06 de Outubro de 2006
Importa-se de repetir?
Por motivos profissionais tive de vir a Madrid, cidade na qual estou a escrever esta – hoje e só hoje – columna con vista sobre la ciudad. E nada mais poderia ter mais cabimento do que escrever isto em Madrid, aquela que para cerca de um terço dos Portugueses seria facilmente aceite como sua (deles) capital.
Não me saia da cabeça a sondagem do semanário Sol – que para quem não sabe é aquele jornal novo do segundo arquitecto mais conhecido de Portugal por feitos que nada têm a ver com arquitectura a seguir ao Taveira e que escrevia no Expresso uns editoriais incompreensíveis, na minha humilde opinião, bastante mal escritos mas que o próprio autor os tinha como injustamente não justificadores de per si da criação pela Academia Sueca Real de Ciências do Nobel de jornalismo e não menos injustamente, claro está, não lidos e retidos por todos os políticos lusos como se de uma Bíblia se tratasse – segundo a qual cerca de um terço dos portugueses gostava de ser espanhol.
Trinta por cento dos portugueses apoiaria a união com Espanha! Atentem bem ao português desta afirmação de castelhanismo. Sob a capa de iberismo, o que aqui é dito é que esta gente renegaria a Pátria e aceitaria até Juan Carlos como soberano…
Pobre D. Afonso. As voltas que deve ter dado no túmulo… Anda um homem, pela Pátria, a por a mãe em sentido, para isto. Triste sociedade esta, sem orgulho na sua Pátria. Triste sociedade de traidores. Aqui está o resultado do condicionamento pós revolucionário do ensino da história. Renega-se com esta leviandade uma das nações mais velhas do Velho Continente.
Que inversão de valores a que temos vindo a assistir. Sinceramente, acho repugnante este resultado. Nojento até. Espelho de uma nação na qual, se fora do “contexto futebol” se mostrar qualquer orgulho na bandeira (sentido lato) se é – em pleno século XXI – reaccionário. Num estádio, não. Até o mais “anti-fascista” saca de bandeira, empunha o cachecol e berra a Portuguesa. Fora dele, não. Claro que não. Perder “na bola” é que nem pensar. Tenho quase a certeza que muitos dos que votaram favoravelmente uma questão que nem deveria sequer ser colocada, foram os primeiros a “crucificar” Scolari porque perdeu – contra o que era costume – em Guimarães contra os nossos vizinhos e coabitantes de península.
Uma coisa dessas não devia caber na cabeça de ninguém. Nunca depois de se provar um café expresso em Espanha. Nunca depois de lá se comer bacalhau. Nunca. Nem mesmo antes.
Apenas me sobra uma réstia de esperança. Uma luz ao fundo do túnel. Não li a ficha técnica da sondagem. Espero que a mesma tenha sido feita na baixa de Lisboa. Se assim tiver sido, acredito que o suposto terço passa, no máximo a uns 5%, tal é a crescente rarefacção de tal espécimen (o português) nessa zona da capital.
E 5% acabo por aceitar. Mas não por respeitar. Ou compreender. Isso nunca.
Gaba-te cesta
Já no regresso – mais ou menos na zona de Vila Pouca, em cujo centro ainda tem de se passar pois a auto-estrada não está concluída – ouvia na TSF uma entrevista à primeira mulher portuguesa a doutorar-se em Oxford. Não consegui ouvir tudo. O que supostamente sobeja à senhora de Braga em talento, falta-lhe em humildade. Foi quase meia hora de narcisismo puro a que se assistiu. Desde a arrogância de dizer que se deu ao luxo de escolher o College de Oxford, até ao auto-elogio à sua própria tese - “muito boa mesmo” foi a adjectivação dada em causa própria, passando pelo encontros com John Major e pelo suposto sucesso das iniciativas por si levadas a cabo na casa da Música do Porto, com taxas de ocupação na casa dos 99% e adesão de dezenas de milhar de pessoas…
O novo-riquismo numa intelectual. Pedante. Egocêntrica. Ah. Esqueci-me. O doutoramento, pelos vistos, foi em música. Estranho… Quem a ouvisse falar de si própria, pensaria que de um doutoramento em letras ou ciências se tratava. Afinal não. Sem desprimor, afinal era só música. Música essa que os meus eclécticos ouvidos não apreciaram.
Festa
Ganhámos ao Chaves!
Sobre as patéticas declarações que ouvi da boca do presidente aos microfones de uma rádio – já quando chegava a Fafe – sobre tentativas vimaranenses de desestabilização e intimidação, nem comento. Digo apenas que é triste, muito triste ver o meu clube assim representado. Deprimente até. Aquela dos carros de alta cilindrada, se guardada de onde nunca deveria ter saído (vide boca), teria sido uma ode ao silêncio. Assim não. Assim foi (apenas) mais uma para juntar à longa lista.
Esboço um sorriso. Não dá para mais…
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