01 de Fevereiro de 2008
Papagaios
Desde que me lembro de ser gente que me habituei a ver o Vitória a perder com o Benfica. Diga-se, em abono da verdade, que numa grande parte das vezes, roubadinho.
Mas não é menos verdade que já fizemos exibições épicas, cujo desfecho era, quase invariavelmente, um resultado proporcional à inclinação que “o gatuno de preto de serviço” dava ao campo. Por mais que jogássemos havia sempre uma habilidade guardada para nos empurrar. Para baixo. E com a conivência silenciosa da comunicação social nacional, que se rege apenas pelo economicista “quanto vende o Benfica”.
Por isso e porque eu sei que não consigo ser isento quando falo sobre o Vitória, não vou fazer nem mais nem menos que os supostos isentos, dando uma opinião que poderá ser facciosa. Com uma pequena diferença: aqui não vem adornada numa falsa capa de seriedade…
Fomos empurrados! Escandalosamente! O primeiro golo nasce de um lance, que a ser mais do que uma procura da falta por parte do Rui Costa – o que eu duvido – daria, quanto muito, lugar à marcação de um livre indirecto.
No segundo golo, em primeiro lugar, a bola sai e depois não se faz aquilo ao Andrezinho.
No terceiro, o-tal-que-ainda-não-tinha-marcado-de-livre-em-Portugal-
e-tinha-de-o-ter-feito-logo-a-nós domina a bola com a mão.
E depois disto o cartoon que preside ao Benfica ainda tem a distinta lata de vir falar em falta de vergonha? Por o Rui Costa ter levado um amarelo? Mas agora as leis do futebol não permitem que o futuro (actual?) director desportivo seja punido? E digo mais, devia ter levado outro, como o que levou ao serviço da selecção e parece não ter servido de lição, por se ter armado em vedeta, a querer passear-se enquanto queimava tempo, saindo pelo centro do lado poente, quando estava a dois passos do canto norte/nascente. Palhaçada…
Da arbitrariedade
Sempre que ouvi notícias, neste últimos dias, acerca do esfaqueamento de que foi alvo um adepto do Vitória, perpetrado – toda a gente sabia menos os jornalistas, normalmente tão bem informados – por um membro de uma claque do Benfica, eram tantos os pruridos, fazendo questão de dizer “adepto alegadamente do Benfica” e com tantos paninhos quentes que até se poderia ficar com a sensação de que o vitoriano foi contra o canivete que um moçoilo lisboeta tentava vender…
Se fosse ao contrário, até já estou a ver quais seriam as manchetes e os epítetos com que nos brindariam. Até membros do governo vinham a terreiro…
Mas os mesmos jornalistas que achavam que a facada foi dada por um alegado adepto do Benfica, não tiveram dificuldade em afirmar que uma viatura de um benfiquista de Castelo de Paiva foi – lamentavelmente, digo eu – amolgada por membros de um das claques do Vitória.
Assistimos aqui à mesma dualidade de critérios que inclina os relvados. Pela pena de quem os julga perante a opinião pública.
Acho que estamos falados.
E acabar com a hipocrisia?
Eu também estava no D. Afonso Henriques quando pereceu Féher. Sim, também fiquei abalado com o falecimento precoce de um atleta.
Mas, vai fazer-se, todos os anos, isto? Aquela espalhafatosa homenagem? É mesmo preciso aquilo tudo para mostrar que ainda hoje se lembram daquele que no ano em que faleceu queriam esquecer?
Se realmente acham que Féher deve ser homenageado, porque não o fazem recatadamente? Para quê todo aquele show-off? Para quê, se não aproveitamento puro e simples, a elevação à categoria de mártir de um atleta que era, à altura um dispensável?
Para fim de conversa e para que percebam que o que digo não é tão disparatado quanto isso, deixo uma pergunta no ar:
E no ano passado, veio alguma delegação do Benfica ao D. Afonso Henriques em Janeiro, homenagear o tão querido Miklos?
Pois…
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