quinta-feira, maio 15, 2008

21 de Março de 2008

Sentimento duplo

Enquanto no futebol, após a vitória em Leiria, o sonho da Liga dos Campeões vai ganhando cada vez mais uma forma real, o voleibol do Vitória dá mostras de uma regularidade assustadora. Voltamos a perder mais uma final, contra os do costume.

Eu nem sou grande apreciador da modalidade, mas uma vez que assisti à génese da mesma no Vitória e porque jogam de Afonso ao peito, até vou, de quando em vez, ao pavilhão.

E acho que um dos segredos do sucesso da modalidade em Guimarães é a empatia com o público, que permite ambientes verdadeiramente espectaculares. Por isso acho que não percebi bem as declarações do treinador no fim do jogo da Régua.

Desta vez a culpa foi da moldura humana, disse ele. Pois. Está bem… Não fosse esta uma coluna publicada num jornal de respeito e até apetecia dizer que sim, se não é do fundo das costas, é das calças…

É que se ao menos assumisse que o Espinho foi melhor e que jogaram melhor que nós, ninguém exigia que assumisse como seu o falhanço na conquista de uma taça.

Escudar-se num argumento tão fraco quanto esse é que começa a soar a desculpa esfarrapada. E o povo não é burro…

Que se redima no campeonato, é o que todos esperamos.

O sexo dos anjos

Acho que já ia sendo altura de o sistema político mudar em Portugal, dando pelo menos a sensação de que já tem uma maturidade, no mínimo, como reza a promoção da óptica, igual à idade.

Já começa a enervar as tão eternas quanto estéreis discussões em torno da quantidade de militantes (?) arregimentados para adornarem um comício. Parece aquele insuportável esgrimir de argumentos, que ocorre aquando de cada manifestação organizada pela CGTP, entre a central sindical e o governo no que concerne ao número de manifestantes.

E atenção que contra mim falo, pois também já por lá andei, a fazer figura de tolinho militante (ou terá sido de militante tolinho?), de maço para cabaço, integrando numerosas caravanas que se deslocavam país afora, apenas para que quando houvesse o directo ou a fotografia de família, o cenário não fosse desolador. Toda a gente sabe que não é com os locais que se enchem comícios. É claro que chegar ao cúmulo de levar velhinhos “ao engano” para comemorar uma vitória numa autarquia a centenas de quilómetros da sua, não é para amadores, é para profissionais da coisa – e por coisa entenda-se falta de vergonha.

O que é normal é os militantes circularem pelo país, seja em viaturas próprias ou autocarros fretados por alguém do partido, estando presentes nos comícios de concelhias e distritais que nem são as suas. E apenas e só para que o recinto não apareça vazio.

E é este sistema que atenta contra a inteligência dos eleitores que é necessário combater. É que é neste clientelismo do aparelho que se vão formando os dirigentes dos partidos, aos quais está reservado o acesso ao poder. E é nesta política do faz-de-conta em que é preciso apresentar um aparelho robusto e “dinâmica de vitória” para inglês ver e entreter o Zé-povinho que se vão criando os homens do aparelho. Os tais que arranjam quem pague as camionetas e as encham de indígenas importados.

Desta vez o sexo dos anjos é o número de participantes no comício do PS – que Marcelo Rebelo de Sousa “cascaismente” apelidou de pindérico – no Pavilhão do Académico, no Porto.

Se fosse uma manif, a CGTP (que por acaso é governo) fala em seis mil, Marcelo, (neste caso central sindical) diz que para caberem seis mil ali só se fosse às cavalitas uns dos outros.

E é destes assuntos deveras importantes que se vai fazendo a actualidade política portuguesa. O que é que interessa se estavam dois, três, quatro ou quinze mil? Alguém acredita que os participantes num comício dependem, ou podem servir de barómetro, da actuação do governo que emanou de um partido, do qual os participantes até são militantes? Não há paciência para este show-off que não dá mostras de terminar. Seja por parte de que partido for. Neste particular, são todos iguais.

E ainda se perguntam porque é que a taxa de abstenção continua a subir…

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