sexta-feira, novembro 10, 2006

10 de Novembro de 2006

A faixa da direita não é só para os camiões.

Cada vez mais acho que as auto-estradas de 3 faixas são dos piores investimentos que se pode fazer em Portugal, enquanto não se fizer uma campanha massiva de informação.

Urge sensibilizar os condutores para o facto de que não é desprimor nenhum para ninguém conduzir na faixa da direita, havendo 3 faixas de rodagem. Não desprestigia e deve até ser usada. Ninguém vai pensar que o seu carro é um camião, não se preocupe. Não, o seu carro não amua por isso.

Pense comigo: Se assim não fosse, para que se gastaria milhões de euros a construir uma faixa, para além daquelas que é normal uma via como aquela ter? No limite, se fizerem mesmo muita questão de irem a “vegetar” na faixa do meio, pelo menos usem o retrovisor, para que se possam chegar ligeiramente para o lado, no caso de virem duas viaturas atrás…

Amnistia

Este era o termo que vulgarmente se usava para designar o perdão de multas decretado pelo Presidente da República, normalmente por altura da visita de alguém importante – lembro-me de repente da visita do saudoso Papa João Paulo II – e que tanta gente fez feliz no passado.

Ora, eu desde que tirei carta de condução e já lá vão uns anos, de tal nunca beneficiei. Acabou. Não voltou a acontecer. Será algo pessoal? Algo contra mim? Foi algo que eu fiz? Ou que não fiz? Ou a crise é tal que o Estado não pode prescindir de tais receitas sob pena de por em causa o “equilíbrio” das contas públicas.

Todas as multinhas que me passaram, que remédio tive senão pagar… Algumas delas, sempre esperando pelo tal “perdão” que não chegava, até foram apimentadas com juros de mora e tudo.

Dou por mim a pensar que mais me valia ter sido bombista, do que ter sido “apanhado” a falar ao telemóvel enquanto conduzia. É que puxando pela cabeça, desde que tirei carta a única amnistia de que me lembro, foi a do nosso ex-presidente, esse grande democrata, Mário Soares às FP-25.

Pobre de mim, que só sou um bocadito acelera…

Estranho sentido de posse

Dou por mim, recorrentemente, a imaginar a seguinte cena numa assembleia municipal, por exemplo, de um qualquer concelho recente, como por exemplo, totalmente ao acaso e aleatoriamente sorteado, a Trofa.

Do burlesco cenário constam uns deputados municipais indignados, populares revoltados e gritos, muitos gritos. E berros também. Todos acham um escândalo. Todos sem excepção. Todos estão de acordo, mesmo aqueles que politicamente estão nos antípodas. Uma injustiça, dizem.

Não percebo – no meu pensamento – muito bem de que falam, até que alguém diz ser imperioso exigir à concessionária das auto-estradas que mude o nome da área de serviço. Santo Tirso, nunca. Trofa já. Ontem era tarde. Faça-se!

Uns tempos depois, imagino o mesmo cenário, mas agora numa assembleia de freguesia. Exige-se a inclusão de Coronado, a par de Trofa na sinalética indicativa da tal área, pois a não existir o nome da freguesia seria um acto de centralismo inaceitável e tendencialmente opressor da freguesia.

Não sei se tal assim, de facto, se passou. Foi a minha fértil imaginação – quem passa muito tempo ao volante sabe do que falo – a dar de si. Mas não deve ter andado longe disso. Só assim se compreende que a área de serviço que foi de Santo Tirso, agora seja de Coronado / Trofa e a antiga área da Mealhada, tenha sido renomeada para Mealhada / Cantanhede.

Parece-me que estes preciosismos têm tanta pertinência quanto a parangona que faz a C. M. de Paços de Ferreira, numa das entradas da cidade, num arco enorme que paira sobre a estrada e que reza assim: Bem-vindos a Paços de Ferreira, o 8º Concelho mais Jovem do País. Que raio de argumento é esse? Isso é lá coisa para se fazer publicidade?

A manter-se a tendência, não tarde ver-se-á em outdoors publicitários, pagos por todos, nós frases como: O 3º concelho com mais comércio de Trás-os-Montes; Região Oeste: Temos quase tantos moinhos como a Holanda ou É bom viver em Braga.

Lembram-se de cada uma…

Porque será?

O Joaquim, depois de dormir numa almofada de algodão (MADE IN EGIPT), começou o dia bem cedo, acordado pelo despertador (MADE IN JAPAN) às 6 da manhã.

Depois de um banho com sabonete (MADE IN FRANCE) e enquanto o café (IMPORTADO DA COLÔMBIA) estava a fazer na máquina (MADE IN CHECH REPUBLIC), barbeou-se com a máquina eléctrica (MADE IN CHINA).

Vestiu uma camisa (MADE IN SRI LANKA), jeans de marca (MADE IN SINGAPORE) e um relógio de bolso (MADE IN SWISS). Depois de preparar as torradas de trigo (PRODUCED IN USA) na sua torradeira (MADE IN GERMANY) e enquanto tomava o café numa chávena (MADE IN SPAIN), pegou na máquina de calcular (MADE IN KOREA) para ver quanto é que poderia gastar nesse dia e consultou a Internet no seu computador (MADE IN THAILAND) para ver as previsões meteorológicas.

Depois de acertar o relógio (MADE IN TAIWAN) pelo rádio (MADE IN INDIA), ainda bebeu um sumo de laranja (PRODUCED IN ISRAEL), entrou no carro (MADE IN SWEDEN) e continuou à procura de emprego. Ao fim de mais um dia frustrante, com muitos contactos feitos através do seu telemóvel (MADE IN FINLAND) e após comer uma pizza (MADE IN ITALY), o Joaquim decidiu relaxar por uns instantes. Calçou as suas sandálias (MADE IN BRASIL), sentou-se num sofá (MADE IN DENMARK), serviu-se de um copo de vinho (MADE IN CHILE), ligou a TV (MADE IN INDONESIA) e pôs-se a pensar porque é que não conseguia encontrar um emprego em condições em PORTUGAL.

O texto acima não é de minha autoria. Tentei encontrar a versão original, de modo a que pudesse dar o crédito a quem escreveu este pedaço de prosa, que eu pessoalmente acho muito interessante. Não consegui. Já são tantos os blogs e sites que contêm este texto sem citar o seu autor que, lamentavelmente, lhe “perdi o rasto”. Fica no entanto um texto que não me importava nada de ter escrito.

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