sexta-feira, abril 20, 2007

20 de Abril de 2007

Entroncamento fenomenal

Estou deveras curioso para saber, agora que se está a proceder às mais que necessárias obras de alargamento da Circular Urbana de Guimarães, o que vão fazer em relação a um dos mais pitorescos fenómenos da nossa terra. Um verdadeiro fenómeno do entroncamento. Ou melhor, dum entroncamento.

Estou a falar, obviamente, da entrada da circular, em Fermentões.

Aquilo é verdadeiramente um fenómeno. Uma via de acesso a uma via rápida onde nos podemos deparar com peões a sair do comércio aí existente, viaturas em trânsito de e para o stand de automóveis local, trânsito em sentido contrário (do tipo, saída da circular que, aí, só tem uma entrada), estacionamento em cima dos passeios e parque de estacionamento em cima da relva (já depois da placa de via rápida).

Ah… Já me esquecia. Há ainda uma saída do parque de estacionamento das traseiras do prédio e o trânsito que vem da zona “alta” de Caneiros.

Simplesmente fantástico.

Resta dizer que este conglomerado de atropelos ao código da estrada, ocorre a uma distância não superior a mil metros da esquadra da PSP.

Aguardo ansiosamente por ver a solução proposta.

Verão antecipado

Há coisa de uma semana, numa daquelas noites agradabilíssimas com que fomos presenteados, de autêntico verão antecipado, após o jantar com o meu irmão e um amigo, para ajudar à digestão, decidimos dar uma voltinha a pé pelo centro de Guimarães.

Alameda, Toural, Rua de Santo António, Rua Gil Vicente, Rua Paio Galvão, Rua da Rainha, Oliveira. Coisa linda. Passeio retemperador de vimaranensidade.

Em todas elas o mesmo denominador comum. Quase ninguém na rua. Guimarães sem gente. Nem locais, nem turistas, nem jovens, nem idosos.

Uma noite com temperatura amena, a convidar a um passeio a pé ou uma bebida numa esplanada e nada.

Guimarães é de facto uma terra sui generis. Quando está mau tempo, queixamo-nos do tempo e não saímos. Se está bom tempo, já não nos queixamos tanto, mas ainda assim, continuamos a não sair.

Temos um centro histórico lindíssimo, Património da Humanidade, mas não nos lembramos dele, a não ser para nos vangloriarmos de que temos esse galardão.

O pouco comércio – não restauração – que há, tem à noite as luzes apagadas (salvo raras excepções) e mesmo no pico do verão, prefere queixar-se muito de que as coisas não estão bem do que fazer algo para tentar mudar o rumo das coisas. Esta falta de arrojo e inovação do comércio vimaranense é, aliás, um tema que, mais perto do Verão, voltarei a abordar.

E assim se vai fazendo uma Guimarães cada vez mais ensimesmada e menos cosmopolita…

Dança da chuva

Ofereço-me para ajudar na época de fogos. Sinto-me o verdadeiro feiticeiro índio. Quando os bombeiros precisarem de saber quando vai chover, basta perguntarem-me as datas da lavagem do meu carro.

Pode estar o dia mais solarengo do ano, se eu lavo o carro, a probabilidade de precipitação aumenta exponencialmente.

Já que não consigo manter o carro limpo, ao menos que ajude a “fazer chuva”.

Influências

Relativamente ao texto da passada semana, (onde falava do Eugénio Queirós como exemplo de facciosismo doente) vários foram os e-mails que recebi, uns mais insultuosos que outros, mas houve um que me chamou a atenção.

Entre alguns impropérios que a decência e o pudor me impedem de aqui transcrever, escrevia um leitor, mais ou menos em português, que devíamos, em vez de nos queixarmos do facciosismo dos outros, tratar de arranjar quem fizesse o mesmo.

Fiquei a matutar naquilo. Comecei a ver se me ocorriam nomes de vimaranenses em cargos de destaque ou até em posição de influenciar a opinião pública nacional. E não é que ele tinha mesmo razão?

Não me ocorre grande coisa. Poucos tivemos e esses poucos quando nisso se transformaram, ou seja, quando chegaram a lugares de decisão, até tentam disfarçar o sotaque… tal é o receio que se lhes aponte falta de isenção ou favorecimento.

Esquecem-se rapidamente da terrinha e tratam mas é de fazer pela vidinha, quantas e quantas vezes renegando quem lhes deu o ser.

Este é um repto que lanço a todos quantos reúnam as condições necessárias para defender Guimarães, as suas gentes e as suas coisas:

- Se não formos nós a defender o que é nosso, ninguém mais o fará. Não tenham receio de parecer ou ser tendenciosos, porque isso é o que mais há. E será a única maneira de equilibrar o fiel da balança.

sexta-feira, abril 13, 2007

Sexta-feira 13

É chegado o dia. Tenho medo. Tenho muito medo...

Mas o meu medo não é do dia em si. Tremo sim, quando penso nas reportagens com que, já sei, se ligar a televisão, vou ter de gramar.

Basta de Prof. Herrero e do jantar dos treze. O que é demais é erro.

Acho que já toda a gente sabe dessa história. Que diga-se, en passant, é de uma pobreza franciscana. Que falta de imaginação atroz.

País desinteressante este, onde em todas as sextas 13 temos de bruxaria kitsch na ementa e onde, com a mesma obrigatoriedade ritual, todos os anos se faz duas reportagens na Serra da Estrela: uma quando há neve e outra quando não há.

13 de Abril de 2006

Já repararam na figura que estão a fazer?

Já aquando do último Portugal x Bélgica em selecções AA, estive para abordar este assunto, porque na altura achei de um fantástico sentido de oportunidade um texto de David Borges, publicado numa página Internet de informação desportiva, o sportugal.pt.

Nesse texto, David Borges, questionava – e bem – a postura dos jornalistas modernos, no que toca ao querem poder exigir declarações de quem as não quer dar. Se bem se lembram da palhaçada ocorrida em pleno aeroporto da Portela e não querendo desculpar de maneira nenhuma as infelizes declarações de Stinjen, que pelo sim pelo não e à tabela, levou quatro de castigo, aquilo a que assistimos foi a uma autêntica selvajaria. Os jornalistas portugueses rodearam os membros da comitiva belga de tal modo que, mesmo que a vontade dos belgas fosse apenas andar, nunca o conseguiriam sem empurrar um qualquer jornaleiro de serviço. E no entanto, as manchetes do dia a seguir foram quase unânimes, chamando selvagens aos belgas.

A doença dos paparazzi pegou-se aos jornalistas. Os primeiros fotografam mesmo quem não quer ser fotografado e os segundos querem à força toda que lhes prestem declarações, nem que seja à força. E quem diz à força diz, nem que seja preciso não os deixar avançar para que lhes seja arrancada uma palavra.

Ainda esta semana vi mais um exemplo dessa turba em acção. No julgamento do sargento Luís Gomes – explicando melhor, caso esteja alguma participante da “bela e o mestre” a ler este texto, é aquele, o pai afectivo da menina de Torres Novas cujos pais biológicos querem que volte a casa – à saída do tribunal, que vergonha… Parecem uns cães selvagens a lutar por um osso. Uns sem-abrigo disputando uma casa.

Metem-se à frente das pessoas, interpelam, atropelam, empurram, pisam, fotografam, invadem, devassam…

E toda esta degradação é aturada porque à mínima tentativa de “defesa”, eles lançam o seu cão de fila, o tão estimado direito à informação. Aquele que só serve de vez em quando, sendo o quando, aquele que mais lhes convém. Parece que temos de aturar tudo… E ainda querem respeito.

Disfarçado sob a capa de superior interesse nacional, aquilo que mais não é do que um emprego como outro qualquer, perde toda e qualquer legitimidade para exigir o que quer que seja quando vemos o panorama geral da comunicação social.

O que não falta são grupos de comunicação social que, por variadas vezes, já demonstraram que a única coisa que realmente lhes interessa são os seus reais interesses. Qual informação, qual liberdade, qual isenção, qual rigor… Interessa mesmo é vender jornais, mesmo que o que é verdade hoje seja mentira amanhã.

Mesmo que sob a capa de critérios editoriais – eufemismo para aquilo que mais não é que minudências e pequenez – se vete determinada figura ou entidade. Eles têm de ser respeitados, mesmo que só respeitem quem lhes convém.

Isto está tão mal que qualquer palerma – até eu – escreve num jornal.

Até o Eugénio Queirós, vejam lá. Esse muito mais que eu. Escreve mais e é muito mais palerma. Esse mesmo, que é editor do jornal Record e que tem um blog que pode ser visitado em http://bolanaarea.blogspot.com/.

Recomendo vivamente as passagens referentes ao jogo Vitória – Leixões, com o sugestivo título de Viagem ao Kosovo, algumas das quais vou transcrever aqui:

- Aqui se diz que nasceu Portugal (se for assim, estamos esclarecidos).

- Mas a malta dos 7 autocarros continuava sem entrar. Já lá estavam, retidos pela polícia nos autocarros, que iam sendo pontapeados pelos primatas vimaranenses.)

- Os verdadeiros heróis que se arriscam a seguir a sua equipa numa viagem ao Kosovo em plena guerra civil.

- O momento do jogo já em tempo de compensação: José Manuel Teixeira, para sempre o nosso presidente, o karateca, passa uma palheta a Henrique junto ao banco do Leixões e é expulso, o que lhe valeu a astronómica multa de 150 euros. Grande Zé Manel!

- Imagem inesquecível: os "adeptos" do Vitória contidos em dois cordões policiais, espumando-se, enquanto nos encaminhavamos para os autocarros.

- Fomos ao Kosovo e voltamos vivos.

Atentem bem no ódio presente em cada uma das frases e depois reflictam. Que respeito merece esta gente? Não apetece manda-los para a bancada? Claro que este texto não foi publicado no Record, não fosse o Geninho um profissional da imprensa e tivesse amor ao emprego… Mas o que é certo é que a qualquer altura estamos sujeitos a ter este cromo a escrever algo sobre o nosso Vitória. E num jornal desportivo de dimensão nacional.

Que isenção pode este tipo de gente apregoar? Que pode este tipo de gente exigir? Neste caso, quem pode exigir, é todo um clube. Quem deve exigir é toda uma cidade. Exigir um pedido de desculpas e exigir que este leixonense de raciocínio tolhido, não mais se pronuncie no Record sobre o Vitória. Isso é que se exigia.

sábado, abril 07, 2007

06 de Abril de 2007

A relação entre os prazos e o voice mail

Perdeu o juízo! Está apanhadinho de todo! Agora é de vez! Estará maluquinho? Isto é lá maneira de começar um texto num prestigiado semanário?

Essas e mais algumas dúvidas, em relação à minha pessoa, serão dissipadas mais adiante.

Tenho de vos confessar. Sou como qualquer outro português, no que diz respeito aos prazos. E desconfio que também em relação a essa infernal invenção, chamada voice mail.

Tenho com os prazos uma relação muito bem alicerçada, no pressuposto de que são sempre cumpridos, mas deixados para a última da hora.

Com o voice mail, também tenho uma relação curiosa, do género da que tenho com uma máquina de musculação que comprei há uns anos: sei que existe, sei que o tenho, mas não o uso. E de quando em vez, digo que vou passar a usa-lo.

Hoje é um desses dias. Tocou-me há pouco o telefone. Era a directora do NG. Perguntou-me se tinha ouvido a mensagem. Pois. De facto não. Não, Teresa, não ouvi, retorqui eu.

Moral da história.

Neste preciso momento, em que escrevo esta coluna, sei que na redacção já me chamaram de tudo, porque ainda ninguém foi jantar e a edição não foi ainda fechada. Está tudo á minha espera. À espera de uma luz qualquer que me ligue o motor e envie este texto.

Entretanto eles esperam. E desesperam.

Mas desta vez tenho uma desculpa… relativa. Não me lembrava que sexta-feira era feriado e que tínhamos de fechar isto mais cedo um dia.

O que é certo é que está uma equipa de redacção, inteira, cheia de fome e sem necessidade, pois bastava eu ter-me lembrado disso.

Hoje falo neles. E louvo o seu trabalho e paciência.

Por uma vez, um merecido muito obrigado, por esta e pelas outras.

E pensar que para cumprir este prazo bastaria ouvir o voice mail…

O futebol e as famílias

Com a ajuda da inefável comunicação social nacional, sempre tão pronta a ajudar a menosprezar-nos, nós, os de Guimarães, ganhamos uma aura. Colaram-nos um rótulo. Etiquetaram-nos. Somos uns selvagens. Temos a fama de arruaceiros e tão cedo, dela não nos livramos.

Por mais deslocações e idas a estádios pró esse país fora, onde somos sujeitos aos mais selvagens actos de violência por parte dos “outros”, a culpa há-de ser nossa. E com jeitinho, ainda arranjam maneira de nos multar e de nos interditar o estádio. Aquela velha história da cara que é culpada porque foi de encontro ao punho.

E isso não acontece tão poucas vezes quanto isso.

Peguemos no exemplo do jogo contra o Lixões na primeira volta. Foram vários os relatos de agressões a vitorianos – na maioria das vezes grupos de matosinhenses contra um vitoriano – nas imediações do campo deles, para além da emboscada montada aos autocarros que levaram adeptos nossos, na rotunda AEP.

Disse-o então e volto a dize-lo hoje. Tal deveu-se a incompetência – se é propositada ou não, não sei – das forças de segurança que deviam ter zelado pela integridade física dos vitorianos.

Falharam porque não policiaram as imediações do campo e falharam mais ainda quando mandam os autocarros, depois de estarem no Porto, onde seria fácil seguirem pela VCI, voltarem ao IC1, onde eram alvos fáceis para os covardes ganapos peixeiros de pedra em riste.

Mas nós, em Guimarães somos muito justos. Estamos mal habituados. A nossa polícia é de uma eficiência acima da média. Os mesmos que puderam atacar as famílias vitorianas em Matosinhos, chegaram a Guimarães escoltados pela polícia, provocaram e saíram, sob a mesma hiper eficiente protecção, qual fortaleza inexpugnável de robocops, havendo apenas a lamentar um ferimento ligeiro num motorista de um dos autocarros.

Não se pense que eu defendo que a polícia devesse ter abandonado os leixonenses ao deus-dará. Não. A única coisa que eu defendo é que os vitorianos tenham direito à mesma deferência em situações análogas. Se cá é assim, que assim seja em todos os estádios do País.

E que seja assegurada a segurança, também, às famílias que gostam de futebol e não apenas às claques. Que haja escolta, mas para todos.

É que se assim não for, assistimos a mais uma situação em que o crime compensa. Só os arruaças que incomodam têm direito a não ser incomodados. Como se verificou nesses dois embates contra a agremiação de Matosinhos, o Lixões.

E algo nessa equação não bate muito certo.

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