segunda-feira, fevereiro 05, 2007

26 de Janeiro de 2007

3 de Março de 2007

Na passada semana dediquei a este tema um curto parágrafo, da coluna. Como o prometido é devido, regresso ao tema principal de todas as conversas em Guimarães, agora com o devido destaque. Até nem vou abordar mais tema nenhum e vou tentar abster-me de graçolas, porque a solenidade do tema o merece.

Dia de eleições no Vitória Sport Clube. Dia um do futuro do Vitória. Fecha-se este capítulo. Para sempre ficará gravado nos anais da história que nunca ninguém tinha feito tanto, tão mal e em tão pouco tempo. Vire-se a página, até porque, como diz o meu bom amigo Ricardo Gonçalves, haja dignidade e não batamos mais em quem está a cair. Por certo não fez por mal, só não soube para mais.

Prepare-se, no entanto, quem suceder a Vítor Magalhães, pois deparar-se-á no 4 de Março com o mais negro cenário de sempre do Vitória dos tempos modernos. E quiçá até dos antigos.

De uma direcção eleita com tudo a favor, desde logo a expressividade dos números – eleito por uma esmagadoramente incontestável maioria dos votos – imagem e mito sebastianista – presidente envolto na aura de gestor de sucesso que ia devolver o Vitória aos sócios – abrangência – equipa directiva que, de tão abrangente querer ser, na minha opinião, mais parecia uma manta de retalhos – retorno à condição de sócios de anti-pimentistas e suposto apoio de algum do tecido empresarial vimaranense, que dizia à boca cheia de “enquanto o Pimenta lá estiver, daqui não levam nada”, apoio tácito da Câmara Municipal, apoio da comunicação social local, dinâmica que permitiu aumento do número de sócios e de venda de cadeiras, equipa na primeira divisão com espinha dorsal que, reforçada aqui e ali permitiu o regresso às competições europeias… tanto que tínhamos e desperdiçaram.

Neste momento, o que sobrou então desse monstro? Uma equipa que até ao momento não conseguiu passar do meio da tabela do segundo escalão do futebol português. Uma situação financeira, no mínimo, tão desastrosa quanto a que serviu de desculpa para tudo quanto era inabilidade desta gestão. Uma equipa directiva – outrora a equipa maravilha – desfeita. Um conselho vitoriano que assistiu impávido e sereno à hecatombe. Uma caricatura de mesa da Assembleia-geral, com cujos métodos discordo e publicamente não me coíbo de criticar. E um Conselho Fiscal que até ao momento não fez saber o que pretende fazer quanto ao chumbo das contas em Assembleia-geral. Um equipamento principal do clube sem patrocinador. Um estádio praticamente despido de publicidade. Uma loja totalmente desinteressante e tristemente despida de artigos vendáveis e comerciais…

São muito difíceis os tempos que se avizinham. Mesmo que desportivamente consigamos uma recuperação fantástica e Manuel Cajuda consiga que os “seus” pupilos mostrem agora aquilo que ainda não vimos este ano – futebol – e esse futebol nos faça subir de divisão. No pior cenário possível – a não subia de divisão – é melhor nem pensar…

É então altura de aparecerem as alternativas. Assumam-se as responsabilidades. Eu, das minhas e do modo que as minhas capacidades me permitirem, não fugirei. Neste momento mais que um direito que assiste aos vitorianos, é um dever tentar contribuir para o nosso futuro. Debata-se ideias e projectos. Mas fale-se de projectos com seriedade. Que os projectos não sejam uma entidade abstracta que se cita e da qual se fala no meio do cenário dantesco da desgraça, assim a modos como se da pedra basilar de algo que não existe se tratasse. Façamos com que se entregue o voto a quem o merece. Sabendo de antemão que quem se propõe a gerir o Vitória numa altura como estas, vai estar sujeito a uma divisão como provavelmente nunca houve. Mas, não façamos juízos de valor baseados em preconceitos e no “ouvi dizer que”. Não formemos desde já opinião. Ouçamos tudo o que os candidatos nos tiverem para dizer.

Que haja disputa eleitoral. E que essa disputa sirva para que fiquemos elucidados acerca das capacidades das equipas directivas propostas. Que efectivamente se trace uma linha de rumo. Que se pense e potencie este monstro adormecido. Que se capitalize a nossa riqueza maior e mais valiosa. Que deste acto eleitoral surja quem galvanize os sócios, falando como um deles e para eles, com o saudável orgulho de ser vitoriano.

É altura de aparecerem os vitorianos que sentem que podem devolver o nosso clube ao patamar de onde nunca pensamos que pudesse ter saído. É precisamente por este ser o mais sensível momento da história do clube – pelo menos da que eu conheço – que defendo que devem aparecer todas as “facções”. E todos os players também. Sem testas de ferro. Para que os sócios possam livre e soberanamente escolher. E para que, de uma vez por todas, todos os fantasmas do passado, os bichos papões sempre presentes, possam ser definitivamente exorcizados…

Este será, provavelmente, um dos momentos mais importantes para o futuro do nosso Vitória. E também da nossa cidade. Disso não tenho dúvidas.

Tenhamos prudência. A bem do Vitória!

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