sexta-feira, outubro 26, 2007

26 de Outubro de 2007

Corta e prega

Primeiro foi o Reinaldo, agora o Café Toural.

Para quem não sabe, ou já se esqueceu, a história d’O Reinaldo – reputado lateral esquerdo da série A3 do campeonato paulista – conta-se em poucas palavras.

Consumado o regresso do Vitória à primeira divisão, andava toda a imprensa em busca da primeira-mão, do exclusivo, da notícia e primeira declaração do novo craque.

No fórum VitóriaSempre.net, um forista lembra-se e inventa uma notícia, que passo a citar:

“Indaiatuba- O Vitória Sport Club de Portugal vem tentando contratar o lateral-esquerdo Reinaldo, atualmente no Esporte Clube Primavera de São Paulo, que disputa a serie A3. Mas, por enquanto, o assunto não passa de especulação. Pelo menos foi o que afirmou o próprio jogador.

"Nada de oficial. Tenho contrato de mais uma temporada com o Primavera. Não posso simplesmente dizer que existe uma especulação, pois os dirigentes não me liberariam", contou, em entrevista à Folha da Gente.

Porém, o lateral-esquerdo deu uma esperança para a diretoria do Vitória portugues. "Com uma proposta oficial, não teremos problemas para negociar", encerrou Reinaldo.”

Assim rezava a notícia.

Como a pressa é inimiga da perfeição, na altura, tal era a ânsia e a sofreguidão que houve um jornalista local que, sem confirmar o que quer que fosse, deu a notícia. Afinal de contas, veio-se a descobrir que tal clube não existe e não disputa qualquer série A3, nem muito menos existe qualquer jornal com aquele nome. Foi apenas uma brincadeira.

Esta semana passou-se algo bastante parecido. Para quem anda atento à blogosfera, principalmente à vimaranense, reparou por certo numa série de mensagens, em jeito de nota de imprensa, colocados em tudo o que era site e/ou blog vimaranense.

Nesse comunicado, sem qualquer contacto, para que se pudesse obter mais informações acerca de tão avultado investimento, que não fosse pela mesma via (e-mail), aludiam à constituição de uma sociedade para a reconstrução do mítico Café Toural, cujo projecto seria da autoria de um arquitecto espanhol e já com inauguração marcada para depois da conclusão das obras da Alameda / Toural.

O Café Toural, entretanto, antecipou a sua Inauguração. Já abriu.

Mais não é (sem desprimor de qualquer espécie) que um blog com esse nome. A não ser que seja leitor de um jornal local. Aí é diferente.

Também neste caso, houve quem tomasse como sério o comunicado.

Não quero com isto dizer que a mim não me aconteceria, de maneira nenhuma. Mas que não deixa de ter a sua piada… isso é inegável.

And the winner is:

O 2008 ainda nem começou e eu já estou em condições de adiantar quem ganha o prémio para o anúncio mais estúpido da televisão portuguesa no triénio 2007-2009.

Se já viram a nova publicidade aos medicamentos genéricos, sabem daquilo que estou a falar.

Sim… aquele mesmo. Do senhor que vem de fato de treino, todo janota e, casualmente, ouve um conversa entre duas idosas, em que uma diz a palavra Segurança.

Retorque o vetusto desportista: Segurança? Estão a falar de genéricos!

Claro que sim. De que outra coisa se fala quando se diz a palavra genéricos, que não de segurança?

Isto abre aqui todo um novo mundo na comunicação. Estão lançadas as bases para que tenhamos, a curto prazo em anúncios de difusão nacional, por exemplo, as seguintes perguntas e respostas:

Velocidade? Estão a falar de queijo flamengo!

Ou ainda:

Fiabilidade? Eu também gostei muito do álbum do Bonga!

Ou a incontornável:

Reinaldo? Vi-o agora a tomar um bagaço, no Café Toural.

Eu não sei quanto custou a campanha, mas acredito que este é um dos casos em que a agência que criou tal anormalidade devia ser proibida de trabalhar na área. E ser processada por quem a contratou. E já agora, também pelos espectadores. Até dói tanta estupidez.

Novamente o Guiness

Desta vez foi a maior pote do mundo. Sinceramente nem me lembro qual foi a terra. Nem de que era feito o pote. E nem sequer me apetece fazer uma pesquisa na Internet para confirmar.

Ainda está para vir a semana em que não há um tuga a dizer que fez a maior coisa do mundo. Já não há paciência.

Meus amigos, metam isto na cabeça de uma vez por todas:

É claro que aquele é o maior pote de barro do mundo. Mais ninguém achava isso interessante. Mais ninguém se lembraria de candidatar isso ao Guiness.

È normal que consigam figurar no Livro dos Recordes. Se não conseguissem é que era de estranhar. Seria como correr sozinho e chegar em segundo…

19 de Outubro de 2007

5 Projectos para mudar Guimarães

Aqui está um dos assuntos que mais discussão tem suscitado nestes últimos tempos.

Sendo eu, como é sabido, um frequentador assíduo da blogosfera, mormente da vimaranense, não posso deixar de saudar algumas das opiniões que têm vindo a ser publicadas nos blogs sobre Guimarães, nomeadamente o desafio lançado na Colina Sagrada (http://colinasagrada.blogspot.com), para que cinco bloggers opinem cada um sobre um dos cinco projectos.

Se muitas vezes eu sou – e sei que sou – um tanto ou quanto duro nas opiniões e críticas aqui emitidas, sei também ser suficientemente justo para saudar as boas iniciativas.

Neste caso em particular o modo como a Câmara Municipal de Guimarães incentiva a discussão em torno destes projectos, parece-me ser um excelente princípio. E a discussão na blogosfera é resultado disso mesmo.

Afinal de contas, a cidade é de e para todos nós. E agora, para além de médico, louco, treinador de futebol e director de marketing, todos temos um pouco de arquitecto. E paisagista. E opinamos fervorosamente.

E eu acho muito bem. Eu sei que a opinião que tenho – tal como 99,9% dos vimaranenses – sobre o assunto em epígrafe não tem qualquer base ou sustentação técnica ou científica.

Posso não perceber muito de arquitectura e menos ainda de paisagismo ou urbanismo, mas sei muito bem do que gosto e do que não gosto.

E por isso mesmo, em semanas ulteriores farei aqui uma análise a cada um dos cinco projectos apresentados.

Tendo como base apenas e só o meu gosto. Afinal de contas, também eu irei deles usufruir. E ajudar a pagar, já agora…

Liberdade versus libertinagem

Uma das liberdades mais apregoadas e exigidas, pelos mais variados propósitos, muitas das vezes revela-se um dos mistérios mais misteriosos, passe a redundância, do mundo moderno é a liberdade de imprensa, aplicada à imprensa cor-de-rosa. Se muitas vezes até tem a sua piada ler acerca dos mexericos alheios, quando isso se passa com a nossa família, já a porca torce o rabo.

E o que mais me incomoda é a desfaçatez com que a “imprensa” deturpa totalmente a seu bel-prazer declarações, faz as “notícias” conforme aquilo que acha ser o interesse do seu público, vai cobrir alhos e publica bugalhos…

Há umas semanas atrás uma familiar minha, empresária de renome e reconhecido sucesso do mundo da moda, decidiu fazer – com é seu hábito – uma apresentação da nova colecção da sua loja. Evento superiormente organizado, passagem de modelos irrepreensível, nada ficando a dever a eventos do género que se vêm por esse mundo fora.

De televisões a rádios, não esquecendo a imprensa escrita, e até à “cor-de-rosa” poucos faltaram. O naipe de convidados também ajudava, já que algumas figuras incontornáveis do social lisboeta fizeram questão de dizer presente.

Estavam à partida reunidas todas as condições para que todas as reportagens relativas ao evento fossem unânimes e reproduzissem o efectivo sucesso da iniciativa. Assim não foi. Alguma imprensa, que tinha ido lá cobrir um evento de moda, decidiu abstrair-se desse facto e reportar apenas a reacção do meu cunhado a uma pergunta sobre uma relação, terminada há anos, dele com uma agora, figura pública.

E assim decidiram que nem uma linha o evento mereceria. Isso não importava nada. Nem muito menos importava que fosse até ofensivo estarem a fazer, ao companheiro da anfitriã, perguntas pessoais de um anterior relação.

Que vergonha. Se é para isto que a imprensa exige liberdade, imponha-se então limites a essa liberdade.

Neste caso, claramente, ela não acabou onde começava a liberdade da minha cunhada.

Eu sei que normalmente esta coluna não é tão pessoal, mas como este foi um caso de repercussão nacional e mais importante que isso, que mexeu verdadeiramente comigo, julgo poderem os meus leitores perdoarem-me por este desabafo. Quem não se sente não é filho de boa gente. E isto poderia acontecer com qualquer um de vós.

sexta-feira, outubro 12, 2007

12 de Outubro de 2007

Às vezes acontece…

E desta foi um feriado que fez das suas.

E ainda para mais, um daqueles feriados aos quais não acho particular piada. Uma data em que se festeja um acontecimento desencadeado por um assassinato é, já de si, algo sinistro. Uma data em que se festeja um golpe de estado, após um chefe de Estado ter sido deposto e baleado, sob pretexto de se celebrar a República (ou vice-versa) na Câmara Municipal de Lisboa e toda a animação que lhe é característica, transforma este acto em algo, no mínimo, macabro.

Devido ao feriado da passada semana, do qual não me lembrei, a não ser quando me ligaram da redacção a perguntar pelo meu texto que tinha de ter ficado pronto até terça-feira, encurtando assim o prazo normal em vinte e quatro horas, foi-me de todo impossível escrever a minha coluna.

Sei que muitos houve, que ao verem que a mesma não tinha sido publicada, ficaram eufóricos com a possibilidade de me deixarem de aturar.

Mas não. Ainda não. Para já não está nos meus horizontes desocupar esta coluna. Para já, só mesmo por causa de um assunto de relevância maior, tipo regicídio ou outro do género é que deixo de escrever.

Peço aos meus leitores desculpas. Não pelas cerimónias do 5 de Outubro – que a sua pobreza não tem desculpa e nem eu tenho qualquer responsabilidade nas mesmas – mas por não ter previsto que as mesmas iam interferir com o meu prazo de entrega do texto.

A minha democracia é melhor que a tua.

A democracia é muito bonita, quando ganham os nossos.

As eleições no PSD, entre Marques Mendes (e toda a entourage de notáveis, barões e baronetes) e Luís Filipe Menezes do qual saiu vencedor o segundo são mais uma prova provada desta, cada vez mais actual, verdade.

Convém que se note que neste particular estou perfeitamente à vontade para comentar, já que sou perfeitamente equidistante em relação aos candidatos e este não é o meu partido, logo falo aqui como “treinador de bancada”.

As eleições foram directas, conforme os militantes decidiram que elas seriam.

Não consta que tenham sido fraudulentas, à excepção de umas tentativas de manobras de secretaria e de umas quotas pagas em lote.

Os militantes decidiram, supostamente dever-se-ia respeitar a sua decisão.

Parece que não. A exemplo do que aconteceu num partido um pouco mais à direita, quando o candidato que não o do “aparelho”, ganhou, foi logo um ai Jesus.

Aí começou a guerrilha interna. Inclusive dentro do grupo parlamentar. Principalmente dentro do grupo parlamentar.

Neste caso, começam as desfiliações. Chora-se que chegou o papão, o demagogo, o populista.

As virgens ofendidas, que neste caso são (ou pensavam que eram) também vacas sagradas, resolvem dar um ar da sua graça. Não podem é deixar de ser notados. Nem que seja de forma abrupta.

É que isto de ser democrata, como eu já disse algumas vezes, é muito giro, quando se ganha.

Ganhar é fácil. Mas é no perder que se vêm os verdadeiros democratas.

Presunción y agua bendita

Devo ter andado distraído. Há já bastante tempo, pelos vistos.

Serei eu o único a não achar que Camacho, treinador do Benfica, tenha curriculum ou sequer categoria no presente que lhe permitam, passe a expressão, falar “do alto da burra”, proferindo barbaridades como as que antecederam a deslocação a Leiria?

Que pedantismo. Que arrogância. Quem pensa ele que é?

Diz ele que “os de Leiria esperam pelo jogo contra o Benfica para fazer o jogo da época”. Julga-se do alto de um pedestal.

Para quem ganhou uma Taça, não está mal.

Para um clube que já não ganhava no campeonato há cinco jogos e em Leiria tradicionalmente vê-se e deseja-se para averbar resultados positivos, parece-me que há aí muita garganta.

Faz-me lembrar um tal de Adriaanse que também dizia que vinha contribuir para o engrandecimento do futebol português. Pois sim.

Estes Messias dos tempos modernos. Soubessem eles jogar com um losango e dois quadrados…

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