segunda-feira, dezembro 31, 2007

28 de Dezembro de 2007

O crime do frasco de piripiri

Era antevéspera de Natal. A noite fria e chuvosa convidava a um jantar romântico. Após escolha aturada, chegou à conclusão de que aquele era o restaurante ideal para o efeito.

Aquele acolhedor ar de cantina italiana, os fumados pendurados, o imponente forno de lenha, que aquecia o ar e os corações dos presentes, à medida que se saboreava o vinho tinto, aumentava a vontade de fazer algo proibido. Enquanto se esperava pelo prato olhava-se em volta e a respirava-se Natal. Ele eram as famílias felizes – porque também as há, até em Guimarães – nas mesas, as luzinhas na árvore, o spray de neve nas janelas com os dizeres do costume e os leds azuis nas ameias do Castelo.

Chegado o prato principal, alguém pede molho picante.

Prontamente, como é seu apanágio o sempre solícito empregado apresenta duas alternativas: o vulgar tabasco (na sua tradicional roupagem avermelhada) ou este, que é caseiro (embalado em garrafa de azeite). Se pudessem ter visto o receio com que foi apresentado o “este”, por oposição à descontracção com que o fez “àquele”. Parecia, por momentos, que o experimentado chefe de sala se havia transformado num perigoso traficante, tentando sub-repticiamente dissimular uma transacção de um perigoso produto ilícito.

O pavor estampado no rosto, os olhos olhando em volta não fosse haver ali um qualquer bufo que fosse a correr dizer à ASAE que naquela garrafinha que outrora fora de azeite Romeu, agora de Romeu nada mais tinha que o rótulo.

O que lá dentro havia, nada mais era que um delicioso piripiri caseiro. Vendido às escondidas. Não fosse a ASAE tecê-las.

David Fonseca

É a primeira vez que vou ver David Fonseca a solo. Como sempre acontece, nestas coisas e comigo, lembrei-me dois dias antes do concerto que para o ver era preciso bilhete, mesmo já sabendo há quase um mês que o ex-vocalista dos Silence 4 vinha a Guimarães.

Correu bem e lá consegui arranjar os ingressos que me vão permitir voltar ao São Mamede uns anos depois da minha última visita lá (então como cinema), agora com duas ausências de vulto, a do Sr. Matos e a do Sr. Roldão no bar…

Confesso que estou curioso. Pelas indicações que me deram o conceito está bem conseguido e a acústica da sala irrepreensível.

Mais logo confirmo. Para a semana digo-vos como foi.

No melhor pano cai a nódoa

Já várias vezes me assumi como leitor do jornal desportivo supracitado, porque gosto e, quanto mais não fosse, porque a gratidão é uma coisa bonita e nunca me hei-de esquecer de quem, quando descemos à segunda nunca deixou de nos tratar com o respeito que merecemos, independentemente da divisão que disputemos.

Talvez por o ter feito – inclusive aqui nesta coluna – me sinto perfeitamente à vontade para vos dizer que no melhor pano caiu a nódoa.

O jornalista Jorge Fonseca, na edição do dia de Natal, decidiu armar-se em sociólogo tentando escalpelizar o problema das crónicas fracas assistências do Braga. Até aí nada de mal. Diz ele que o estádio é mais longe do centro 1,5 kms do que o antigo 28 de Maio que ficava só a um quilómetro, não há estacionamento, os jogos são quase todos à noite e o “famoso microclima de Dume” (esta expressão é minha, já que o que o jornalista diz é que o tempo chuvoso e húmido de Dume) ajudaram ao êxodo, principalmente dos mais antigos.

Aqui comecei a ficar baralhado. Não percebi se lia uma notícia, um artigo de opinião ou um estudo científico.

E o que é que nós temos a ver com isso? Pois. Isso vem agora.

Como não podia deixar de ser, tínhamos de vir à baila. Agora é moda… Não se consegue falar do falhanço das assistências do Braga, sem nós sermos chamados à colação.

Afinal fiquei a saber que nós temos assistências muito superiores ao Braga porque “Braga reúne factores que contribuem para uma maior diversão dos residentes, já que possui mais teatros, cinemas, centros comerciais e até zonas pedonais do que a Cidade Berço, tradicionalmente mais fechada a inovações, apesar do esforço da autarquia para a dotar de equipamento à altura de uma Capital Europeia da Cultura.

Desculpe lá… importa-se de repetir? Acho que não percebi bem. Basicamente, como não temos que fazer vamos à bola, é isso? Então Leiria e a Figueira da Foz devem ter uma vida cultural ao nível de Nova Iorque…

As palermices continuam, mas para mim já bastava. Não li mais uma linha.

Para mim esta notíciazeca mais não é que propaganda. E da fraca. Um jornalista a arranjar desculpas esfarrapadas para o facto do Braga ter fracas assistências.

Que tentem arranjar forma de contornar esse problema, mas que nos deixem descansadinhos.

Já estou farto, enquanto vitoriano, de ser usado como arma de arremesso do presidente do Sporting local, quando lhe dá jeito, aos seus associados. E ainda há quem por cá fique feliz a pensar que ele nos elogia. Para citar Ricardo Araújo Pereira, Salvador: o que tu queres sei eu…

Em relação ao texto d’O Jogo, podia-me dar ao trabalho de contrariar com factos as especulações absurdas que deram à estampa no dia de Natal, mas nem sequer merecem esse esforço da minha parte, primeiro porque me sinto pesado depois da comilança de Natal e depois porque quero que me provem a relação de causa efeito das zonas pedonais com as assistências dos clubes de futebol onde elas existem…

Fico à espera. Sentado.

E para terminar o ano

Resta-me desejar-vos umas excelentes entradas em 2008. E se não for pedir muito, que continuem a ter um bocadinho de paciência para ir lendo esta coluna de vez em quando.

Prometo que este ano já não volto a maçar-vos…

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