14 de Dezembro de 2007
Espinhas dorsais (e falta delas)
Nunca tive um conhecimento muito aprofundado de José Miguel Júdice, mas era uma das figuras do PSD, por quem eu até nutria alguma simpatia.
Não tinha nenhum motivo em particular, mas a distância com que via os acontecimentos desenrolarem-se nos sociais-democratas, levavam-me a pensar que aquele “barão” seria uma reserva do partido.
Mesmo não sendo social-democrata, posso dizer que essa personagem me desiludiu. Quando vi a sua nojenta intervenção aquando das últimas autárquicas, vi de que era feito aquilo. Da mais pura matéria escroque. E como sempre detestei vira-casacas e gente que se esquece de onde veio, aquilo enojou-me.
Quando vi agora as suas declarações acerca do novo bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto, fiquei com a certeza de que Marinho Pinto será um bom bastonário. Se Júdice diz que Marinho Pinto «é um populista como populista foi Mussolini e como populista é Hugo Chávez», Marinho Pinto está no bom caminho.
Críticas de gente sem escrúpulos são medalhas no peito de quem tem espinha dorsal.
Guimarães on fire
O fim-de-semana passado foi uma verdadeira maratona de lazer. Ele era a 53ª Reabertura da discoteca Trás-Tás, na Rua Gil Vicente. P’rás bandas de Azurém, a abertura do La Movida Beach (não posso confirmar, mas disseram-me que aquilo até tem tubarões pendurados e guaritas de nadador-salvador à Marés Vivas). Já nas galerias do Estádio, uma festa com Dj’s e tal…
E isto já para não falar da oferta cultural “tradicional” em Guimarães, que actualmente “pede meças” (adoro esta expressão) a muito boa metrópole.
Com a recente reabertura do antigo cinema S. Mamede, agora com nova vida como casa de espectáculos (concerto memorável dos Nouvelle Vague, segundo alguns amigos que foram, que isto de ser chefe de família não me deixa tanto tempo para lazer como gostava) mais o Centro Cultural Vila Flor, mais o que algumas associações (Convívio, por exemplo) nos vão propondo e a programação esporádica do Multiusos, creio que estamos a dar passos muito firmes para que a “nossa” Capital Europeia da Cultura seja memorável. Não nos podemos queixar de falta de oferta.
De saudar a iniciativa privada, que está a dar mostras de ter sensibilidade para acompanhar a tendência e aproveitar esta onda.
Creio que posso dizer que Guimarães se está a assumir como uma cidade cada vez mais cosmopolita.
Restaurantes alternativos em Guimarães
Se há uns anos atrás me dissessem que haveria mercado, em Guimarães, para três restaurantes vegetarianos e um japonês, eu discordaria imediatamente.
Guimarães é terra de bom comer e isso não pega, retorquiria. Aqui é mais rojões, papas, assados com arrozinho e batatas, acrescentaria ainda, quem sabe até um pouco preconceituosamente.
Mas o que é certo é que no ano de dois mil e sete, isso é o que acontece. É mais um dos traços do crescente cosmopolitismo cá do burgo.
Na zona urbana de Guimarães, que eu tenha conhecimento, há actualmente três restaurantes vegetarianos e um japonês.
Em relação ao japonês, não me vou pronunciar, já que até hoje ainda não consegui “cosmopolizar-me” o suficiente para que conseguisse arranjar coragem. Aí assumo-me como totalmente provinciano e preconceituoso. Pelo menos para já… É que até há bem pouco tempo atrás, também o era, mas em relação à comida vegetariana.
Digo até há bem pouco tempo porque, hoje em dia, vou frequentemente a dois dos restaurantes vegetarianos que por cá há. Só ainda não fiz o pleno porque, sempre que tento ir a um que há no centro histórico, acabo por não conseguir resistir a andar mais uns metros e comer uma boa pasta.
Por isso sinto-me à vontade para falar sobre essas duas casas – uma em frente ao Paço dos Duques, quem desce para o Carmo e outra em frente ao Complexo Desportivo do Vitória – já que o faço com conhecimento de causa.
Tenho de ser sincero e dizer que inicialmente comecei a comer vegetariano por uma questão de necessidade estética (leia-se estava mesmo gordo e tive de ganhar juízo). E mesmo assim com alguma relutância, já que tinha a ideia preconcebida de que aquilo não sabia a nada e era uma mania de alguns intelectuais fundamentalistas da comida. Por essas e por outras, lá comecei a coisa, meio a medo.
Hoje em dia, já não. Faço-o por opção e com alguma frequência. E porque gosto.
E por isso posso dizer que fiquei verdadeiramente surpreendido com a adesão que tem havido a esses conceitos, a priori, tão pouco vimaranenses. Tão surpreendido que este será um assunto que merecerá da minha parte, em colunas futuras, uma análise mais aprofundada.
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