27 de Outubro de 2006
A retoma é tão boa, não foi?
É com redobrado regozijo, meus amigos, que escrevo esta coluna, nesta semana. Afinal de contas, a crise acabou. Quem o disse foi Manuel Pinho, nosso insigne ministro. Esperem. Notícia de última hora. Interrompemos a emissão para informar que, afinal não. A crise não acabou. Ninguém no seu perfeito juízo diria tal coisa. Quem disse que o que tinha dito não poderia ter sido dito por alguém no seu perfeito juízo? Manuel Pinho, himself, também. Pois…
Lembram-se da coluna da passada semana. Dos praças que almejavam a ser generais. E da legitimidade que qualquer um pode ter a ser general num governo em que só temos ministros com a habilidade de praças. Era escusado darem-se ao trabalho de ilustrar tão bem a minha teoria….
Rivoli Okupado
É lugar comum aquilo que vou dizer. Eu sei. E assumo. Já toda a gente ouviu isto, pelo menos umas quinhentas vezes. Agora são quinhentas e uma. Vivemos na ditadura da televisão. Os canais de televisão fazem a agenda e impõem-nos aquilo que temos de considerar como verdadeiramente importante.
Aquela ocupação do Rivoli é disso exemplo crasso. Junte-se meia dúzia de gunas, com lenços à Arafat e vestidos à bloquista que compra a roupa na feira da ladra, que já de si gostam de pouco mais fazer do que fumar uns trolorós e tocar batuques. Adicione-se umas noites frias, onde até dá jeito ter um abrigo. Ponham em todos eles um esgar de dor, sofridíssimo, provocado pelo sacrilégio de privatizarem a gestão de uma casa onde, quase de certeza, nunca nenhum deles antes tinha entrado. Uns cartazes, umas “boinas” à Bob Marley, umas t-shirts com a cara do Che Guevara e muito, mesmo muito charro.
À partida não parece uma noite muito diferente de muitas, inclusive no centro histórico de Guimarães. Não fora estarem supostamente a protestar, invadindo um edifício público, fechado, logo cometendo um ilícito.
Agora, alguém me explica o porquê da demorada e extensiva cobertura que as televisões deram a tão pobre e pouco participada manifestação “popular”. Ainda por cima com o decor que acima descrevi…
O politicamente correcto
Cada vez mais me irrita profunda e solenemente a corrente vigente do politicamente correcto. E cada vez mais me lembro do sketch do Ricardo Araújo Pereira, do falam, falam…
Vem isto a propósito de um texto que foi apresentado pela CDU na última Assembleia Municipal (se eu fosse politicamente correcto diria por um partido com representação na Assembleia Municipal de Guimarães) contendo uma séria de vacuidades e clichés.
Não vou precisar de que se tratava ao certo, até porque creio ter saído algo sobre esse texto aqui no NG há duas semanas.
A única coisa que me apetece mesmo perguntar é o seguinte: Se porventura a AM tivesse aprovado e subscrito esse texto, cuja não aprovação me pareceu ter sido lamentada, o que melhoraria na vida dos vimaranenses? Que efeito prático teria a anuência a um texto que diz tanto podia dizer “temos que ser solidários” como também “temos de diminuir o desemprego”. Mas alguém discorda? Alguém no uso pleno das suas faculdades não concordaria? Claro que não. É obrigatório concordar com tais afirmações. Presumo que os três partidos que votaram contra o fizeram porque acharam que, votando a favor ou contra o efeito do mesmo seria o mesmo da abstenção.
Temos o seu pequeno-almoço
Nunca pensei que essa frase me fizesse tão mal ao estômago. Não pelo pequeno-almoço em si. E nem pelo português da frase. Fez-me mal porque a vi onde vi. No chão do bar de apoio à bancada onde vejo futebol, no D. Afonso Henriques.
Jogar ao domingo de manhã já é uma decadência. Lembrarem-nos num domingo à tarde do facto de que nesta época jogamos de manhã, com uns pezinhos amarelos pintados no chão, a guiarem-nos até essa cortante frase, ou é gozo ou é sadismo.
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