11 de Maio de 2007
Nostalgia
Esta é mais uma altura do ano que mexe comigo. Nesta, fico particularmente nostálgico. Assumo isso.
Como, durante os anos em que estive na Universidade, pertenci à Tuna Académica, sempre que se aproxima esta época, são inúmeras as mensagens que recebo a avisar da presença da Tuna nos mais variados festivais de tunas, quase do Minho a Timor e subsequente apelo à presença “dos velhos”…
Claro está que, cada qual à sua maneira, todos acabamos por viver, com maior ou menor intensidade, a praxe académica. Para quem pertenceu a uma tuna, essa experiência é, digamos assim, de um modo eufémico, um tudo nada mais forte.
A capa e batina como indumentária quotidiana, as serenatas, as digressões internacionais, as recepções ao caloiro, as queimas e last but not the least, os festivais de tunas, tudo somado
Não quero dizer com isto que quem não pertenceu a uma tuna não viveu o verdadeiro espírito académico, apenas digo que o viveu de modo muito menos intenso do que os tunos. E no meu caso, até foi intenso demais, mas isso são contas de outro rosário.
Voltando às tunas e aos festivais, tive aqui há atrasado (adoro esta expressão), uma prova inequívoca de que os anos passam e por todos, sem excepção.
Se há sala de espectáculos que me traz boas recordações, essa sala é o Coliseu do Porto.
Foram concertos fantásticos a que assisti lá, desde Radiohead (faziam então a primeira parte de) James, Siouxsie and the Banshees, Peter Murphy, Tindersticks, Morrisey… entre tantos outros.
As organizações “caseiras” do Festival internacional de Tunas da Universidade Portucalense, os memoráveis FITU’s (organizados pela Tuna do Orfeão do Porto) e a minha última actuação pela Tuna da Portucalense, coroada com prémio, no FITA (o festival de Tunas da Queima das Fitas, cuja organização e critérios de atribuição de prémios eram normalmente um pouco mais dúbios que a grande maioria das classificações atribuídas aos árbitros portugueses em jogos do Boavista). Grandes tempos.
Há duas semanas atrás, regressei ao Coliseu.
Fiquei a saber, à entrada, que o Sr. Adélio, que era – na minha opinião – a “alma” do Coliseu e seu mais dedicado funcionário, havia falecido. Uma diferença. Enorme.
No intervalo, várias foram as caras conhecidas que por lá vi. Imensos tunos “velhos”. Vi alguns da Católica, um ou outro da Lusíada, gente da Portucalense.
Naqueles bares das galerias do piso térreo, onde tantas e tantas cervejas, aguardentes, bagaços e bebidas espirituosas e outras menos espirituosas que iam ganhando espírito à medida que as horas avançavam, outrora beberamos, voltámos a encontrar-nos.
A cerveja agora foi substituída pela garrafinha de água. Em vez do bagaço, pede-se agora ao balcão uns rebuçaditos.
O concerto também era outro. Tínhamos ido, com os nossos filhos, ver o Bob o Construtor.
Até o Coliseu está mais velhinho…
Viram esta menina?
Portugal e o Reino Unido estão em polvorosa, devido ao desaparecimento de uma menina, Maddy, filha mais nova de médicos ingleses, que tinham deixado os três filhos na casa onde passavam férias, enquanto jantavam, não muito longe dali.
Como deveria ser sempre, em casos deste género, os meios mobilizados foram, à primeira vista, muitos! Arrisco mesmo dizer que esta está a ser uma operação nunca antes – falo por mim e pelo que me lembro – vista em Portugal.
Espero sinceramente que, à data que me lêem, a miúda já tenha aparecido e tenha sido devolvida aos pais, sã e salva.
Mas não consigo deixar de me questionar. Fosse a Maddy de Leicestershire a Madalena de Terras do Bouro, teríamos nós assistido a semelhante dispositivo? Tantos meios e em tão pouco tempo? Gostaria muito de acreditar que sim…
Quando foi dado o alerta relativo ao Rui Pedro, de Lousada, desaparecido desde 1998, não me lembro de nada sequer semelhante.
Não sou inocente ao ponto de achar que a repercussão que esta tragédia pode ter num dos principais mercados do Algarve (para já só com um L) não deve ser tida em consideração.
Espero é que, a acontecer mais dramas destes, no futuro, com as Madalenas e os Ruis Pedros, a operação seja semelhante.
Sob pena de parecermos uns provincianos que só nos mexemos com medo de ficar mal na fotografia que possa sair no Daily Mirror ou no Sun…
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