03 de Agosto de 2007
Os incidentes no Mar (outra vez)
Não consigo ser daqueles que diz que tem um certa simpatia pelo Leixões. Não tenho. Não gosto. Acho ainda que o lugar deles é na 2ª e que se por lá andassem mais uns vinte aninhos, não teria saudades nenhumas.
Na época passada, se bem se lembram, nestas páginas soltei a minha ira e ataquei a incompetência das forças de segurança, por altura do apedrejamento cobarde de autocarros com adeptos do Vitória e agressões de grupos de leixonenses a indivíduos vitorianos.
No passado fim-de-semana a vergonha repetiu-se. Voltou-se a confirmar que a polícia que faz segurança no Estádio do Mar não tem o mínimo de preparação para esse efeito.
No fim da primeira parte e subsequente regresso aos balneários houve por parte de um atleta do Leixões uma atitude anti desportiva, que foi, no entanto, prontamente sanada.
Imediatamente a seguir, um grupo de adeptos, identificados com tarjas da claque Máfia Vermelha, percorre meio estádio, indo de encontro aos adeptos vitorianos e acto contínuo, arremessaram-lhes cadeiras e apedrejaram-nos.
Triste espectáculo… felizmente, desta vez, filmado e fotografado.
O Presidente da SAD do Leixões, num acto muito nobre e de Homem, imediatamente, pediu desculpas públicas pelos actos de alguns dos seus associados e apelou a que, para que os animais não levassem a melhor (a escolha da expressão animais é totalmente minha) a segunda parte se realizasse.
Não se podia permitir que meia dúzia de energúmenos estragassem a festa do futebol. Uma grande parte dos leixonenses saudou o regresso do Vitória ao relvado com uma salva de palmas.
A “claque” então, volta a percorrer meio estádio em sentido inverso e resolve tirar satisfações, junto dos sócios e direcção, do seu próprio clube, que se encontravam na bancada central.
Incrível a facilidade com que esses indivíduos se movimentam entre bancadas no estádio.
Já na época passada a inépcia e incapacidade demonstrada pelas forças de segurança, para lidar com os arruaceiros, quer dentro quer fora do Estádio do Mar, foi gritante. A rever urgentemente a capacidade e formação das forças destacadas para jogos de futebol. Se num amigável e com aquele grupelho de meia dúzia de leixonenses sucedeu o que sucedeu, não nos parece que estejam preparados para as exigências de uma Primeira Liga.
Urge apurar responsabilidades e castigar os prevaricadores.
Na minha opinião estritamente pessoal e de adepto, para o 3º jogo do campeonato, em que temos de lá ir, ou vamos muitos ou então mais vale nem ir.
Com estas condições de segurança, não era o filho mais velho do meu pai (sou eu, para quem não sabe) que se aventurava a ir, por exemplo, em família ver um jogo naquele campo…
Gualterianas
No desactivado blog 4800 Guimarães, houve a determinada altura um post a que eu achei particular piada.
Escrevia um dos autores, se não me falha a memória, que nada lhe fazia lembrar mais a Albânia que a Senhora da Luz em Creixomil.
Vou-vos fazer agora uma confissão. Eu, que me tenho por extremamente bairrista e defensor acérrimo de Guimarães, aqui, entre vimaranenses, sinto-me à vontade para vos dizer que não acho particular piada às Gualterianas.
Raras foram as vezes que vi a Marcha e aquele cenário dos carrosséis parece-me pobre demais para que lhe ache piada. Como farturas e churros não são das minhas guloseimas de eleição, temos um bom conjunto de motivos para que não me sinta particularmente triste, se estiver por fora de Guimarães nos primeiros dias de Agosto.
Porque tenho um filho em idade para tal, tenho ido várias vezes, à tarde, ao Largo das Hortas para que ele possa andar nos divertimentos infantis.
Hoje pus-me a tentar analisar bem aquilo, à minha maneira.
As músicas fazem a delícia dos fans da família Carreira. De Quim Barreiros a Ruth Marlene, uma playlist transversal. Vai do pimba, ao muito pimba. Quase uniforme. Em todos os carrosséis se ouve o mesmo. Poupariam em aparelhagem sonora se de uma vez por todas pusessem um só DJ.
As cores e a decoração tuning dos carrinhos, barquinhos, motinhas e outras coisinhas. Tudo muito brilhante e reluzente… pinturas metalizadas, autocolantes GTI TURBO BARBIE 16V, jantes pintadas. Para usar uma palavra simpática, tudo muito exótico.
E depois toda a fauna que habita em torno deste fenómeno. Já não falo das famílias que vivem deste modo – que deve ser extremamente desgastante e duro – mas sim das verdadeiras figurinhas que parece que andam um ano escondidas e depois, em meados de Julho, aparecem na cidade para ajudar nos carrosséis.
Somem isto tudo, adicionem o riacho que passa mesmo ali e mais o seu nauseabundo fedor e talvez percebam porque apenas por amor a um filho é que se pode ir lá, com gosto, todas as tardes…
Espelho meu, existe alguém mais competente que eu?
Scolari perdeu o seu treinador fetiche. José “Coveiro” Couceiro foi demitido pela Federação Portuguesa de Futebol. Juro que José Couceiro é uma figura que me intriga.
É, para mim, a prova provada de que os lobbies existem. É o paradigma do enganador. Tiro-lhe, no entanto, o chapéu. É perseverante. E coerente. Faz por não se desviar um milímetro do percurso tão seu. Falha em todo o lado: em Alverca, em Belém e até no Porto.
Como recompensa, deu-se a alguém com este insuspeito curriculum o segundo posto mais importante da Federação Portuguesa de Futebol. Disse-se, aquando da contratação de Couceiro que foi uma imposição de Scolari. Só me ocorre um motivo para que Scolari quisesse mesmo o Couceiro. Ele (Felipão) bem disse que queria Couceiro porque admirava muito sua postura, o seu saber estar e o seu trato – e todos nós sabemos que essas são condições sine qua non para o sucesso enquanto treinador.
Mas a mim ninguém me tira da ideia que o que o seleccionador nacional (que já deu por várias vezes provas de que não dá ponto sem nó) quer é mitificar a sua infinda sapiência. Ver a sua gaúcha competência incontestada.
Para tal, nada melhor que poder contrapor ao trabalho de um treinador português… Estão a ver no que isto dá quando não sou eu o treinador, perguntará Scolari nos corredores da FPF.
Teoria da conspiração estapafúrdia? Talvez. Mas ainda assim é-me mais fácil acreditar nessa teoria que na alternativa que me resta.
A teoria de que foram buscar Couceiro porque achavam mesmo que ele era a pessoa correcta para aquele cargo, essa sim. Ninguém acredita.
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