domingo, outubro 22, 2006

8 de Setembro de 2006

Estavam tão bem quietinhos…

Acabei há pouco uma reunião em Lisboa, Tenho de rumar a Norte. Tenho de regressar ao berço. Opto hoje – tal como sempre que possível – pela viagem de comboio.

Chego a Sta. Apolónia com o bilhete no telemóvel (sim era mesmo telemóvel que queria escrever, não estou maluco, agora um SMS vale como bilhete). Entro na carruagem de 1ª – que agora se chama conforto – ligo o pc. Cadeiras largas q.b. Mesinha com tamanho suficiente para montar o estaminé (telemóvel, carteira etc...). A classe faz jus ao nome. De facto, confortável.

Passo a Gare do Oriente. Carruagem silenciosa. Gente civilizada. E acima de tudo, pouca. Posso escrever à vontade. Ligo o winamp, como é lógico, com som baixinho que a minha mãe me deu cházinho suficiente em pequeno. Nick Cave. Porque me apetece. Tindersticks. Porque sim. Morrisey. Como o vinho do Porto…

Santarém. Servem a refeição. Tipo catering de avião. A comida nem é boa nem é má. É o que se pode arranjar. Acho que ninguém no seu perfeito juízo está à espera de banquetes numa carruagem de comboio que não o Expresso do Oriente. Bem, afinal sabe melhor do que parecia. Ao menos é servido à mesa. Tal como as bebidas e o café. Serviço bem jeitoso. E quem não quiser refeição, tem snacks e chocolates. Claro que tudo é pago à parte. Queriam o quê? Dado e arregaçado?

Três horitas depois de entrar em Santa Apolónia estou a chegar a Campanhã. Se tivesse ido de carro tinha de fazer uma média superior a 120, sujeito a multas, amélias ao volante, domingueiros, gajos que fazem um ALD à faixa da esquerda, artistas que pensam que a faixa da direita é para os camiões, Aparece de tudo, como na farmácia. E ainda tinha de pagar portagem e gasóleo, bem caro, porque isto de instabilidade no Médio Oriente dá jeito a alguns. Para fazer a viagem sozinho, sai bem mais em conta. Para além de que não dá muito jeito escrever num pc ao volante de um automóvel. E chega-se ao destino como novo. Quem gostar e conseguir pode até dormir. E dizem que bem.

Não consigo fazer com que me saia da cabeça a ideia absurda do TGV Lisboa-Porto e vice-versa. Ideia peregrina. E na minha opinião, anormal. Poupar meia hora. Gastar não sei quantos milhões. Por causa de meia hora. Para poupar uma mísera meia hora. Quanto custava o minuto? Tenham juízo. Se querem chegar mais cedo comprem bilhete para o comboio anterior. Há-os praticamente de hora em hora.

Numa das únicas coisas que não é urgente inovar, querem inventar. Não lhes custa a ganhar. Como se diz na minha terra:

- Num bulam no que tá queto !!!

Incontornável

A loucura dos vitorianos pelo seu clube deveria, sem margem para dúvida, ser um case study. Não sei se já algum sociólogo se lembrou de tal. A dedicação destes adeptos não tem limites. Vendem-se mais cadeiras na Honra que o Braga em sonhos. Temos mais sócios na Honra que o Boavista em ano de conquista de campeonato. Esgotam-se milhares de bilhetes, em meia dúzia de horas de expediente, para um jogo da Liga de Honra, na Póvoa do Mar, que começa a uma hora que vai obrigar muita gente a madrugar como não mais o fará no resto do ano, se o quiser ver ao vivo. Eu próprio tentarei também ir.

Um apoio massivo que tem tanto de motivador como de pernicioso. Ainda alguém pensa que esta descida de divisão afinal não foi tão má quanto isso…

Jorge Folhadela

Faleceu na passada semana um vitoriano. Um homem do futebol. Um homem que serviu o clube anos a fio, no departamento de futebol profissional. Um homem que devia ser das personagens que mais marcava os atletas que por cá passavam, pois era dele uma importante quota-parte da bem sucedida integração deles na Cidade Berço. E um homem que foi meu colega de direcção e com quem mantive contacto desde então. Deixou-nos. Foi a enterrar no passado Sábado. Deixo-lhe aqui um forte abraço e um post scriptum.

(Onde quer que esteja, não me leve a mal por não ter podido ir ao seu funeral. Como homem do futebol, percebe de certeza, se lhe disser que não pude ir porque fiquei até ao fim do jogo do Torcatense. Ganhámos nos penalties. Sei que me compreende. Até sempre)

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