29 de Setembro de 2006
Desta vez foi o solavanco na 2ª Circular quem sai para os Olivais?
Só de pensar que o Vitória ia jogar – sem ser num particular ou taça – ao reduto do Olivais e Moscavide já as minhas entranhas se ressentiam. Se algum dia me passasse pela cabeça que, na eventualidade de tal improvável contenda se vir a verificar, outro resultado pudesse acontecer que não uma retumbante vitória, por expressiva e inequívoca goleada, dos branquinhos, acharia que não estava na plena posse de todas as minhas faculdades mentais. Era melhor nem pensar nisso. No entanto, o impensável – como tem vindo a tornar-se péssimo hábito – aconteceu.
Perdemos com esse portento do futebol e campeão incontestado inter bairros problemáticos da Grande Lisboa. Esse histórico dos regionais da AF de Lisboa. A seguir perderemos com o Dínamo de Chelas, o Spartak da Pedreira dos Húngaros e o Cova da Moura Sport Clube.
Perder com o Olivais e Moscavide, NUNCA! Não posso tolerar. Qual a desculpa desta vez?
Poderão dizer que estou a ser arrogante, altivo, quiçá até a abusar de sobranceria ao proferir estas afirmações… Pois seja. O meu Vitória não perde com clubes ao nível – ou falta dele, neste caso – do Olivais e Moscavide! O meu Vitória, antes de mais, jamais deveria disputar com tal agremiação sócio-cultural qualquer partida que não integrada na 1ª Liga ou Taça de Portugal! Os sócios do meu Vitória não são a massa amorfa em que os querem transformar. Quero que acabe este pesadelo.
Tenho de desabafar. Hoje mais a sério do que é costume, porque nem graçolas me apetece fazer. Ainda tenho bem presente a chacota de que fui alvo em pleno aeroporto de Milão – onde estive em trabalho – quando o resultado foi conhecido. E desabafo aqui. Convosco. Neste tom, comme d’habitude, informal. Porque sei que sentiram o mesmo. E se revêem no que escrevo, porque vem lá bem do fundo. É sincero.
Não sou muito adepto de cartas abertas. As minhas, quando as mando, mando-as fechadas porque acho que há quem as mande abertas bem melhor que eu. E como tenho saudades das cartinhas de vitorianos outrora atentíssimos. O quanto gostava eu de saber o que pensam sobre a actual situação do Vitória… O que lhes vai na alma. É que eu, decisivamente e sem papas na língua, o que penso é que seria difícil a um bracarense, que tivesse como único objectivo humilhar o Vitória, tê-lo feito com tanto rigor e qualidade quanto o foi por quem de direito neste mandato. Tanto mal feito em tão pouco tempo. E com tudo a favor. Com uma conjuntura, arrisco, irrepetível.
Lembro-me como se fosse hoje da penúltima AG do Vitória onde, publicamente e olhos nos olhos, disse que quem fez o meu clube descer à IIª não mereceria nunca a minha confiança. E afirmei também que tinha medo. Que tinha mesmo muito medo. Face à competência apresentada até então e ao argumento de que não ia abandonar porque o projecto ainda ia a meio. O meu medo é que, se a meio já íamos na Honra, quando o terminasse, estaríamos na IIB. Na altura, entre outras coisas, chamaram-me abutre. Provavelmente porque não fui hiena. Não via motivo para sair rindo-me a bandeiras despregadas de uma AG do meu clube, estando este na IIª. E juro-vos que nada me satisfaria mais do que ter sido obrigado a dar o braço a torcer e estar a dizer que afinal o Norton me tinha surpreendido favoravelmente, que Manuel Pedrosa afinal era um Peter Kenyon e que Vítor Magalhães se tinha revelado o líder que dele fizeram. Nunca por nunca poria à frente dos interesses do clube a casmurrice de defender uma aposta errada apenas para não “dar parte de fraco”. Como gostava de ter de estar a pedir desculpa publicamente a Vítor Magalhães por ter duvidado da sua capacidade.
Mas cada vez mais esse pedido de desculpas me parece uma miragem…
P.S. Até à hora em que escrevo esta crónica, a única reacção da Direcção à contestação dos sócios foi instituir abertamente o lápis azul no site oficial. Num comunicado patético tentam justificar a censura. Triste. Mais um negro episódio de quem tem mais, muito mais mesmo, com que se preocupar. Vindo de quem se arrogava de vir devolver o clube aos sócios, nem sei o que diga. Felizmente há sites não oficiais, blogs e fóruns (vitoriasempre.net – por exemplo e passe a publicidade) onde se pode debater livremente o clube. Só imagino o quanto gostariam algumas pessoas de poder fazer à Internet o que fazem aos comentários no site oficial…
É tão mau ser pequenino
Nada como sair da Pátria para que a nossa pequenez incomode. Porque será que nenhum hotel tem televisões portuguesas? Da inenarrável TV SHOP Suiça, aos anúncios eróticos Belgas, passando pela Al Jazeera com uma qualquer TV de leste pelo meio, há de tudo…
É tão bom ser pequenino
Obrigado por não dobrarem filmes e séries. Muito obrigado. Quando virem o Dr. House com uma voz parecida com a do Ricardo do Sporting e a Sarah Jessica Parker em Sex in the City a abrir a boca e a parecer tudo menos ela própria, dêem graças. Vão por mim.
É tão estranho o Português
Porque é que o português quando sai do País tem necessidade de usar umas vestimentas que aqui não usa? Porque se aproxima perigosamente o português do apalhaçamento total fora de portas? Será a sensação de pensar não ter ninguém conhecido por perto? Ou será que pensam que assim se confundirão com os “nativos”? Quem souber que me responda….
3 Comentários:
Caro Amigo,
Antes de mais deixa-me referir, que não alterei o meu nick, porque sabes bem quem te fala! Depois, dizer-te, que não “te leio” para te massajar nada, mas “leio-te” avidamente porque gosto dos teus escritos e porque me despertam natural curiosidade!
Assim, e fruto da minha ausência do País à data desta coluna, só agora, e depois de descobrir o teu blog, me deparei com um paragrafo que em parte me é dedicado (poderá ser um presente a tão devoto leitor e amigo???) e que me parece infeliz.
Começas tu por dizer que não gostas de cartas abertas. Eu também não. Dizes que quando as mandas, seguem fechadas. O mesmo se aplica a mim.
Dizes ainda, que há quem as mande melhor do que tu. Não faço ideia!
Quanto a isto, comungamos da mesma opinião, com a única diferença, que eu não pertenço ao excelso quadro de colunistas da imprensa cá da terra, logo quando se referem em meu nome (sócio do Vitória), sobram-me poucos meios para responder. Escolhi esse, que me pareceu, e continua a parecer o mais adequado! Como agora, poderia optar pelo direito de resposta, mas “chega-me” este desabafo terra a terra contigo. Opções.
Dizes ainda que tens saudades das cartinhas e dos vitorianos (ainda bem que aqui não rotulastes de vitorianinhos) atentíssimos. Que gostavas de saber o que eu penso sobre a actual situação do Vitória. O que me vai na alma.
Ora bem, começo por te dizer que quanto às saudades, não posso fazer grande coisa! Gostava, por amizade, de te fazer mais feliz, mas neste caso vais ter que “amanhar” doutra forma. De uma coisa poderás ter a certeza: quem tiver a veleidade de escrever em meu nome levará a mesma resposta.
Atentíssimo, continuo, neste caso não à tua coluna, mas à situação do Vitória. O que me vai na alma também sabes, por conversas e porque os meus escritos acerca do Vitória são do conhecimento de quem quer no sítio do costume, leia-se, d-afonsohenriques.blogspot.com.
Quanto à carta, acredita, que não retiro nem uma vírgula. À data, a mesma teve a coerência que eu lhe quis emprestar e que lhe quiseram dar. Falamos de uma época em que o nosso Vitória seguia um rumo que me agradava, e que os próprios resultados no final da época vieram a confirmar. Assim parece-me que esta menção às cartinhas, numa altura em que a conjuntura é terrivelmente diferente, é infeliz. Opiniões.
Podes dizer tu, que já naquela altura, sabias que isto ia acontecer? És um visionário, meu caro Amigo. Ou um “gajo” mais esclarecido que eu. Opiniões!
Quanto ao resto, aquele abraço branco e força aí na caneta, que eu às sextas continuarei a ler os teus escritos.
Filipe Matos
Caro amigo,
Gostava eu que a pessoa a quem foi dirigido o parágrafo tivesse a clarividência - e até a coerência - que tu tens...
Tínhamos as AG's do nosso clube bem dirigidas. Infelizmente não é o caso.
Não, meu amigo, não era para ti. Se fosse para ti, pegava no telefone e dizia-te, nem que estivesses no estrangeiro, como já o fiz algumas vezes.
Mas obrigado por me teres visitado.
Só em relação a ser visionário... visionário não sou. Saber não sabia, mas desconfiava, como aliás te fui confidenciando algumas vezes.
Toma lá um abraço!
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