terça-feira, setembro 25, 2007

21 de Setembro de 2007

Sobre a sala do FC Porto

Antes de mais sinto-me na obrigação de dizer que não me agrada a ideia e que, se dependesse de mim, a tal pequena, descaracterizada e escondida casa nunca abriria. Se me perguntarem se gosto de ver Guimarães sem delegações de outros clubes, digo que sim, que gosto. Acho que é um pormenor – talvez de somenos importância, é certo – mas que acrescenta à nossa aura de indefectíveis, algo de ímpar a nível nacional.

E também não acho que, pelo facto de se abrir uma salinha do porto em Guimarães a influência portista vá aumentar e nem beliscar a força e implantação do Vitória. E nem muito menos pôr em causa a simbiose entre cidade e clube que é nossa imagem de marca.

É que a mim, felizmente, nunca me foi diagnosticado qualquer problema a nível das costelas. Foi coisa que nunca tive e que, aliás, não concebo sequer que se tenha.

O modo como eu – e os vitorianos a sério – vivemos o Vitória é de tal maneira intenso e absorvente que não deixa espaço para qualquer simpatia por outro qualquer clube – principalmente quando luta pelos mesmos objectivos que o Vitória. Para mim é, pois, muito difícil compreender que, alguém que se diz vitoriano e sócio conceba sequer ser sócio de outro clube. Esse é o caso do mentor da peregrina ideia de abrir essa coisa em Guimarães.

Se essa incompatibilidade é, na minha óptica, mais que notória ao nível de ser associado de dois clubes, então pensar sequer em abrir uma delegação de um outro clube, devia, na minha opinião, dar motivo a expulsão de sócio.

Então, vamos por partes.

Não me agrada a ideia. Acho que não passa de uma iniciativa exibicionista, equiparável à realização de uma parada gay em frente à sede do PNR ou uma tourada na casa de um dirigente da Sociedade Protectora dos Animais. Mandava o bom senso que não se fizesse. Com o Porto aqui tão perto e casas em concelhos limítrofes, conhecendo Guimarães, os vimaranenses e a sua ligação ao clube como conhece, parece-me que alguém está a comprar uma guerra com poucas hipóteses de ganhar. O Vitória tem na sua massa adepta pessoas com personalidades diferentes e diversas maneiras de tentar mostrar o seu desagrado. Se uma há, que consiste em escrever, outras haverá por exemplo, fazer como fizeram os portistas, altruístas e tolerantes que foram filmados nos Aliados a confraternizar com os adeptos do clube da luz, festejando em conjunto, fraternalmente e em sã convivência, o título dos segundos…

Devo dizer que sou frontalmente contra qualquer tipo de movimento violento que se venha a gerar contra a sala do porto. Não creio que assim se resolva o que quer que seja. Para além do mais, acho que se estaria a dar uma oportunidade para que os responsáveis por tal ideia se possam vir vitimizar e conseguir um pouco mais daquilo que, de facto, pretendem: protagonismo. Conseguir os tais quinze minutinhos de fama.

Para se combater eficaz e convenientemente este tipo de provocação, nada como mostrar, nessa mesma rua, a força do Vitória, apelando a todos os moradores das imediações que coloquem nas janelas bandeiras, pendurem cachecóis e tarjas.

E se não concordam, manifestem-se. Civilizadamente, mas manifestem-se.

(Soube quando já ia a meio do texto que já foram causados danos no tal espaço. Por uma questão de coerência, se critiquei os verdeufémios, não poderia deixar de dizer que não concordo com ataques anónimos ao património.

Não posso é ser cínico e dizer que estou surpreendido, porque não estou. Nem eu nem os promotores da iniciativa o dirão, se forem sérios.

Parece que já estou a ver… A comunicação social nacional, sempre tão célere quando lhes cheira a “sangue”, a vir a Guimarães fazer reportagens sobre os “incidentes” provocados pelos “hooligans”. E no final de contas, aquilo que poderia ser um escritório votado ao fracasso, conseguirá publicidade (muita) gratuita à custa do acto de alguns vitorianos.)

Chicos espertos

Se há coisa que me tira do sério são os chicos espertos. Ainda hoje, enquanto procurava um lugar para estacionar o carro, num parque bastante ocupado, depois de dar algumas voltas lá consegui.

Entretanto, quando me vou a dirigir para a saída, vejo um artista, direitinho a um lugar para deficientes (talvez o termo politicamente correcto não seja este, mas perdoem-me o coloquialismo). Chamo-lhe artista porque, ao sair do carro vejo que não tem qualquer problema e nem dístico na viatura.

Eu não sou polícia, é certo, mas não gosto que me chamem burro. E se eu andei mais de dez minutos à procura de lugar, alguém que estaciona no lugar onde eu poderia ter parado umas dez vezes e não o fiz por uma questão de civismo, está-me a chamar burro.

Subimos no mesmo elevador. Não resisti e perguntei-lhe se achava bem o quer tinha feito. Responde-me que só ia buscar alguém ao aeroporto. Estava a trabalhar, acrescentou.

Devo então depreender que eu ando a brincar…

Ou então que aqueles lugares, só deverão ficar reservados, caso a pessoa esteja em lazer. Está bem… É cada uma, que parecem duas,

E os verdeufémios?

Hoje vinha na imprensa em grande destaque notícia relativa ao “desmantelamento” de um grupo de extrema-direita. Ao que parece terão sido praticados uma série de crimes (insultos, agressões, posse de armas e distribuição de material nazi) por elementos (um dos quais Mário Machado, que ficou célebre por mostrar o arsenal em directo num telejornal) de grupos extremistas.

Nada contra. Se praticaram crimes, têm de pagar por isso.

A lei é para se cumprir? Sim! E a justiça é cega? Talvez… estrábica. Vê muito mal do olho esquerdo…

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