domingo, outubro 22, 2006

15 de Setembro de 2006

Ligeiro

Ultimamente tem-me cabido a honra de ser contra-capa do Notícias de Guimarães. Responsabilidade acrescida. E imerecida. Faz-me temer o pior. Quem lê o jornal, logo a seguir à capa, tem-se vindo a deparar com esta coluna. Pode até estar em causa a reputação do jornal. Um vetusto jornal semanário sério, de respeito a “abrir” com uns escritos assumida e propositadamente ligeiros. Espero então não desmerecer este destaque e tentar com que a mais-valia desta coluna seja precisamente a sua leveza (forma eufemística de dizer que esta coluna por vezes é desprovida de qualquer conteúdo sério).

Antes pelo contrário

Por oposição à ligeireza desta coluna, temos o semblante dos vitorianos depois de mais uma demonstração única e inequívoca de fervor clubístico. Numa iniciativa que, mais uma vez, parte do fórum da Associação VitóriaSempre em vitoriasempre.net, fórum esse que frequento e no qual participo, sempre que o tempo mo permite – ou seja – muito pouco, uns milhares largos de vimaranenses, famílias inteiras, rumaram (ou desceram as escadas) até à Póvoa, num Domingo – quase – de madrugada, num jogo da II Liga e transmitido em directo pela televisão, é obra. Mais uma vez, os adeptos cumpriram. Apareceram e estiveram à altura dos pergaminhos do seu clube. A equipa, essa, não jogou bem nem mal… antes pelo contrário. Perdemos. Portanto, foi o descer à terra para muitos vitorianos que tinham esta época como aquilo a que os ingleses chamam “a walk in the park”. É lugar comum dizer que a competitividade da II Liga é aumenta na razão inversa da qualidade do futebol praticado. Conhecemo-la. Mais cedo ou mais tarde teria de ser. Mas tinha de ser tão cedo?

A escrita SMS

Ultimamente ando assim… meio amargo. Também com o Vitória a ajudar assim. Só me vêm à cabeça situações que me incomodam. E eu, lá está, fixo-as e escrevo-as. Pareço um daqueles velhos, rezingões, incomodados por tudo, mais alguma coisa e o que ainda possa sobrar e nostálgicos, sempre a dizer que no meu tempo é que era… não era nada disto.

E se há algo que no meu tempo não era assim, esse algo é a escrita. Desconfio não tarde muito para que o conhecimento que a geração telemóvel tem do modo como se escreve Português correctamente seja – se tal for possível – menor ainda. Arriscava mesmo dizer que se vai deixar de saber escrever Português.

Esta é a altura em que tenho que agradecer publicamente à minha professora primária, a Dona Ló – que é em primeira instância a responsável por me estarem a ler num jornal semanário de referência e grande tiragem e não num qualquer pasquim e/ ou fanzine – e que muito contribuiu para que o meu gosto em escrever bem a língua de Camões se mantivesse ao longo dos anos.

Juntando o medo pelo futuro do Português à minha embirração natural dos últimos tempos, temos a escrita SMS, que me tira verdadeiramente do sério. E já me tira do sério se alguém me manda um SMS escrito assim. Mesmo que seja um SMS em escrita SMS (seja lá isso o que for). Mas actualmente a geração telele usa esse modo aberrante de escrever em tudo o que é sítio. De folhas de papel a fóruns na Internet, presumo eu que passando, num futuro próximo – e aqui espero que o futuro não seja, ao contrário do que o slogan apregoa, já – nos exames. Ilegível. Se estivéssemos seguros de que o Português era, regra geral, muitíssimo bem dominado, superiormente leccionado nas escolas, e fluía com maestria nas lusas penas, mas sabemos que tal não corresponde à verdade.

Acredito piamente que se hoje perguntarmos a crianças em idades na casa dos 10 – 15 anos, muitas delas pensam mesmo que o K é das consoantes mais usadas no nosso abecedário. Que o X coabita os finais das nossas palavras com o S, tendo a mesma fonética, sendo apenas uma questão de opção.

Pode parecer exagerado, mesmo vendo o nosso idioma de per si já tão mal estimadinho, vejo o caso mal parado. Urge travar a epidemia. Se assim não for, qualquer dia sobejarão colunas de opinião a terminar assim:

Oix. Obg p trm lido st txt té ó fim. Pra smn á +. É mm fix saber k á km kurta ler cenax dxtas.:*** ;) :)

Espero que não tenha sido grande coisa em SMS. Contribuía imenso para a minha sanidade mental saber que sou fraco nisto. Agora mais a sério, mas ainda assim meio a brincar, até para a semana e como recorrentemente se vê escrito, mormente em posters A4 afixados em casa de banho, “É Favor” continuar a preferir-nos. Obrigado.

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