sexta-feira, junho 22, 2007

22 de Junho de 2007

Onde é que estavas no 25 de Abril?

E de repente vem-me à memória aquela personagem do Herman, parodiando Baptista Bastos e seu papillon, imitando a voz inconfundível, com a eterna pergunta:

Onde é que estavas no 25 de Abril?

Para quem, como eu, cresceu com os sketches de programas como Hermanias, O Tal Canal, Casino Royal e outros do Herman José, é impossível não sorrir ao lembrar-se desta mítica tirada e outras do mesmo calibre.

Já não bastava toda a gente andar a “bater no ceguinho”, criticando a sua Hora H, ainda lhe querem roubar o espaço das suas piadas.

De facto Herman foi ultrapassado. Um comediante madeirense, que não o Alberto João, tirou-lhe o lugar. No futuro ninguém mais vai brincar com a frase do título. Agora o que está a dar é a versão berardiana:

- Onde é que estavas com 25 anos?

Isto é com cada uma…

Cá para mim, este Joe Berardo está-se a armar. Já não bastava a figura ridícula de sair duma Assembleia-Geral do BCP, qual Rocky Balboa, mas vestido de preto, ainda temos de o ouvir agora a falar sobre futebol.

Quem me conhece sabe que sou visceralmente anti-benfiquista. Como também sou anti-portista, anti-sportinguista, anti-bracarense, anti-boavisteiro, o que me dá particular “resistência no telhado” para falar sobre este assunto sem medo de que me possam ser atiradas pedras.

Neste particular acho que o Berardo tinha estado muito bem caladinho. Questionar o benfiquismo de Rui Costa por não estar na Luz aos 25 anos é o exemplo máximo de alguém que calado é poeta. Neste caso parece-me claramente uma injustiça. Se no que diz respeito ao “pesetero” Luís Figo o seu sportinguismo sempre soou a falso, no caso do antigo nº 10 da selecção das quinas, parece-me inquestionável.

E o Berardo, que tem cara de perceber de futebol tanto como eu de Art Deco, devia por os olhos no asilo de 3ª idade – que não tem nada a ver com o asilo da Luz, é certo, mas ainda assim a idade é um posto e merece respeito – que ganhou esta edição da Liga dos Campeões.

Parece que já chegamos à Madeira…

Já chegamos à Madeira?

Sócrates não para de surpreender na sua procura incessante de conflitos.

O seu respeito institucional (ou falta dele) é realmente uma coisa do outro mundo.

Agora na tomada de posse do X Governo Regional da Madeira, o Governo da República envia um Secretário de Estado Adjunto como representante.

Perde a batalha no Tribunal Administrativo e Fiscal do Funchal que ordenou ao Ministério de Finanças a transferência de 25 milhões de euros retidos por este organismo como penalização por alegada violação dos limites de endividamento por parte do Governo Regional, mas ainda assim continua, denotando mau perder, com estas mensagens subliminares.

Por falar em mensagens subliminares

Vítor Magalhães, ex presidente do Vitória vai ser agraciado, no dia 24 de Junho, com a Medalha de Mérito em Ouro, pela sua actividade empresarial.

E logo agora. Timing perfeitamente inocente. Pelo menos tão inocente quanto nos acham. Pois. Está bem.

O que é que eu tenho a ver com isso?

Será que só eu é que fico incomodado com o destaque que as eleições intercalares para a Câmara de Lisboa têm na imprensa nacional?

De jornais nacionais, a rádios e até debates em canais de televisão, todos os dias temos de aturar os habitantes da Mouraria, Alfama, Benfica e outros a queixarem-se?

O que é que eu tenho a ver com isso? Não têm por lá imprensa local ou regional?

Não tenho memória de ter visto algum destaque relativo à Câmara Municipal de Guimarães nesses órgãos de comunicação social que, agora, nos bombardeiam com coisas que só interessam aos alfacinhas.

É este o pior tipo de centralismo. Já nem dão por ela da falta de respeito que isto é. Já não basta eu ter de, de manhã, na estrada S. Torcato – Guimarães, ficar a saber que nas Calvanas o trânsito está lento, muito congestionado no IC19 e intransitável nas Amoreiras. Sem essa informação, provavelmente demoraria mais 30 segundos a chegar à rotunda de Azurém…

O País não é Lisboa. Parece que há pouca gente que ainda se indigna com isto tal é a regularidade com que estas coisas acontecem.

Já as dão como um dado adquirido. Algum dia tem de começar a mudar. Sinceramente, não me podia importar menos o que José Sá Fernandes acha do problema do corredor verde de não sei onde.

Diria mais ainda. Importa-me isso tanto quanto importa a um Lisboeta o problema do trânsito na Circular de Guimarães entre o nó do Hospital e o da Senhora da Conceição. Será talvez, um pouco menos que… nada!

15 de Junho de 2007

Os verdadeiros democratas (parte II)

Na parte I deste item, na coluna da passada semana, terminei dizendo que começava a ficar com medo. Se bem se lembram, o texto versava sobre a recompensa à delatora do caso Charrua, porque o castigo ao Charrua, itself, já houvera sido amplamente debatido. E começo a ficar mesmo com medo. Com medo das perseguições movidas por estes políticos.

Nos mais variados sectores da sociedade, os políticos gostam de se imiscuir. De mandar. Mandar recados, mandar em alguém. Mesmo de fora, mandar. De preferência, ter alguém bem mandado, dá mais jeito do que estar presencialmente. Se se conseguir ir moldando, minando, orquestrando, colocando, tirando e pondo, riscando, do lado de fora, sem a necessidade de exposição e aborrecimentos dela indissociáveis, óptimo.

E esse é um dos segredos do sucesso na política. Dessas relações, dessas teias, dessas interdependências, dos jobs e dos boys, depende a sobrevivência num mundo tão canino e manhoso quanto esse.

Deve ser por isso que nunca me “dei bem” na política.

Valha-nos que vivemos num Estado de Direito, que assenta na separação de poderes. Já imaginaram o que seria se por acaso também conseguissem, na magistratura, mover influências? Ou se a polícia deles dependesse? Com toda esta tentação totalitária, seria, no mínimo, muito perigoso.

A ditadura dos telemóveis

Há por estes dias que correm, uma quase dependência dos telemóveis. Eu faço mea culpa. Também eu dou para esse peditório.

Aquilo que à partida seria uma ferramenta, um utensílio, do qual nós retiraríamos alguma utilidade, transformou-se num vício. Numa prisão.

É hoje quase impensável sair de casa sem, pelo menos, um telemóvel. Sendo que por telemóvel, agora, tem-se um aparelho com máquina fotográfica, software variado, leitor de mp3, Windows, bluetooth, wi-fi, e-mail e que, vejam lá, até faz chamadas.

Tento-me lembrar de como era “dantes”.

Naquele tempo, que hoje parece tão distante mas que não vai há muito mais de dez anos, em que os miúdos, chegadas as férias grandes, brincavam de manhã à noite, andavam de bicicleta, davam grandes passeios e passavam horas sem passar em casa. E tudo isto sem telemóvel.

No tempo em que, quando se precisava de pedir aos pais para nos irem buscar e tínhamos de ir a um café e ligar para aquela coisa antiga e em desuso, que é um telefone de rede fixa.

O anacrónico e ultrapassado telefone. Aquela coisa que se não nos apetecesse atender, ninguém levava a mal, porque podíamos não estar em casa.

Sem a obrigação de estar contactável. Sem o sentimento de culpa por não atender o telemóvel, quando não apetece. Sem necessidade de uma justificação rocambolesca, do género “não tenho rede” ou “estou a ficar sem bateria”.

Agora não. Temos de atender. Se não atendemos ainda levam a mal.

Os pais não podem ter os filhos uns minutos sem estarem contactáveis. E vice-versa. Nas empresas, sob pretexto de terem de reagir na hora e de terem de estar contactáveis a qualquer hora, o telefone no ouvido ocupa certamente mais de metade do dia de trabalho.

Estou em crer que se pusermos nos pratos da balança os prós e os contras desta coisa, o dos benefícios não suplantará o dos transtornos.

Mas isto, sou eu a falar…

O desânimo

Há determinadas alturas em que, quem sabe, devido ao cansaço, ou até à mesquinhez que nos rodeia, o desânimo ameaça levar a melhor sobre a vontade de fazer sempre mais e melhor.

Esta é uma delas. Amanhã veremos.

segunda-feira, junho 11, 2007

08 de Junho de 2007

Os verdadeiros democratas

Ainda que já tenha ocorrido há algumas semanas, só agora fiquei com a certeza absoluta de que tinha de desabafar sobre isto.

Estava hesitante, mas quando o telejornal da RTP abre com a notícia de que a responsável pela suspensão de Fernando Charrua, o professor que, em privado, fez uma piada sobre o primeiro ministro, foi reconduzida no cargo, a revolta apoderou-se de mim. O pidesco processo, já amplamente debatido e dissecado, parecia já estar quase a ficar esquecido, quando vemos que afinal a recompensa ao carrasco não tardou.

Não tarda muito, veremos o colega delator – eufemismo para chibo – também promovido. Onde pararemos a seguir? Não sei. Mas isto de ver punições por delito de opinião, não lembra a ninguém. A não ser, talvez, aos bastiões da verdadeira democracia, a pura, a única, a democracia socrática.

Quando uma piada num gabinete, sobre uma matéria do anedotário nacional – a licenciatura Independente em Engenharia de José Sócrates – dá direito a represálias, começo a ficar com medo…

Heróis da Net

Um amigo meu usa uma expressão, à qual acho um piadão, que é a que dá título a este pequeno texto, que é “heróis da Net”.

De facto, desde os tempos do mIRC – um, agora, obsoleto programa de conversação na Internet, que nos seus tempos áureos, nomeadamente na rede Undernet, era ponto de encontro de milhares de internautas – que, volta e meia, lá aparecia um ou outro pato bravo que, a coberto do sempre útil, para os cobardes, anonimato desafiava tudo e todos, atacava a torto e a direito, ameaçava, fazia e acontecia.

Na maioria das vezes, quando descoberta a verdadeira identidade do artista, não passava do miúdo que nunca tinha tido uma namorada, a quem nunca deixavam jogar futebol, foi várias vezes “ao poste” no Liceu e que passara uma adolescência infeliz, sofrendo claramente os efeitos de uma utilização excessiva do computador.

No entanto, atrás de um computador, tínhamos um Incrível Hulk. Transfigurava-se. Tínhamos homem.

O mIRC passou de moda, mas essa outra moda perdurou. Seja em sites ou blogues, o que não falta é gente, muito cáustica e directa, a dizer mal de tudo e todos, mas sem dar a cara. Muito frontais, portanto.

Isto de, atrás de um nickname dizer aquilo que, por este ou aquele motivo, não se assume, na minha opinião, não passa de uma canalhice. Coisas de ganapos. Mas há quem ache muita piada. O que eu gosto é de ver homenzinhos para assinar e dar a cara por uma opinião, ainda que desalinhada, divergente ou polémica é que é preciso.

É que isso é demonstrativo de uma fraqueza muito típica desta zona e que teima em não mudar. Criticar quem faz, mas nunca fazendo e nem assumindo qualquer responsabilidade. Atirar a pedra e esconder a mão.

Mas quer-me parecer que já perdi tempo demais com isto…

Titulocracia

Um cronista de relevo nacional, podendo até ser considerado uma referência, na sua área, defendeu que se devia abdicar do uso indiscriminado do título académico de Dr. em favor de um título profissional. O advogado teria como título advogado, por exemplo, e o Dr. seria o médico. Nada contra. Acho apenas que um argumento que vem exposto nesse texto remete essa opinião para o canto das opiniões tendenciosas e corporativas.

Dizer que agora, com Bolonha, se corre o risco de a curto prazo termos milhares de Drs. o que dá a entender é que esta não é uma opinião contra a titulocracia, mas sim a favor da manutenção da exigida deferência no tratamento a que alguns drs. se habituaram.

domingo, junho 03, 2007

1 de Junho de 2007

Herrar é Umano

Última do executivo. Provas de português em que os erros não são penalizados.

Só faltava mesmo esta. Para ajudar á festa da escrita SMS, só mesmo a “despenalização” do assassinato da língua de Camões.

Não tarda muito o português não passará de uma recordação, uma memória, perdida no baú dos “tesourinhos deprimentes”, algo que se usava num passado longínquo, em que umas pessoas estranhas se preocupavam em escrever com algumas regras e – pasme-se – ainda se usava papel para escrever…

Mais uma machadada no já débil ensino do nosso idioma. Se, já de há uns anos a esta parte, há até alunos que chegam à Universidade com graves problemas de interpretação e escrita do Português, o que fará agora, no tempo em que os erros não contam e as provas de aferição não servem para aferir coisa nenhuma na avaliação do aluno.

Dieta milagrosa

Nesta altura do ano, aumentam exponencialmente as idas ao ginásio, e as dietas milagrosas. De sopas a comida light, de saladas a líquidos, todos têm a sua teoria. E muitos prometem infalibilidade.

Há no entanto uma nova dieta no mercado, que promete ser imbatível.

Dizem as más-línguas que cada vez menos será preciso seguir qualquer dieta, aderindo à dieta GALP. Com o preço do petróleo e a carga fiscal a que estamos sujeitos, não tarda nada, não sobra dinheiro para a comida.

Agora mais a sério, no fim-de-semana passado, em passeio pelo Alto Minho, descobri aquele que deve ser, na actualidade, um dos piores negócios para se gerir em Portugal: um posto de abastecimento de combustíveis na zona fronteiriça.

Por oposição às filas que os homólogos espanhóis têm nas suas “bombas” – tendo um funcionário por bomba para atender os clientes, na sua maioria portugueses – do lado de cá do Minho, não se vê vivalma a abastecer.

No mínimo enervante esta tendência. Em Espanha, o salário médio sobe comparativamente ao nosso, o desenvolvimento do País é superior ao do nosso e cada vez as coisas são mais caras cá que lá. O fosso não pára de aumentar.

E muitas vezes por culpa – única e exclusivamente - da carga fiscal. Do balúrdio que temos de pagar a esta cambada de incompetentes que tem vindo a habitar o Terreiro do Paço.

Revoltado. É como me sinto.

Jogging

Enerva-me o show-off, o aparato que o Engenheiro Independente Sócrates faz da sua enervante obsessão pelo jogging.

Fazer questão de fazer exercício físico entre o Kremlin e a Praça Vermelha de Moscovo parece-me, no mínimo, ridículo.

Preocupasse-se ele com o que, de facto, importa.

Pagar impostos absurdos para o nosso nível de vida e ver quem o “gere”, assim, deste modo, tipo pateta alegre… também revolta.

Rolling Stones

No panorama televisivo, esta semana, chamou-me atenção uma notícia que passou nos telejornais da tarde, salvo erro, de terça-feira.

Não deu para perceber muito bem de que se tratava, nem onde – já que vi essas imagens num sítio público e numa televisão sem som - mas o ridículo da situação, por si só, deu-me algumas pistas.

Aquilo era tipo um desporto ladeira abaixo, mas com gente. Estranho? Sim. Muito! Mas era mesmo isso. Homens e mulheres, em grupos separados, atiravam-se, rebolando, chocando, atropelando-se, ravina abaixo, enquanto meia dúzia de outras pessoas assistiam e alguns polícias – que pela cor do impermeável e restante vestimenta, pareciam ingleses – controlavam.

Parece-vos assim, como hei-de dizer, no mínimo, muito desinteressante, não acham? Eu acho.

As nossas televisões é que não, já que foi notícia em, pelo menos, dois canais de televisão.

Triste… muito triste!

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