sábado, julho 07, 2007

06 de Julho de 2007

O meu 1º festival

Devo estar a ficar velho. Fico tão rapidamente farto de Lisboa, que vocês nem imaginam. Aquele sotaque tira-me verdadeiramente do sério. Aquela mania de que se acentuarem bastante o alfacinha sotaque se parecem mais com uma celebridade, mete-me cá um fastio, que vocês nem imaginam.

Este fim-de-semana, estive em Lisboa. O martírio começa logo na área de serviço de Aveiras. Até os empregados de balcão me enervam. Peço um pingo. Não percebem… Azar. Garoto eu não peço. Quero um pingo e pronto. Afinal ela percebia. Que raio de mania de me quererem obrigar a falar na língua deles…

Nem garoto, nem imperial, bica, sandes de courato ou torresmos.

O verdadeiro tormento ia chegar no Domingo.

Há uns anos corria Paredes de Coura, Vilar de Mouros, Zambujeira… Este ano fui ao “Meu primeiro festival”. Noddy, Bob, Ruca, Oliver e Benji, Leopoldina entre outros. Para os mais distraídos – ou sem filhos na idade dos “desenhos animados” – , antes que comecem aí a fazer pesquisas de bandas alternativas, estas não foram consideradas pelo NME a “next big thing”. Nada disso. São apenas figuras de banda desenhada que agora também dão concertos.

Milhares de lisboetas juntos. De Lisboa e de até 50 kms de arrabaldes ao largo, mas todos se dizem e julgam lisboetas. E agem como tal. Nervosos, barafustando por tudo e por nada, eles com voz à Cláudio Ramos e elas à Rita Salema. Gritam. Exaltam-se nas filas. Barafustam. Tentam furar, passar à frente, armados em chicos-espertos. E incentivam os filhos. Vão ensinando os truques. Ganhas um lugarzinho aqui. Põe-te de lado na fila e vai empurrando devagarinho.

Está na forja a nova geração. Até já os miúdos agem tal e qual os patos bravos que são os pais. E até já o sotaque é igual.

Apetece-me soltar um mui vimaranense e sonoro rais bos quilhe, calai-bos!

E rumar a norte. Rápido. Ontem era tarde. A bem da minha sanidade.

Provinciano? Talvez. Mas consciente.

Os verdadeiros democratas III

Eles andam aí e não param de me surpreender.

Uma atrás de outra, a um ritmo frenético. Então não é que o saneamento da semana foi em Vieira do Minho e com intervenção (indirecta) de um conterrâneo nosso?

Pois é… agora a directora do centro de saúde de Vieira do Minho que, pasme-se é PSD e casada com um dirigente social-democrata, foi exonerada devido ao ministério ter considerado ter sido quebrado o dever de lealdade, por causa de um cartaz, afixado pelo médico vimaranense Salgado Almeida, considerado jocoso pelo ministro da saúde. Ao que consta o cartaz só era jocoso porque continha uma frase do próprio ministro, que em entrevista a um jornal afirmava “nunca ter ido a um Serviço de Atendimento Permanente”, com o comentário “Façam como o Ministro”.

Tal dá agora direito a exoneração, com enxovalho público e tiradas jocosas do ministro incluídas, do género “coitada” “não tinha qualificações para as funções” entre outras.

Ninguém lhe diz que ele também não tem qualificações e nem habilidade para o cargo e não foi exonerado?

Onde é que vamos parar com esta perseguição à liberdade de opinião?

Com tudo isto até me esqueci de vos perguntar se sabem de que área política terá vindo quem substituiu a ex-directora, licenciada e com uma pós-graduação em Recursos Humanos que não mandou retirar o cartaz com a celeridade que o ministro achava necessária.

Há coisas fantásticas, não há?

Nem tudo o que se passa num pavilhão é jogo…

Realizou-se na passada semana uma Assembleia-geral do Vitória.

Apenas um lamento em relação ao comportamento de alguns associados do Vitória nas Assembleias-Gerais. Uma Assembleia-Geral não é um jogo de futebol. E nem as intervenções devem ser “à ultra”.

Numa reunião magna há um sítio próprio para se exercer o direito que assiste aos sócios efectivos, que é um púlpito.

Insultar, barafustar e vociferar da bancada, tentando fazer com que através desse expediente, se não oiça quem civilizadamente quer exercer o seu direito, havendo a possibilidade de fazer ouvir a sua voz em sítio próprio, parece-me um exercício, adjectivando em jeito de eufemismo, muito cobarde e pouco vitoriano.

Critiquei ontem, continuo a criticar hoje e criticarei amanhã, se necessário for. Espero que não no futuro não tenha de o fazer. Revelaria evolução a nível da educação, civismo e cultura democrática.

O Vitória sairia a ganhar.

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