domingo, outubro 22, 2006

4 de Agosto de 2004

Já não me lembro quando terá sido a última vez que esta coluna foi escrita. Sinceramente que não. Podem chamar-me esquecido ou até desprendido, mas a verdade é que não ligo a datas. Sou péssimo. Ainda bem que há agendas com alarmes. O facto é que já há muito que um escrito meu não aparecia na imprensa. Provavelmente tempo demais, dirão uns (poucos, se calhar a minha mãe e mais meia dúzia); estavas tão bem quietinho, a maioria. Mas regresso. E com alguns upgrades. É um facto. Espero que apreciem.

Se calhar porque era muito novinho quando iniciei esta crónica, (quase) tudo quanto pensava escrevia. Sinceramente, era sincero. Criei algumas inimizades, é verdade. Houve mesmo algumas discussões mais acesas, também não o é menos verdade. E tudo isso porque sempre tive como norte único a minha consciência. Nada mais me regia. Como era bom ser adolescente…

A boa notícia é que passado todo este tempo, isso não mudou.

Quem se habituou a ler-me, então, não me vai estranhar, agora. Sou o mesmo. Continuo a reger-me apenas por aquilo que dita a minha consciência. Deus me livre do dia em que me imagine a servir de um espaço como este para me alavancar ou auto-promover. No dia em que tal fizesse, perderia uma das coisas que mais prezo – o respeito por mim mesmo. Não mais andaria de cabeça erguida. Sentiria que me tinha servido de um semanário prestigiado para proveito próprio. Vergonha. Soaria sempre a falso. A texto encomendado. Qualquer coisa que dissesse ou fizesse, daí em diante, poderia suscitar nos leitores – legitimamente, diga-se en passant – a dúvida: palavras sinceras ou mais uma encomenda?

Encomendas, eu, despacho-as por transportadora.

E como gosto de assim ser. Abnegado. Até na política. Como naquele anúncio do hiper de Belmiro...

Eu ainda sou do tempo em que no meu partido se podia dizer, alto e bom som e para quem quisesse ouvir, que cá no burgo, éramos diferentes. Para melhor. Em qualidade humana e abnegação na entrega ao partido. Ninguém nos batia. De certeza. Ninguém por cá pairava com a perspectiva do retorno em vil metal. Não o havia para distribuir, logo quem cá estava, estava desinteressadamente. Não estava à espera do que o partido lhe podia dar, mas antes o contrário.

Tinha custado muito "manter" o partido desde a fundação até ao final da década de 90 para que não fossemos mesmo assim. Diferentes. Românticos. Os que couberam num táxi. Os do "Paulinho das feiras". Do Monteiro que ordenhou em Anissó. Mas também do Adriano Moreira. E do Adelino Amaro da Costa.

Eu ainda sou do tempo em quem era CDS, era-o por convicção. Nunca por interesse. Assim se aguentou e lutou para que não se perdesse aquilo que nos manteve. O capital humano. Dantes era assim. Quem era CDS, dele não precisava. Dava-se ao partido.

Até para a semana.

Um dos upgrades desta coluna, nova versão, é o aconselhamento musical para a leitura desta coluna. Banda sonora de hoje, a qual não aprecio propriamente, mas que, de tão kitsch na voz do Espadinha, se adequa na perfeição ao “sumo” do texto e da qual cito um versozito: Sim eu sei, que tudo são recordações….

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