortejo.

Uma sugestão

Da conversa com um velho nicolino e amigo da família, abordando a temática do ponto acima, nasceu uma ideia que gostava de partilhar com os caros leitores.

Se nos moldes actuais é impossível programar o cortejo, não seria melhor ir o pinheiro a abrir o cortejo e os participantes atrás.

Há um ponto que me parece pacífico: Pior não é de certeza.

E já que tanta coisa mudou na tradição desta noite, não vai por certo ser esta alteração na ordem de desfile que vai “estragá-la”.

Azurém ficou mais pobre

Quem, como eu, tem alguma afinidade com aquela freguesia vimaranense, não pôde ficar indiferente à notícia do falecimento do Sr. Jesualdo.

Figura incontornável da vida autárquica e muito querida pelas pessoas da freguesia. Foi o rosto do CDS durante vários mandatos.

Tinha por ele uma grande estima e é com imensa pena que o vejo partir. E quem me conhece sabe que não costumo embarcar nas conversas cínicas do “agora que morreu, era um tipo estupendo”. Quando o faço, é sentido.

Deixo as minhas condolências à família, muito em especial aos filhos.

Como deve ser bom ter tempo de sobra…

Este sim era um presente de Natal que eu gostava mesmo de receber. Tempo. E o que é que eu fazia com ele? Nem sei. Mas que deve ser óptimo ter tempo para ser picuinhas e andar por aí a desenterrar coisas que não interessam a mais ninguém, isso deve.

Ter tempo para gastar. Gastar da maneira que me apetecer. Tempo até para ser obstinado.

Mas, tenho de me mentalizar que – felizmente, apraz-me dizer - não o devo ter tão cedo.

Entretanto invejo as palermices que faz quem o tem…

O altruísmo

Não consigo deixar de esboçar um sorriso quando sei que algumas pessoas não gostam do que escrevo. Sinto imediatamente que estou no bom caminho. É uma questão de definição de público-alvo. Principalmente quando, mesmo não gostando, me continuam a ler.

Com estas banalidades que aqui vou escrevendo, enquanto for essa a nossa (do NG e minha) vontade, sinto que vou ajudando muito boa gente a ter assunto.

Encaro-o como a minha boa acção.

Essa sensação altruísta de felicidade só tem paralelo (e quiçá seja até superada) quando me querem dar lições de moral. Então aí, é a loucura. Rejubilo.

Principalmente quando os vejo em bicos de pés e a ver como me hão-de chegar. E depois, a meio de supostas “lições”, estala o verniz e desatam a caluniar.

Cada “crítica” dessas é uma medalha para mim.

É que eu sei bem que… a caravana passa.

A bota e a perdigota

Um espaço que já foi uma emblemática casa de diversão nocturna de Guimarães, mudou de nome. E provavelmente de gerência.

Naquela casa antiga na Quintã, onde funcionou um bar/discoteca que se chamava Século XIX, vai abrir agora o La Movida Beach.

Na mesma casa. E com a mesma esplanada, com aqueles toldos tão marcantes. La Movida quê? Ali?

Baralhados? Pois… Também eu. Ainda não sei o que vão fazer para que o espaço “cheire” a praia, mas para já fico um bom bocadinho, de pé atrás.

É que se ficar tão bem como o reclame luminoso que plantaram, em cima do granito que fica à entrada do parque… até já tenho medo.

sábado, dezembro 01, 2007

30 de Novembro de 2007

Nicolinas

Chegada esta altura do ano, vem também a nostalgia. E com ela a triste constatação de que os anos voam. Prepara-se o jantar do Pinheiro, vão-se confirmando presenças e lamentando ausências. A rotina repete-se. E os anos passam.

Mil novecentos e noventa e dois. Há quinze anos atrás fui da Comissão de Festas. O tempo é implacável. Tudo vai mudando a uma velocidade vertiginosa. Tudo, ou quase tudo.

Ainda bem que sou vimaranense. Ainda bem que temos destas tradições. Que bom é ter elementos de diferenciação dos padronizados e pobre espectáculos académicos que se vêm por aí…

Ainda bem que há gente que faz alguma coisa para que a tradição se cumpra.

E como eu gostava que os números fossem mais participados pela comunidade. Que os estudantes participassem mais no Pregão e nas Maçãzinhas. E que a população saísse à rua assistindo a cortejos gloriosos.

Para que a tradição, por cá, continue a ser o que era.

Mas este ano a Comissão de Festas inovou. Deslocalizou a Roubalheira para a cidade do Porto e convidou um artista para fazer de gatuno. O artista não se fez rogado. Houve mesmo:

Roubo no Bessa

Por falar em tradições que se cumprem, não sei porquê, vem-me à cabeça a frase Roubo no Bessa. E o nome Lucílio Batista. E por associação, escândalo.

E mais ainda o escândalo que não se fez. Tivesse esta escandaleira ocorrido com algum dos três chamados grandes e a tinta que não tinha corrido durante esta semana que ora finda. Mas como até foi connosco, tudo está bem e importante mesmo é escrever sobre as desavenças entre Soares Franco e Carlos Queiroz e as sondagens que dão o Mourinho como preferido para seleccionador inglês.

Que nervos me mete este país às vezes. E que nojo que me mete a maioria da imprensa nacional, principalmente quando se trata de futebol.

Fomos espoliados de três pontos. Foram-nos furtados escandalosa e propositadamente e com agentes da polícia a assistir.

E mais não se ouviu ou leu que meia dúzia (somando todos os jornais e rádios) de frases ou linhas sobre o assunto.

Assim acaba-se com o futebol. Assim serão os homens do apito eternamente a decidir resultados. Assim o jogo não presta e os melhores não ganham. Assim é um nojo.

Já não se pode sequer ir ver os incêndios

Esta pérola ouvi-a eu. Não foi ninguém que me contou. Há uns dias atrás, na baixa do Porto, aquela que deveria ser a abertura ao público de um novo centro comercial foi adiada porque um curto-circuito provocou um pequeno incêndio, mas com grande aparato.

Centenas de pessoas concentravam-se atrás das barreiras, criadas pelas forças da autoridade para criar condições de trabalho aos soldados da paz.

Indignados, dois reformados recuavam, rua fora, quando um deles se sai com este desabafo, o do título.

Deve ser culpa dos de Lisboa…

domingo, novembro 25, 2007

25 de Novembro de 2007

Viva a liberdade!

sábado, novembro 24, 2007

23 de Novembro de 2007

Jorge Palma

Por ocasião do aniversário do Pavilhão Multiusos de Guimarães, decidiram os responsáveis da Tempo Livre – e muito bem, na minha humilde opinião – que a efeméride merecia ser comemorada com pompa e circunstância. Vai daí, Jorge Palma em Guimarães.

Tomei imediatamente a decisão de adquirir o meu bilhetinho. Seria, por certo, dos concertos em que conseguiria, de cor, cantar quase todas as músicas (para mal dos pecados dos meus vizinhos de cadeira).

É que já vem muito de trás o meu gosto pela música do Jorge Palma. Seria uma constante numa “banda sonora” (em havendo semelhante coisa) da minha vida. Já fui feliz ao som de Palma. Mas também já o ouvi, triste.

Ao chegar ao Multiusos achei invulgarmente fácil estacionar o carro. Comecei a temer o pior. Casa vazia, pensei eu. E ficava desiludido. A sério que ficava. Às vezes dá-me para estas coisas. Sou assim meio sentimentalão. Era como se corresse mal uma festa de um amigo. E ao Jorge, que já ouvi mais que à maioria dos meus amigos, acho que merecia ter uma boa casa. Gostava mesmo que tivesse. Pela coerência e perseverança na carreira. Mas entre ter uma carreira ou ser um Carreira… vai a diferença entre encher um pavilhão, ou nem por isso.

Quando chego à sala, vejo que houve algum cuidado em minimizar a adesão abaixo das expectativas – pelo menos das minhas, que sou um eterno optimista – dividindo a nave a meio, para que o vazio não enchesse tanto a sala.

Nas laterais, meia casa. Nas cadeiras de plateia, quase cheio. No geral, pode-se dizer que estava assim-assim. Meia casa. Assim como de meia, mas idade, era a assistência, conforme seria de esperar, que, maioritariamente, nos trinta começava. O fenómeno “Encosta-te a mim”, que deu pela primeira vez a platina a Jorge Palma, não se fez, ainda, sentir. Era notório um conhecimento generalizado da carreira de Jorge Palma na assistência, que tanto trauteava o “Dormia tão sossegada” como o “Só”. Algo entre os que cresceram com ele e os que com ele envelheceram.

Foi um concerto longo, sem encores, com o artista acompanhado pelos excelentes “Demitidos” a percorrer as décadas de carreira, com muitas recordações (excelente versão funk do “Frágil”, por exemplo), bem como com algumas músicas mais recentes, quer do último “Voo Nocturno”, quer do “Norte”.

Por uma questão de gosto pessoal, para que tivesse sido mesmo um concerto de discos pedidos, só faltou mesmo “Terra dos sonhos”, “Jeremias o fora-da-lei” e o sublime “Lado errado da noite”.

Globalmente, saí muito satisfeito. No entanto, para ser correcto, tenho de dizer que houve alguns pontos de que não gostei mesmo nada.

A colocação das colunas, laterais ao palco, por exemplo, impedia uma boa visualização do palco a todos quantos não conseguiram bilhete nas filas centrais de cadeiras.

O monólogo muito repetitivo e por vezes roçando o apalermado, do artista, dando inclusive a sensação de que o, esperado, estado ébrio foi propositadamente exagerado, quiçá por uma questão de imagem de marca…

E por muito que me custe, esperava mais algum profissionalismo. Houve uma frase, que Jorge Palma disse entre músicas, de que não me consigo esquecer. “Sinto-me feliz por poder fazer um ensaio com tanto público”. Eu, por acaso, senti isso. Senti-me a assistir a um ensaio geral dos concertos que Palma vai dar nos Coliseus.

Mas talvez tivesse elevado muito a fasquia. Ou talvez, a não se enganar nas letras e a ser mais profissional, não fosse, simplesmente, Palma.

Nós, os localistas

Disse-me um amigo que um colunista do Correio da Manhã, achou uma expressão minha, que, supunha ele, era relativa à regionalização, sintomática de um localismo onde “não importa se o todo (incluindo a minha parte) está mal desde que o meu vizinho não pareça ficar em melhor situação do que eu.”

Meu caro. Não creio que tenha percebido bem o que eu quis dizer e não me parece que essa argumentação me vá convencer do contrário.

Eu sinto-me vimaranense. Não me sinto minhoto ou nortenho. Nem me lembro de tal coisa. O meu comentário queria dizer, exactamente aquilo que lá estava. Não era referente a regionalização nenhuma. Falava na generalidade, abstraído da interpretação política que o mesmo poderia ter.

Mas se quer mesmo saber, não sou regionalista. E não reconheço ao Porto ou a Braga – e respectivas classes políticas – qualidades que me façam querer suspirar pela sua ascensão. Vejo melhor por cá. Mas ainda assim, mal por mal, prefiro ficar como estou. Incompetência por incompetência, que se mantenha – e este mantenha tem o sentido amancebado da coisa – apenas uma, a actual, a centralista, que já sai bastante cara.

Não tem nada a ver com invejas ou não querer que eles não pareçam estar melhor que nós. Isso é redutor. Isso soa-me a argumento de bracarense ou de portuense…

Gostei, no entanto de saber que, por aí, lêem jornais “localistas”, de cá, da invejosa província. Não gosto tanto é quando fantasiam, tentando interpretar as coisas que escrevo de modo tão simples e directo. O que disse e volto a dizer foi que sempre que me falam em Minho, penso que lá vêm os bracarenses com “ela fisgada”. E quando me falam no Norte, de certeza que no seguimento vão falar na “sua capital”.

Nada de novo, não é verdade?

16 de Novembro de 2007

Coisas que me vão fazendo confusão

Quando se que fazer uma obra ou remodelação, por exemplo, num apartamento, é ou não verdade que se opta por fazê-la em horário que cause o mínimo transtorno aos restantes condóminos?

É ou não verdade que num estabelecimento comercial as obras e/ou remodelações devem ser feitas quando não há clientes?

Então alguém me consegue explicar o porquê de, numa das mais congestionadas artérias de cá do burgo – a Teixeira de Pascoais, na Quinta – a vinte metros da esquadra da PSP, onde regularmente abunda o estacionamento em segunda fila e a anarquia no transito grassa por si só, terem decidido pintar uma passadeira às três horas da tarde, de um normal dia de trabalho?

Não sei se sou só eu

Nestes últimos tempos muito se tem falado no eixo Guimarães – Braga, região Minho e até na regionalização.

Não sei porquê, mas de cada vez que vêm com muito alarido em torno do Minho, eu não consigo deixar de ficar logo de pé atrás. Já sei que aí vem mais uma investida. Aí vem Braga a querer pôr-se em bicos de pés.

E acontece-me o mesmo com a “conversa” da região Norte. Só muda o protagonista. De Braga para o Porto.

Até que me provem que franchisar o centralismo é benéfico para Guimarães, manterei a minha posição actual. Pelo menos para já, há só um aparelho central para alimentar. O meu maior receio, enquanto vimaranense, foi que ao avançar para uma regionalização ou uma descentralização, Guimarães continuasse ostracizada e alheada dos centros de poder e que essa tal mudança para nada mais servisse que não fosse alimentar outros egos, continuando a “engordar outros porcos”.

Halloween em S. Torcato

Eu sei que este texto vai já com uma semanita de atraso, mas devido a afazeres profissionais, na passada semana não pude enviar a Coluna.

Se na passada semana teria pouca piada, agora corro o risco de não ter mesmo nenhuma.

Mas que não deixa de ser estranho, com ou sem piada, isso não.

Na tal noite, depois de mais um dia de trabalho, e quando nem sequer me lembrava de que essa era “a” noite, tocam à campainha de minha casa. Insistentemente. Enquanto desço as escadas, ensonado, para ver quem era, já não consegui ver ninguém. Tinha(m) ido embora.

Cerca de meia hora depois, repete-se a cena. Apenas com uma diferença. Eu já estava bem mais ensonado. Desço as escadas e desta vez ainda consegui ver pelo vídeo-porteiro um grupo de rapazes e raparigas, vestidos de preto.

Peguei no “telefone”. Ouvi do outro lado a dizerem: Doçura ou travessura. E logo comigo que adoro estas importações americanizadas.

Não pude crer. Estava eu descansadinho, ali para os lados de S. Torcato… Esperem aí. Há aqui algo que não “joga” bem. Halloween em S. Torcato? Está tudo doido…

Ao Guiness concorreu também

O FC Porto. Eu tinha sabido que se iam candidatar. Mas agora foi confirmado. Aparentemente, a fazer fé no site oficial “Já foi homologado o novo «Guiness World Record» estabelecido no Estádio do Dragão no passado dia 2 de Novembro, minutos antes do arranque do encontro entre F.C. Porto e Belenenses. A contagem final de aviões de papel que sobrevoaram o palco portista indica uns impressionantes 12.672 aviões lançados em simultâneo, que voaram pelo menos três metros e aterraram no relvado.”

Eu fiquei estupefacto. Mas mais fiquei ainda, quando soube que afinal “o anterior máximo de um evento do mesmo género ocorreu em Valência, Espanha, com um total de 2.113 aviões de papel lançados, registo amplamente batido.”

Já havia quem se tivesse lembrado de semelhante palermice. O que começa a rarear são coisas de que ninguém se tenha lembrado de candidatar ao Guiness.

Blogues, copy-paste e discussões estéreis

Sou leitor assíduo de blogues. Principalmente dos que dizem respeito a Guimarães e já por várias vezes referi, aqui na Coluna, alguns desses espaços individuais de opinião. Volta e meia, quando acho que devo, chego mesmo a recomendar um ou outro.

Ainda que mantenha um espaço na blogosfera, onde coloco os textos que aqui escrevo, não tenho a veleidade de considerar que tenha um blogue. Não é actualizado regularmente, chegando a haver até quinze dias entre postagens.

Na Coluna de 19 de Outubro de 2007, por exemplo, dei os parabéns ao blogue Colina Sagrada pelo convite que endereçou a cinco bloggers vimaranenses, para que cada um deles desse a sua opinião sobre um dos cinco projectos que a CMG apresentou, dando assim sequência e alargando o espectro do repto lançado pela própria autarquia que disponibilizou on-line as apresentações dos projectos, fomentando, assim, a sua discussão pública.

Os blogues, e nesse particular os que versam sobre Guimarães não são excepção, têm a facilidade de poderem ser actualizados pelos seus autores, consoante a disponibilidade de cada qual, querendo isto dizer que se esta for muita, os posts diários poderão aumentar na razão directa. Se pensarmos que existirão mais de dez blogues vimaranenses, com pelo menos uma actualização diária, estamos a falar de uns setenta posts. Numa semana.

Eu, nesta singela coluna, “tenho direito” a um único, passe a expressão, post semanal. E com limite de caracteres.

À quantidade de assuntos que são abordados nos blogues – que leio porque quero e gosto e que, tal como livros ou mesmo os jornais, revistas que leio e demais media que oiço ou vejo, acabam por, de uma ou de outra forma, influenciar aquilo sobre o qual escrevo – acabará por ser normal que os meus “desabafos” coincidam com muito do que se escreve na blogosfera.

Aparentemente quebrei um qualquer código, que desconhecia, quiçá por não ser blogger, de não poder abordar assuntos que já tenham sido abordados por outrem. E é-me vedada a concordância com opiniões emitidas por bloggers, nem que seja em algo tão banal como dizer “Parece-me que tanto podia estar a ver o Toural como a Avenida Central em Braga”, opinião expressa, também, num blogue de Tiago Laranjeiro (http://matermatuta.blogpsot.com).

Não posso concordar, ainda que concorde, de facto, com o que o Tiago escreveu. Ainda que tenham sido várias as pessoas, a dar opinião idêntica, na apresentação pública dos projectos que decorreu no CCVF, de tão óbvia que é a semelhança com aquela praça bracarense…

E ainda que, em conversa com amigos, tenha gracejado, antes sequer de ter lido o texto do Tiago, dizendo que aquilo é tão parecido com a Av. Central, que até o João Gomes Oliveira (ex-presidente do Braga) andava por lá a passear, devido às parecenças de um dos “figurantes” colado nas ilustrações do projecto, com esse empresário bracarense. Não. Não posso. É plágio. Ou copy-paste.

Caiu o Carmo e a Trindade. Aqui d’El Rei, que este anda armado em Clara Pinto Correia. Eu, o herege, até disse que o Toural sem árvores não me faz confusão.

E juizinho, não?

Meus caros bloggers, peço desculpa por ter afrontado tão novel – e no entanto, já tão forte e coesa – corporação.

Esta coluna, que é de autor, na sua maioria, consiste na descrição de experiências minhas, ou de amigos e familiares, com mais ou menos piada e de situações que vou recortando, ali e acolá e que acho que aqui, aos meus leitores poderão interessar. Há quem goste e há quem não goste. Os segundos, têm bom remédio. E sabem qual é.

Mal de mim se de cada vez que usar a expressão direito à indignação, tiver de referir o seu pai, por exemplo.

Eu tenho opinião diferente da da maioria, no que toca a muitos assuntos. Mas não me sinto obrigado a ter opinião diferente, só porque sim, para fugir do mainstream. E não me custa nada admitir que os argumentos de outros, que vou recolhendo, aqui e ali, quando os considere bons e válidos, vão ajudando à formação da minha opinião.

Podia perfeitamente não ter respondido a esta polémica na versão impressa do NG e deixado esta discussão apenas ao nível da blogosfera, votando-a a uma existência tão efémera quanto o são a maioria dos posts. Mas não. Faço-o aqui porque nunca fui de fugir ou esconder-me e porque acho que os meus leitores merecem.

Não porque A, B ou C, mais ou menos atrás de pseudónimos, ou nomes “anónimos”, acham que devo. Faço-o, acima de tudo, por uma questão de princípios. Dos quais não abdico.

sexta-feira, novembro 02, 2007

02 de Novembro de 2007

Toural 0 x Alameda 3

Conforme tinha prometido, há duas colunas/semanas atrás vou aqui dar a minha opinião sobre os 5 projectos que prometem mudar Guimarães, como a conhecemos. Fá-lo-ei à minha maneira. Despretensiosamente e sem querer aqui repetir opiniões recolhidas aqui e ali, chapando-as como minhas.

Não sou arquitecto e nem tenho grandes noções de paisagismo ou urbanismo. Mas em contrapartida, sei bem do que gosto. E sei que estes projectos são para Guimarães e para os vimaranenses.

Logo aí dou os parabéns à Câmara Municipal por fomentar a discussão.

Apraz-me ver que, de quando em vez, há quem em cargos públicos ou eleitos, não se veja como “o” iluminado, mas sim como um executor. Como alguém que gere o património de outrem. E cuja opinião deve valer tanto como a de qualquer outro contribuinte.

Feito este intróito, vou dar uma resumida opinião sobre o que achei do projecto para o Toural / Alameda.

Resume-se a isto: Toural 0 x Alameda 3

Se a solução, pelo que me é possível vislumbrar, para a Alameda, me parece muito bem, pelo compromisso de manutenção e melhoria dos espaços verdes, pela solução de retirar o trânsito da actual via superior, já ao olhar para a imagem 3D do Toural, não me agrada.

Não gosto. Parece-me que tanto podia estar a ver o Toural como a Avenida Central em Braga ou o largo que fizeram no Centro de Celorico.

Falta-lhe identidade. Falta-lhe carácter. Falta-lhe vimaranensidade.

Não vejo ali Guimarães. Não vejo nela nada que retrate aquilo que nos caracteriza. Não tem qualquer imponência. É desprovida de qualquer factor diferenciador.

Não vou pelo fait divers das arvorezinhas, coitadinhas, porque não me parece que esse seja realmente o cerne da questão. Árvores já as lá, na Alameda, temos e a qualquer altura se podem lá, no Toural, “colocar” outras.

Não me sinto também habilitado a dizer qual seria a solução para dar o tal carácter, a tal imponência e dimensão histórica que falta à nossa Praça Maior, pois para isso, aí sim, acho que há profissionais pagos para o efeito.

Agora, para finalizar, não tenho dúvidas nenhumas de que Guimarães beneficiará da criação dessa enorme zona pedonal. Ganham os vimaranenses, ganham os comerciantes da zona do centro histórico e ganharão os turistas.

Não tenho dúvidas de que é um projecto essencial e imprescindível para a manutenção e melhoria de um comércio tradicional que definha.

E merece o meu apoio. Mas não com este Toural.

Parece fetiche

Eu sei que já começa a parecer fetiche esta minha implicância com o antigo Guiness Book of Records, que agora se chama Guiness World Records, mas juro que me intriga mesmo.

Eu sei que quando era miúdo – já há uns anos largos, diga-se de passagem – me ofereceram um exemplar dessa edição. Que me lembra, na altura, eram muito poucos os recordes portugueses.

De então para cá, quase semanalmente, há um português qualquer que acha que deve constar no livro, porque faz o maior “não importa o quê” do mundo. Sinceramente não sei se todos eles conseguem nele figurar ou não e nem me importa. Mas mesmo que só metade consiga passar pelo processo de “beatificação dos tempos modernos”, neste momento o livro deve vir em vários volumes, ao jeito de enciclopédia.

sexta-feira, outubro 26, 2007

26 de Outubro de 2007

Corta e prega

Primeiro foi o Reinaldo, agora o Café Toural.

Para quem não sabe, ou já se esqueceu, a história d’O Reinaldo – reputado lateral esquerdo da série A3 do campeonato paulista – conta-se em poucas palavras.

Consumado o regresso do Vitória à primeira divisão, andava toda a imprensa em busca da primeira-mão, do exclusivo, da notícia e primeira declaração do novo craque.

No fórum VitóriaSempre.net, um forista lembra-se e inventa uma notícia, que passo a citar:

“Indaiatuba- O Vitória Sport Club de Portugal vem tentando contratar o lateral-esquerdo Reinaldo, atualmente no Esporte Clube Primavera de São Paulo, que disputa a serie A3. Mas, por enquanto, o assunto não passa de especulação. Pelo menos foi o que afirmou o próprio jogador.

"Nada de oficial. Tenho contrato de mais uma temporada com o Primavera. Não posso simplesmente dizer que existe uma especulação, pois os dirigentes não me liberariam", contou, em entrevista à Folha da Gente.

Porém, o lateral-esquerdo deu uma esperança para a diretoria do Vitória portugues. "Com uma proposta oficial, não teremos problemas para negociar", encerrou Reinaldo.”

Assim rezava a notícia.

Como a pressa é inimiga da perfeição, na altura, tal era a ânsia e a sofreguidão que houve um jornalista local que, sem confirmar o que quer que fosse, deu a notícia. Afinal de contas, veio-se a descobrir que tal clube não existe e não disputa qualquer série A3, nem muito menos existe qualquer jornal com aquele nome. Foi apenas uma brincadeira.

Esta semana passou-se algo bastante parecido. Para quem anda atento à blogosfera, principalmente à vimaranense, reparou por certo numa série de mensagens, em jeito de nota de imprensa, colocados em tudo o que era site e/ou blog vimaranense.

Nesse comunicado, sem qualquer contacto, para que se pudesse obter mais informações acerca de tão avultado investimento, que não fosse pela mesma via (e-mail), aludiam à constituição de uma sociedade para a reconstrução do mítico Café Toural, cujo projecto seria da autoria de um arquitecto espanhol e já com inauguração marcada para depois da conclusão das obras da Alameda / Toural.

O Café Toural, entretanto, antecipou a sua Inauguração. Já abriu.

Mais não é (sem desprimor de qualquer espécie) que um blog com esse nome. A não ser que seja leitor de um jornal local. Aí é diferente.

Também neste caso, houve quem tomasse como sério o comunicado.

Não quero com isto dizer que a mim não me aconteceria, de maneira nenhuma. Mas que não deixa de ter a sua piada… isso é inegável.

And the winner is:

O 2008 ainda nem começou e eu já estou em condições de adiantar quem ganha o prémio para o anúncio mais estúpido da televisão portuguesa no triénio 2007-2009.

Se já viram a nova publicidade aos medicamentos genéricos, sabem daquilo que estou a falar.

Sim… aquele mesmo. Do senhor que vem de fato de treino, todo janota e, casualmente, ouve um conversa entre duas idosas, em que uma diz a palavra Segurança.

Retorque o vetusto desportista: Segurança? Estão a falar de genéricos!

Claro que sim. De que outra coisa se fala quando se diz a palavra genéricos, que não de segurança?

Isto abre aqui todo um novo mundo na comunicação. Estão lançadas as bases para que tenhamos, a curto prazo em anúncios de difusão nacional, por exemplo, as seguintes perguntas e respostas:

Velocidade? Estão a falar de queijo flamengo!

Ou ainda:

Fiabilidade? Eu também gostei muito do álbum do Bonga!

Ou a incontornável:

Reinaldo? Vi-o agora a tomar um bagaço, no Café Toural.

Eu não sei quanto custou a campanha, mas acredito que este é um dos casos em que a agência que criou tal anormalidade devia ser proibida de trabalhar na área. E ser processada por quem a contratou. E já agora, também pelos espectadores. Até dói tanta estupidez.

Novamente o Guiness

Desta vez foi a maior pote do mundo. Sinceramente nem me lembro qual foi a terra. Nem de que era feito o pote. E nem sequer me apetece fazer uma pesquisa na Internet para confirmar.

Ainda está para vir a semana em que não há um tuga a dizer que fez a maior coisa do mundo. Já não há paciência.

Meus amigos, metam isto na cabeça de uma vez por todas:

É claro que aquele é o maior pote de barro do mundo. Mais ninguém achava isso interessante. Mais ninguém se lembraria de candidatar isso ao Guiness.

È normal que consigam figurar no Livro dos Recordes. Se não conseguissem é que era de estranhar. Seria como correr sozinho e chegar em segundo…

19 de Outubro de 2007

5 Projectos para mudar Guimarães

Aqui está um dos assuntos que mais discussão tem suscitado nestes últimos tempos.

Sendo eu, como é sabido, um frequentador assíduo da blogosfera, mormente da vimaranense, não posso deixar de saudar algumas das opiniões que têm vindo a ser publicadas nos blogs sobre Guimarães, nomeadamente o desafio lançado na Colina Sagrada (http://colinasagrada.blogspot.com), para que cinco bloggers opinem cada um sobre um dos cinco projectos.

Se muitas vezes eu sou – e sei que sou – um tanto ou quanto duro nas opiniões e críticas aqui emitidas, sei também ser suficientemente justo para saudar as boas iniciativas.

Neste caso em particular o modo como a Câmara Municipal de Guimarães incentiva a discussão em torno destes projectos, parece-me ser um excelente princípio. E a discussão na blogosfera é resultado disso mesmo.

Afinal de contas, a cidade é de e para todos nós. E agora, para além de médico, louco, treinador de futebol e director de marketing, todos temos um pouco de arquitecto. E paisagista. E opinamos fervorosamente.

E eu acho muito bem. Eu sei que a opinião que tenho – tal como 99,9% dos vimaranenses – sobre o assunto em epígrafe não tem qualquer base ou sustentação técnica ou científica.

Posso não perceber muito de arquitectura e menos ainda de paisagismo ou urbanismo, mas sei muito bem do que gosto e do que não gosto.

E por isso mesmo, em semanas ulteriores farei aqui uma análise a cada um dos cinco projectos apresentados.

Tendo como base apenas e só o meu gosto. Afinal de contas, também eu irei deles usufruir. E ajudar a pagar, já agora…

Liberdade versus libertinagem

Uma das liberdades mais apregoadas e exigidas, pelos mais variados propósitos, muitas das vezes revela-se um dos mistérios mais misteriosos, passe a redundância, do mundo moderno é a liberdade de imprensa, aplicada à imprensa cor-de-rosa. Se muitas vezes até tem a sua piada ler acerca dos mexericos alheios, quando isso se passa com a nossa família, já a porca torce o rabo.

E o que mais me incomoda é a desfaçatez com que a “imprensa” deturpa totalmente a seu bel-prazer declarações, faz as “notícias” conforme aquilo que acha ser o interesse do seu público, vai cobrir alhos e publica bugalhos…

Há umas semanas atrás uma familiar minha, empresária de renome e reconhecido sucesso do mundo da moda, decidiu fazer – com é seu hábito – uma apresentação da nova colecção da sua loja. Evento superiormente organizado, passagem de modelos irrepreensível, nada ficando a dever a eventos do género que se vêm por esse mundo fora.

De televisões a rádios, não esquecendo a imprensa escrita, e até à “cor-de-rosa” poucos faltaram. O naipe de convidados também ajudava, já que algumas figuras incontornáveis do social lisboeta fizeram questão de dizer presente.

Estavam à partida reunidas todas as condições para que todas as reportagens relativas ao evento fossem unânimes e reproduzissem o efectivo sucesso da iniciativa. Assim não foi. Alguma imprensa, que tinha ido lá cobrir um evento de moda, decidiu abstrair-se desse facto e reportar apenas a reacção do meu cunhado a uma pergunta sobre uma relação, terminada há anos, dele com uma agora, figura pública.

E assim decidiram que nem uma linha o evento mereceria. Isso não importava nada. Nem muito menos importava que fosse até ofensivo estarem a fazer, ao companheiro da anfitriã, perguntas pessoais de um anterior relação.

Que vergonha. Se é para isto que a imprensa exige liberdade, imponha-se então limites a essa liberdade.

Neste caso, claramente, ela não acabou onde começava a liberdade da minha cunhada.

Eu sei que normalmente esta coluna não é tão pessoal, mas como este foi um caso de repercussão nacional e mais importante que isso, que mexeu verdadeiramente comigo, julgo poderem os meus leitores perdoarem-me por este desabafo. Quem não se sente não é filho de boa gente. E isto poderia acontecer com qualquer um de vós.

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