27 de Julho de 2007
Coluna com vista sobre a cidade… das sete colinas
Se bem se lembram, não vai há muito tempo, questionava eu, aqui nesta mesma coluna, o porquê de eu, vimaranense, ter de estar a ser constantemente bombardeado com informações, reportagens, entrevistas e debates relativos às eleições para a Câmara Municipal de Lisboa.
E se à partida, a mim, nada me moveria para opinar acerca de um acto eleitoral que pouco ou nada me afectava, já que tive de os aturar, já que invadiram o meu espaço, sem pedir, cá vai…
Pois bem. Parece que não foi só a mim que as eleições para a edilidade alfacinha incomodaram. Pelo que os números “disseram”, quem mais se incomodou com elas, foram os próprios lisboetas. Incomodaram-se de tal modo que, quem menos ligou às eleições, foram os próprios cidadãos da capital do Império.
Ora, se com tanto alarido, tempo de antena televisivo, destaque na imprensa e mediatismo a abstenção foi a clara vencedora das eleições, o que faria se tivessem tido o mesmo tratamento que temos nós, provincianos, que dependemos dos órgãos de comunicação social local/ regional para nos informarmos…
Pondo um pouco de parte as minhas dissertações e devaneios anti centralistas e tentando fazer uma leitura mais a sério (que em português, de Lisboa, se diria “à séria”), creio que nunca como neste caso, houve um tão claro atestado de incapacidade / incompetência passado aos candidatos. Mais ainda. Ao próprio sistema político português.
Nenhum partido e nem muito menos nenhum independente saído dos partidos sai ileso deste massacre. Se todos os partidos com representação parlamentar, mais alguns partidos “alternativos” e os independentes, tudo somado, não conseguem superar a abstenção, algo vai mal no reino… Há falta de seriedade generalizada. Não há vergonha.
E então quando se presta atenção aos discursos e se fica com a clara sensação de que – a fazer fé no que todos (ou quase) dizem - não houve qualquer candidato derrotado, em noite de tal hecatombe, o caso assume mesmo contornos de vergonha. Ou cegueira. Ou então, cegueira vergonhosa.
Se ainda ao menos se pudesse levar idosos ao engano para votar e não apenas para compor o boneco nos directos, talvez com excursões provenientes do Portugal profundo, se conseguisse minimizar o descalabro. Ainda que à base do caciquismo…
Felizmente o regime democrático tem mecanismos de defesa que não permitem que a palhaçada a que assistimos à porta do Altis não passe de show-off televisivo.
É no entanto minha opinião que a maturidade política dos políticos que temos, não acompanha a já trintona democracia portuguesa. Já começava a ser alturinha de se perderem tiques de agit-prop. Já era alturinha de deixarem de pensar que o povo é burro e que acredita mesmo que as pessoas que aparecem nos festejos partidários, mais não são que gente que é levada ao engano por caciques sem escrúpulos.
Mas isto, sou eu que acho.
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