sexta-feira, dezembro 29, 2006

22 de Dezembro de 2006

O fado da moda

Gosto de fado. Não de todo o fado, ou melhor, não de todos os fadistas, mas gosto bastante de fado.

Para além da incontornável e incontestável Amália Rodrigues – a quem tive a honra de, em Alfama, no decurso de uma serenata em sua honra, presentear com uma rosa, já no crepúsculo da sua vida – fico feliz por ver uma série de novos valores a despontarem com qualidade e regularidade, nos últimos tempos. É sangue novo que permite enfrentar o desafio de fazer “perpetuar” o nosso fado, com um sorriso de confiança nos lábios. Ao ouvir uma Mariza, um Camané, uma Mafalda Arnauth, uma Kátia Guerreiro, uma Raquel Tavares eu fico confiante. E orgulhoso da nossa música.

Acho que para que as novas gerações “aprendam” a gostar de fado, muito têm contribuído os projectos de fusão, em que o fado é cantado por intérpretes de outros géneros e fundido com outros ritmos e melodias. Um bom exemplo disso, para mim, é o ChillFado. Um projecto com uma secção melódica de Chill Out, reinventando clássicos do fado. Ou ainda o projecto A NAIFA, já no seu segundo álbum. Ou até um projecto de Yolanda Soares, Fado em Concerto, onde o fado é fundido com Música Clássica.

Sei que muitos puristas do fado ficaram chocados com aquilo que atrás escrevi e com a minha sugestão de audição, mas tive de o fazer. Aliás, esta ideia da fusão já não é tão nova quanto isso.

Para ouvir sem preconceitos. Tradição com futuro. Enquanto ouvirem estas, não ouvem outras músicas.

Outras músicas

Aspirantes a músicos, acreditai! Qualquer um de vós pode vir a ser um cantor com muitos discos vendidos. Mesmo que não saibam cantar e as vossas letras e rimas estejam ao nível das produzidas por um aluno da 3ª classe.

Se um tal de FF consegue, qualquer um consegue!

Não foi ninguém que me disse. Fui eu que vi o seu execrável teledisco, ao nível do pior que se vê em karaoke, no TOP+, o que quer dizer que, não só consegue ter um disco editado como vende mais que outros, por certo bem melhores.

Um sinal mais para quem começava a desanimar. E um sinal menos, muito grande, para a nossa sanidade. Quero o livro de reclamações!

O livro de reclamações

O Português desde que aprendeu essa palavra, usa-a por tudo e por nada. Agora é moda “esgrimir” o pedido de livro de reclamações, ao jeito do “desafio-o para um duelo”.

De uma fase em que o português era conformado – até demais – e muito raramente reclamava, passou-se para a fase do deslumbramento. É este o tempo do novo-riquismo reclamador. Usa-se esse argumento como quem usa roupa de muitas marcas, todas elas bem visíveis e todas ao mesmo tempo. Figurinhas ridículas…

Ameaça-se com o pedido de livro de reclamações, mesmo que a suposta reclamação seja perfeitamente absurda. E não raras vezes, a par do livro de reclamações, vem a DECO a reboque – e não, não é a mulher do jogador – como par do livro.

Se uma marca decide que o mesmo modelo em materiais diferentes tem um custo diferente, a cliente que gostou do modelo, mas no material mais barato, exige o livro de reclamações. Faz barulho. Indigna-se. Revolta-se. É injusto e inconstitucional, vocifera. Só faltou dizer que vai recorrer até ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. E da mulher. Mesmo tendo o preço bem visível e marcado, especificando as diferenças de materiais. Mas ela não quer saber. Até vai chamar a DECO, vejam lá…

O nacional-parolismo no seu melhor. Perdeu-se a noção de respeito. Tudo serve para uma valente peixeirada. E logo com um povo que era tido por respeitador e até recatado.

Vou-vos confidenciar uma coisa, mesmo sabendo que estamos em plena época natalícia e que não o devia fazer. Mas a verdade é que tive vontade de lhe fazer o mesmo que me apetece fazer aos peões que se atiram para a passadeira, sem olhar sequer para ver se vem algum carro. E a vontade nesse caso não é travar…

No sapatinho quero:

Vou partilhar convosco uma prendinha que pedi ao Pai Natal. Uma prenda que não será só para mim, mas também para todos os vitorianos.

Por favor, Pai Natal, traz-nos uma Direcção. E já agora, se não for pedir muito, uma mesa da Assembleia-Geral, um Conselho Fiscal e um Conselho Vitoriano. Nem precisam de ser fora de série. Só precisam de o ser, coisa que estes não conseguiram. Obrigado.

Quero despedir-me da coluna desta semana com uns muito sinceros votos de um Santo e Feliz Natal para todos os leitores do Notícias de Guimarães e respectivas famílias.

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