14 de Setembro de 2007
O gigante agressor sensível
É já a segunda vez que o Dalai Lama vem a Portugal. E pela segunda vez o Governo Português me envergonha. Voltamos a rebaixar-nos e a deixarmo-nos subjugar totalmente por um País com o qual não temos sequer relação próxima.
Da primeira vez que Dalai Lama veio a Portugal, arranjou-se maneira de, meio a medo, e propositadamente de acaso, encontrou-se com Jorge Sampaio no Museu de Arte Antiga, quiçá para que o sentimento de culpa não fosse tão grande. Tudo isto porque o embaixador da China achava ofensivo que Portugal recebesse o líder Tibetano. O Tibete, que, convém que se diga em abono da verdade, foi invadido pela China há mais de 50 anos. Se eu fiquei envergonhado quando vi Jorge Sampaio a receber a oferta do Dalai Lama, imagino o que não terá sentido o então Presidente da República.
Para que se entenda melhor, seria quase como se a Indonésia voltasse a invadir Timor e Xanana, no exílio, não pudesse ser recebido por um membro do governo Português, porque Jacarta não gostaria. De coerência estamos falados. Olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço.
O que está aqui em causa é que o agressor ainda se acha no direito de impor que se vote ao ostracismo o agredido. E nós (ou pelo menos o governo) embarcamos nisso.
Mas a vergonha maior senti-a aquando da entrevista ao Dalai Lama à sua chegada a Lisboa.
Disse ele que esta pressão da China não é nada de novo, mas que de maneira nenhuma podia transformar-se no mais importante da sua visita.
Que grande lição de humildade. O discurso da bondade bate aos pontos a vergonha da subjugação ao falso ofendido gigante.
Nem sabia onde havia de meter a minha cara. A sorte é que vi na televisão.
Novo divertimento nacional
O caso Maddie está de tal forma complexo que, para não parecer apenas mais um idiota a opinar sobre assuntos para os quais não está minimamente habilitado (sim, porque ver o CSI não nos torna especialistas em investigação criminal, ou medicina legal) acho que vou esperar pelas conclusões da investigação da PJ.
É que este é o novo divertimento nacional. De repente todos os portugueses sabem decifrar os gestos dos McCan. A frase mais ouvida deve ter sido “Eles nunca me enganaram”. Todos os portugueses, de repente, afinal sabiam desde a primeira hora que os pais eram os principais suspeitos.
Somos um País de Holmes, Poirots e Colombos (não por parte do Cristovão, mas sim do outro, o da gabardine). Afinal eram mais de dez os que viam o programa do saudoso Varatojo.
Do tuga “anónimo” interpelado na rua que opina de cátedra, como se fosse esse o seu metier, ao tuga “célebre” mais (o director do Expresso) ou menos (um ex-inspector da PJ que, perdoem-me, não me lembro do nome) apalermado que fala no “Prós e Contras”, todos falam sobre isto como se tivessem informações de que mais ninguém dispõe e dotes premonitórios que só não usaram porque não quiseram. Exigia-se mais comedimento. Especialmente de figuras que até gozam de algum prestígio, como são Moita Flores e José Miguel Júdice.
É que, se a uma cambada de desocupados que “porque o tempo não estava bom para a praia” foram para a porta da Polícia Judiciária de Portimão “ver os ingleses”, não será com certeza muito o que se poderá exigir, nos casos supracitados assim não será.
Triste espectáculo este. Os mesmos que há pouco iam à Praia da Luz em romaria, para “confortar” os senhores ingleses, são os mesmos que agora, se puderem até atiram uma pedrita.
É a alternativa ao shopping. Com a vantagem de que, não havendo nada para comprar, não se corre o risco da Maria gastar dinheiro.
Se fosse livro, poderia chamar-se Portugal, Século XXI: retrato de um país que não sabe o que fazer nos seus tempos livres ou a alegria de um triste povo.
Como se devia (sempre) cantar o Hino
Que pena tenho de não poder anexar aqui no NG um vídeo, nem colocar um link para o youtube.
Como gostaria de partilhar convosco esta réstia de são patriotismo.
Para além de o poderem fazer na versão online desta coluna em http://colunacomvistasobreacidade.blogspot.com, tentarei, da melhor maneira que sei e posso, descreve-lo.
Início do jogo do campeonato do Mundo de Rugby entre a Escócia e Portugal. Um grupo amador de bravos, de várias profissões e proveniências, após uma épica campanha de apuramento, chega, de facto, a ter a honra de representar a Pátria.
Enquanto se ouve a Portuguesa, uns matulões na casa do metro e noventa de alto (e de largo) barbas por fazer, parecem meninos em êxtase, gritando, com sentimento e orgulho a letra do Hino.
Parecem meninos no primeiro dia de aulas. Saltam de emoção, abraçados. Vêem-se lágrimas de alegria a escorrer por rostos cobertos de viris pelos faciais.
Juro que já vi o vídeo várias vezes e nunca consigo deixar de me emocionar.
Há duas semanas atrás disse que faria muito bem aos futebolistas um estágio com jogadores de rugby, para ver se aprendiam algumas coisas.
Juntem lá mais estas: Aprender a cantar o hino e a sentir ORGULHO em representar Portugal.
Força Lobos! No próximo encontro vão defrontar os All Blacks. Nem preciso de pedir que respeitem o haka, porque como verdadeiros patriotas que são, sabê-lo-ão fazer com brio e magnanimidade. Como verdadeiros portugueses!
Eu, por mim falo, estou orgulhoso de vós! Cada vez mais, como gostaria que houvesse um clube de rugby em Guimarães…
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