terça-feira, agosto 28, 2007

17 de Agosto de 2007

Há dias assim…

Viagem a Lisboa. Não dava para ir de Alfa (como já expliquei, em colunas anteriores é o meu transporte preferido entre o Porto e Lisboa) lá tive eu de ir de carro.

Era pressentimento. Algo me dizia que devia mesmo ter-me despachado mais cedo e ter ido de comboio.

Já devia saber. Agosto, mudança de quinzena, carros carregadinhos de tudo e mais alguma coisa, até ao tejadilho, conduzidos muitas vezes por pessoas sem o mínimo de noção de o que é uma auto-estrada a não ser duas ou três vezes por ano.

E lá vou eu. Aturar, numa escaldante sexta-feira, condutores que vão à estonteante velocidade de 110 km/h a ultrapassar o velocíssimo colega da pista da direita que vai a 109. Prost versus Senna, ou talvez não…

Depois de chegado a Lisboa, reunião corre bem e rapidamente me despacho.

Saio em Alverca para meter combustível porque, com as pressas, à ida para Lisboa nem deu para parar. Atesto. Ligo o carro. Ou melhor, tento ligar o carro. Eu queria, ele não. Uma vez. Duas vezes. Três vezes. Ganhou ele. Contra factos não há argumentos.

Do mal, o menos – pensei eu – enquanto via que ao lado da bomba de gasolina havia uma estação de serviço, com venda de peças e tudo. Ainda me senti com mais sorte quando olhei para o relógio e vi que eram quase sete da tarde. Ainda não estava fechado. Prestáveis. Vamos tentar empurrar, dizem-me. Está bem, está. Nós queríamos, o carro continuava sem querer. Segundo round para o carro.

Tenta-se com uma daquelas coisas que, presumo, servem para carregar a bateria, ou se não é bem para isso, devem servir para por o carro a trabalhar. Terceiro round para o temível e teimoso inglês… KO!

Nada mais havendo a fazer, chame-se o reboque. Depois de ligar para a assistência em viagem, rapidamente o reboque chega. E pouco depois, também o táxi que, simpaticamente me leva de volta a Lisboa – ironia das ironias, ao Prior Velho, de onde tinha saído uma horita antes – para levantar um carro de aluguer, para que pudesse seguir viagem em direcção ao norte.

Passei entretanto pelo meu carrito no reboque. Sensação amarga e no mínimo estranha, só atenuada pela visão de um Continental GT também num reboque. Provavelmente iria para um stand, mas eu quis pensar que não… que também tinha avariado. É aquela atitude mesquinha de dizer: se até um Bentley avaria… O meu ego agradeceu.

Já na viatura de substituição, sintonizo na TSF. Fila de 17 kms na A1, devido a acidente. Contas de cabeça. Tento imaginar as alternativas. Ou viro na A15 em direcção às Caldas – se conseguir chegar sem trânsito ao nó – ou então saio em Aveiras e vou pela velhinha Nacional 1.

Arrisquei. Tentei ir pela A15. Uns quatro kms antes da saída as três filas completamente para. Arrisquei e não petisquei. Lá consegui chegar à meia dúzia de quilómetros de auto-estrada, até à saída de Rio Maior, onde apanhei a velhinha Porto – Lisboa.

Senti-me por momentos no regresso ao passado. Num filme a preto e branco sobre a Route 66. A nossa. Passar por terras como a Benedita e a Venda das Raparigas, vendo todas aquelas ruínas que outrora foram restaurantes de beira de estrada com imensos camionistas parados. E o trânsito. Muito trânsito. Ao menos vi o Mosteiro da Batalha. Há já algum tempo que não passava lá. Continua lindíssimo. Uma maravilha. E sem necessidade de escrutínio popular.

Lá chego a Leiria. Atravesso a via que passa ao lado da cidade. Vejo o Estádio com menor taxa de ocupação de todo o Portugal – também é feio que dói, de castigo merece estar vazio, disparato eu para os meus botões. Viro depois para a A1.

Ligo para casa a dizer que afinal já não vou jantar. Olho para o lado. Vejo um C2 verde esquisito (algo entre a mostarda e o alface). Pareceu-me familar. Acho que tinha visto aquele carro antes de virar para a A15. Não havia grandes hipóteses de me enganar. Naquela cor, em toda a Europa deve haver, mais ou menos, dois carros. O outro està à venda num qualquer stand da Suiça há 5 anos. Sem sorte. Moral da história. Dei voltas e mais voltas e a Maria do C2 chegou mais rápido que eu.

Dia triste. Só superado pela sensação se ver o meu carrinho, em cima de um reboque da… AXA.

Há dias que mais vale não sair de casa.

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