sábado, fevereiro 23, 2008

15 de Fevereiro de 2008

Choquezinho tecnológico

Tenho para mim que os delegados sindicais deviam ser obrigados a abdicar de viatura própria em dia de greve dos transportes públicos, viver no interior de Portugal e precisar de ir a uma urgência ou, então, castigo supremo, haviam mesmo era de ter de apanhar um avião em dia de greve de controladores de tráfego aéreo.

Ainda nem estou em mim. Mais uma vez me saiu a fava. Viagem de negócios a França, voo para Orly e regresso de Orly em plena greve. Ninguém merece. Mais de metade dos voos cancelados – como foi o caso do meu voo que foi alvo de uma OPA hostil do que tinha destino a Lisboa. Ainda foram umas boas horas de espera, mas, do mal o menos, os que seguiam para Lisboa tiveram de sair do avião em Pedras Rubras, com bagagem de mão incluída, Tornando insuportavelmente longa uma paragem que podia ser pouco mais que técnica.

Quem já passou mais que cinco horas à espera num aeroporto e sem saber se o avião que nos vai levar de volta vai poder sequer aterrar, sabe do que eu estou a falar. Cada hora passada assim em aeroportos, parece valer por três.

Vale tudo para nos mantermos entretidos, depois das primeiras cinco voltas completas ao piso das partidas do aeroporto e de vermos que no quiosque / livraria do aeroporto, no top 10 dos livros mais vendidos seis são sobre a vida privada de Sarkozy ou então de Cecília, até há pouco sua esposa.

O computador é, normalmente, um bom companheiro. E foi-o. Mas só até acabar a bateria. É que por lá não deve haver um Marrianô Gagô e tomadas nos aeroportos para uso dos passageiros, nem pensar. Parece-me que a França está a precisar dum choquezinho tecnológico…

Quanto mais não fosse porque, já à chegada, aquando da recolha da bagagem de porão, a ironia suprema (ver foto): coabitando com um pós-moderno anúncio de banda larga no percurso entre Paris e Marselha o velhinho monitor do aeroporto de Orly nem uma informação. Nada. Niente. Nothing. Rien. Nem umas simples letrinhas com o número do voo e a proveniência que nos ajudassem a saber em qual tapete deslizariam as nossas valises. Daquelas que se fazem, na pior das hipóteses num powerpoint que hoje se ensina, acho eu, nos infantários. Ou quase.

Deixem-me confidenciar-vos uma coisa. Se por um lado acho uma certa piada a que me aconteçam estas coisas, quanto mais não seja para que as possa partilhar convosco, por outro, juro que gostava de fazer uma viagem simples de avião. Daquelas em que chegava a horas ao aeroporto, despachava as malas, o avião saía e chegava a horas e as malas não se extraviavam. Será pedir muito? Ou será que na realidade eles sabem que eu gosto de vos contar estas estórias e fazem de propósito?

Tiradas avulso

Esta ouvi-a eu, enquanto penava, na sexta-feira passada, na fila para registar o boletim do Euromilhões, aquele concurso que pouca mais probabilidade tem de sair a quem joga, do que a quem não o faz.

Diz o empresário que estava uns lugares à minha frente:

- Se me saísse o Euromilhões dava a minha confecção à funcionária de quem menos gosto, para ela ver o que custa trabalhar…

Ora toma lá que é democrático.

Correio do leitor

Já por várias vezes afirmei que, no que diz respeito a esta Coluna, nada me apraz tanto como saber que sou lido. Assim, registei com agrado a carta do nosso atento e fiel leitor António Carvalho, de Milfontes, um apaixonado por Guimarães e pelas suas coisas, na edição da passada semana, ainda que na mesma o leitor afirmasse discordância de uma opinião minha, presumo eu, quando disse que achava de Cajuda devia ter gerido melhor o silêncio – usando-o q.b. – nomeadamente no que diz respeito à sua preferência quanto a clubes de futebol recair sobre o Benfica, na semana anterior ao jogo contra o próprio.

Já elogiei várias vezes o nosso mister. E fá-lo-ei, espero eu, muitas outras vezes e com redobrado gosto. Mas não me coibirei de criticá-lo quando o achar merecedor de reprovação, até porque não sou muito dado a endeusamentos e nem muitos menos a intocáveis, nem a pedestais messiânicos. Acho que nem ele próprio gostaria de treinar o clube envolto em carneirismo e um séquito de angelicais yes-men a concordar com tudo aquilo que ele ache divertido e engraçado dizer.

Mas pode ter a certeza o caro leitor que, quando exerço o direito à opinião, seja ela favorável ou desfavorável, o faço por vitorianismo. Sempre.

Faço-o porque sinto o Vitória de uma forma, sem conceber costelas ou febras, que até pode ser considerada extrema e até doentia, mas que é a minha. E não o sei fazer de outra forma…

Deixo-lhe um forte abraço e um agradecimento pela preferência na leitura.

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