sábado, outubro 28, 2006

27 de Outubro de 2006

A retoma é tão boa, não foi?

É com redobrado regozijo, meus amigos, que escrevo esta coluna, nesta semana. Afinal de contas, a crise acabou. Quem o disse foi Manuel Pinho, nosso insigne ministro. Esperem. Notícia de última hora. Interrompemos a emissão para informar que, afinal não. A crise não acabou. Ninguém no seu perfeito juízo diria tal coisa. Quem disse que o que tinha dito não poderia ter sido dito por alguém no seu perfeito juízo? Manuel Pinho, himself, também. Pois…

Lembram-se da coluna da passada semana. Dos praças que almejavam a ser generais. E da legitimidade que qualquer um pode ter a ser general num governo em que só temos ministros com a habilidade de praças. Era escusado darem-se ao trabalho de ilustrar tão bem a minha teoria….

Rivoli Okupado

É lugar comum aquilo que vou dizer. Eu sei. E assumo. Já toda a gente ouviu isto, pelo menos umas quinhentas vezes. Agora são quinhentas e uma. Vivemos na ditadura da televisão. Os canais de televisão fazem a agenda e impõem-nos aquilo que temos de considerar como verdadeiramente importante.

Aquela ocupação do Rivoli é disso exemplo crasso. Junte-se meia dúzia de gunas, com lenços à Arafat e vestidos à bloquista que compra a roupa na feira da ladra, que já de si gostam de pouco mais fazer do que fumar uns trolorós e tocar batuques. Adicione-se umas noites frias, onde até dá jeito ter um abrigo. Ponham em todos eles um esgar de dor, sofridíssimo, provocado pelo sacrilégio de privatizarem a gestão de uma casa onde, quase de certeza, nunca nenhum deles antes tinha entrado. Uns cartazes, umas “boinas” à Bob Marley, umas t-shirts com a cara do Che Guevara e muito, mesmo muito charro.

À partida não parece uma noite muito diferente de muitas, inclusive no centro histórico de Guimarães. Não fora estarem supostamente a protestar, invadindo um edifício público, fechado, logo cometendo um ilícito.

Agora, alguém me explica o porquê da demorada e extensiva cobertura que as televisões deram a tão pobre e pouco participada manifestação “popular”. Ainda por cima com o decor que acima descrevi…

O politicamente correcto

Cada vez mais me irrita profunda e solenemente a corrente vigente do politicamente correcto. E cada vez mais me lembro do sketch do Ricardo Araújo Pereira, do falam, falam…

Vem isto a propósito de um texto que foi apresentado pela CDU na última Assembleia Municipal (se eu fosse politicamente correcto diria por um partido com representação na Assembleia Municipal de Guimarães) contendo uma séria de vacuidades e clichés.

Não vou precisar de que se tratava ao certo, até porque creio ter saído algo sobre esse texto aqui no NG há duas semanas.

A única coisa que me apetece mesmo perguntar é o seguinte: Se porventura a AM tivesse aprovado e subscrito esse texto, cuja não aprovação me pareceu ter sido lamentada, o que melhoraria na vida dos vimaranenses? Que efeito prático teria a anuência a um texto que diz tanto podia dizer “temos que ser solidários” como também “temos de diminuir o desemprego”. Mas alguém discorda? Alguém no uso pleno das suas faculdades não concordaria? Claro que não. É obrigatório concordar com tais afirmações. Presumo que os três partidos que votaram contra o fizeram porque acharam que, votando a favor ou contra o efeito do mesmo seria o mesmo da abstenção.

Temos o seu pequeno-almoço

Nunca pensei que essa frase me fizesse tão mal ao estômago. Não pelo pequeno-almoço em si. E nem pelo português da frase. Fez-me mal porque a vi onde vi. No chão do bar de apoio à bancada onde vejo futebol, no D. Afonso Henriques.

Jogar ao domingo de manhã já é uma decadência. Lembrarem-nos num domingo à tarde do facto de que nesta época jogamos de manhã, com uns pezinhos amarelos pintados no chão, a guiarem-nos até essa cortante frase, ou é gozo ou é sadismo.

domingo, outubro 22, 2006

20 de Outubro de 2006

Sócrates e os generais

Foi um dos temas da semana. A carreira docente. Professores de cabelos em pé. Greve. Incontornável. Não poderia deixar de focar isto. Ficou-me acima de tudo a frase de Sócrates, que cito de cor, “Nem todos os praças podem chegar a generais”. Seria verdade irrefutável. Mas não é bem assim. Se assim fosse, dir-se-ia também que nem todos os políticos chegariam a ministros. Olhando para o governo PS vê-se que não é verdade. Neste caso até se poderia dizer que o “nem todos” poderia ser substituído pelo “qualquer um” na frase bélica do primeiro-ministro.

Norton como general

Essa de considerar o Gil Vicente a equipa mais forte da Liga de Honra, não lembra ao diabo. Pelo menos não devia lembrar. Nós ao Gil Vicente temos obrigação de ganhar cá, lá e pelo caminho. E temos de nos assumir como favoritos em qualquer jogo contra eles. Um vitoriano – já para não falar num sócio do Vitória – nem pensa sequer em dizer que o Gil Vicente é melhor que nós. Nem sequer somos comparáveis, quanto mais…

Uma frase derrotista como essa, vinda de quem “idealizou” a equipa e descobriu que no 4º escalão francês se joga quase ao nível da nossa 1ª Liga (citei de cor), leva-nos a pensar que afinal andamos é a ser cobaias. E que o valor da equipa em que tão piamente acreditava e que tão minuciosamente dissecou e exaltou em grande entrevista há uns meses, afinal, era só show-off. O desânimo vai-se instalando. A descrença grassa. Aquele arreganho que era timbre dos vitorianos está a dar lugar a uma acomodação. Um comodismo. Agora fala-se em males menores, ao não ganhar em Barcelos. Minimiza-se o falhanço. Agora é mais “Lá trouxemos um pontinho de Barcelos”.

Temos de rejubilar? Atendendo ao valor que a equipa já demonstrou (não) ter, temo bem que sim…

Assembleia-Geral

Vai haver Reunião Magna do Vitória. Apresentação de contas. E depois os 30 minutos da praxe para debater assuntos de interesse do clube. O decurso da mesma dependerá das bolas que entrem na baliza até lá. Ou não.

Deixo apenas uma sugestão, ou não estivéssemos nós no século XXI. Um suportezinho audiovisual não seria algo a considerar numa apresentação de relatório e contas? Não é imperioso que seja algo graficamente elaborado, tipo “Juntos Somos”, mas pelo menos algo mais visual que a voz de um director a debitar números. Um “powerpoint” já ajudava. É bem verdade que os interessados podem ir à sede consultar esse mesmo relatório. Não é menos verdade que a esmagadora maioria dos possíveis interessados depois de consultar esse mesmo documento vem menos informado do que antes. Mas a bem da transparência… não ficava mal.

http://4800guimaraes.blogspot.com

O prometido é devido. De quando em vez, aqui na coluna, farei referência a blogs ou sites que, preferencialmente, estejam relacionados com Guimarães. Agradeço também que me informem por e-mail de blogs com este objecto, já que mal de mim se “os” conhecesse a todos. Começo esta “rubrica” pelo 4800GMR.

Um blog que leio regularmente e que na maioria das vezes me diverte. Uma abordagem diferente e uma crítica mordaz ao que no burgo se vai passando. Uma análise despretensiosa ao modo de ser vimaranense, por vimaranenses e cheia de vimaranensidade.

Aproveito para felicitar os autores do blog pelo seu primeiro aniversário. E também, claro está, pelo conteúdo do blog. Parabéns!

http://colunacomvistasobreacidade.blogspot.com

Na passada semana disse que poria online o blog da coluna. Não o fiz. Azelhice minha. Podia pôr um letreiro “Devido a problemas técnicos, aos quais somos totalmente alheios, ainda não nos foi possível concluir”. Mas era mentira. Os problemas técnicos aqui são provocados por falta de jeito. Ponto final. Vou tentar coloca-lo online o mais rapidamente possível.

13 de Outubro de 2006

Capital Europeia da Cultura

A Ministra da Cultura, em Guimarães, afirmou que nós vamos ser capital Europeia da Cultura em 2012.

Motivo de orgulho, claro. Temos de ser audazes e tentar capitalizar esta oportunidade de afirmação de Guimarães como cidade mais cosmopolita. Tentar com que não sirva este evento apenas para orgulhos e vaidades vãs e bacocas. Poderá servir como um ponto de viragem. Desta data em diante tudo poderá ser diferente. Depende apenas daquilo que com esta nomeação soubermos fazer.

Não querendo ser desmancha-prazeres, espero apenas que esta prenda do governo Sócrates não traga água no bico. Infelizmente sou levado a ficar de pé atrás. Espero esta errado e que este presente não seja envenenado e entregue como contrapartida de algo que nos venham a tirar ou a não dar…

Eu sei que tinha dito que não devíamos sê-lo, mas, sendo só um bocadinho “bacoco”, gostava saber se isto passa ao Mesquita Machado só com Rennie.

O que mais seria preciso?

Um jovem, arguido como alegado autor e co-autor de vários crimes, incluindo assaltos com recurso a arma de fogo e arma branca na via pública, assim como de roubo de viaturas, encontrando-se condenado a quatro anos de pena suspensa, em viatura roubada foge à GNR durante mais de uma hora, na zona de Vila Nova de Gaia. Durante a fuga, o indivíduo efectuou várias manobras perigosas, incluindo excesso de velocidade, circulação em sentido contrário em ruas e rotundas e chegou mesmo a desligar as luzes da viatura durante uma parte do percurso.

A GNR perseguia o prevaricador após este ter desobedecido aos sinais sonos e visuais, ou seja à ordem de paragem, dada pelos guardas.

Esta perseguição termina em tiroteio após, segundo os guardas, o indivíduo que se fazia acompanhar de duas jovens que tinha convidado e elas anuído em ir dançar, não ter parado perante bloqueio de nova patrulha. Com a agravante de ter dirigido a viatura em direcção aos agentes.

Pasme-se. Mesmo perante todo este cenário, há ainda quem ache que a acção da GNR foi exagerada. Um cadastrado, num carro roubado, desobedece duas vezes a ordem da autoridade, comete mais atropelos aos código da estrada numa hora que o comum dos mortais numa vida inteira, tenta atropelar agentes da autoridade. Falta alguma coisa? Queriam o quê? Que atirassem a velhinha HCESAR para o meio da estrada, na esperança que a mesma imobilizasse a viatura? Será que este não é um comportamento suficientemente perigoso que justifique o recurso às armas por parte de quem as pode usar para zelar pela ordem pública? Se não é, qual será? Teria de estar com sacos de droga e UZI em riste do lado de fora da carrinha? É que assim de repente só me ocorre mesmo isso para o filme estar completo.

Sou o primeiro a criticar quando acho que algum agente abusa da autoridade – o que não raras vezes acontece – mas sei também que urge pôr um travão no crescente desrespeito pelos agentes da autoridade e suas ordens. Afinal de contas é neles que depositamos a esperança de uma sociedade sem crime. COM tudo o que isso tem de bom. E também de mau.

Lobby pró-maduro

É impressão minha ou parece que há um lobby organizado contra o vinho verde?

Nos últimos tempos parece que é moda, mesmo vindo de minhotos, dizer-se que o verde é muito ácido, que o verde ataca o estômago.

Dá mesmo a sensação de quem tal ideia está de tal modo a ser interiorizada pela generalidade das pessoas que, não tarda nada, será quase tido como facto científico. E tal em nada beneficiará a nossa região. Bem pelo contrário.

Uma coisa tem que ficar esclarecida. O verde é ácido? È claro que sim. Não é João Pires…

E-mails

Gostava de agradecer os e-mails que tenho vindo a receber e pedir desculpa por não ter ainda respondido a muitos deles. Afazeres profissionais não mo têm permitido. Prometo que o farei brevemente.

Blog

Nas próximas semanas apresentarei, aqui na coluna, alguns blogs sobre Guimarães. Assim até vai parecer uma coluna moderna… No seguimento desta opção e após muito ponderar (cerca de 2 segundos e meio), decidi criar um blog e colocar online os textos publicados aqui no Notícias de Guimarães. Não esperem é nada de especial, pelo menos para já e ao nível gráfico. Será, na melhor das hipóteses, ao nível do texto. De qualquer das maneiras, aqui vai: http://colunacomvistasobreacidade.blogspot.com

06 de Outubro de 2006

Importa-se de repetir?

Por motivos profissionais tive de vir a Madrid, cidade na qual estou a escrever esta – hoje e só hoje – columna con vista sobre la ciudad. E nada mais poderia ter mais cabimento do que escrever isto em Madrid, aquela que para cerca de um terço dos Portugueses seria facilmente aceite como sua (deles) capital.

Não me saia da cabeça a sondagem do semanário Sol – que para quem não sabe é aquele jornal novo do segundo arquitecto mais conhecido de Portugal por feitos que nada têm a ver com arquitectura a seguir ao Taveira e que escrevia no Expresso uns editoriais incompreensíveis, na minha humilde opinião, bastante mal escritos mas que o próprio autor os tinha como injustamente não justificadores de per si da criação pela Academia Sueca Real de Ciências do Nobel de jornalismo e não menos injustamente, claro está, não lidos e retidos por todos os políticos lusos como se de uma Bíblia se tratasse – segundo a qual cerca de um terço dos portugueses gostava de ser espanhol.

Trinta por cento dos portugueses apoiaria a união com Espanha! Atentem bem ao português desta afirmação de castelhanismo. Sob a capa de iberismo, o que aqui é dito é que esta gente renegaria a Pátria e aceitaria até Juan Carlos como soberano…

Pobre D. Afonso. As voltas que deve ter dado no túmulo… Anda um homem, pela Pátria, a por a mãe em sentido, para isto. Triste sociedade esta, sem orgulho na sua Pátria. Triste sociedade de traidores. Aqui está o resultado do condicionamento pós revolucionário do ensino da história. Renega-se com esta leviandade uma das nações mais velhas do Velho Continente.

Que inversão de valores a que temos vindo a assistir. Sinceramente, acho repugnante este resultado. Nojento até. Espelho de uma nação na qual, se fora do “contexto futebol” se mostrar qualquer orgulho na bandeira (sentido lato) se é – em pleno século XXI – reaccionário. Num estádio, não. Até o mais “anti-fascista” saca de bandeira, empunha o cachecol e berra a Portuguesa. Fora dele, não. Claro que não. Perder “na bola” é que nem pensar. Tenho quase a certeza que muitos dos que votaram favoravelmente uma questão que nem deveria sequer ser colocada, foram os primeiros a “crucificar” Scolari porque perdeu – contra o que era costume – em Guimarães contra os nossos vizinhos e coabitantes de península.

Uma coisa dessas não devia caber na cabeça de ninguém. Nunca depois de se provar um café expresso em Espanha. Nunca depois de lá se comer bacalhau. Nunca. Nem mesmo antes.

Apenas me sobra uma réstia de esperança. Uma luz ao fundo do túnel. Não li a ficha técnica da sondagem. Espero que a mesma tenha sido feita na baixa de Lisboa. Se assim tiver sido, acredito que o suposto terço passa, no máximo a uns 5%, tal é a crescente rarefacção de tal espécimen (o português) nessa zona da capital.

E 5% acabo por aceitar. Mas não por respeitar. Ou compreender. Isso nunca.

Gaba-te cesta

Já no regresso – mais ou menos na zona de Vila Pouca, em cujo centro ainda tem de se passar pois a auto-estrada não está concluída – ouvia na TSF uma entrevista à primeira mulher portuguesa a doutorar-se em Oxford. Não consegui ouvir tudo. O que supostamente sobeja à senhora de Braga em talento, falta-lhe em humildade. Foi quase meia hora de narcisismo puro a que se assistiu. Desde a arrogância de dizer que se deu ao luxo de escolher o College de Oxford, até ao auto-elogio à sua própria tese - “muito boa mesmo” foi a adjectivação dada em causa própria, passando pelo encontros com John Major e pelo suposto sucesso das iniciativas por si levadas a cabo na casa da Música do Porto, com taxas de ocupação na casa dos 99% e adesão de dezenas de milhar de pessoas…

O novo-riquismo numa intelectual. Pedante. Egocêntrica. Ah. Esqueci-me. O doutoramento, pelos vistos, foi em música. Estranho… Quem a ouvisse falar de si própria, pensaria que de um doutoramento em letras ou ciências se tratava. Afinal não. Sem desprimor, afinal era só música. Música essa que os meus eclécticos ouvidos não apreciaram.

Festa

Ganhámos ao Chaves!

Sobre as patéticas declarações que ouvi da boca do presidente aos microfones de uma rádio – já quando chegava a Fafe – sobre tentativas vimaranenses de desestabilização e intimidação, nem comento. Digo apenas que é triste, muito triste ver o meu clube assim representado. Deprimente até. Aquela dos carros de alta cilindrada, se guardada de onde nunca deveria ter saído (vide boca), teria sido uma ode ao silêncio. Assim não. Assim foi (apenas) mais uma para juntar à longa lista.

Esboço um sorriso. Não dá para mais…

29 de Setembro de 2006

Desta vez foi o solavanco na 2ª Circular quem sai para os Olivais?

Só de pensar que o Vitória ia jogar – sem ser num particular ou taça – ao reduto do Olivais e Moscavide já as minhas entranhas se ressentiam. Se algum dia me passasse pela cabeça que, na eventualidade de tal improvável contenda se vir a verificar, outro resultado pudesse acontecer que não uma retumbante vitória, por expressiva e inequívoca goleada, dos branquinhos, acharia que não estava na plena posse de todas as minhas faculdades mentais. Era melhor nem pensar nisso. No entanto, o impensável – como tem vindo a tornar-se péssimo hábito – aconteceu.

Perdemos com esse portento do futebol e campeão incontestado inter bairros problemáticos da Grande Lisboa. Esse histórico dos regionais da AF de Lisboa. A seguir perderemos com o Dínamo de Chelas, o Spartak da Pedreira dos Húngaros e o Cova da Moura Sport Clube.

Perder com o Olivais e Moscavide, NUNCA! Não posso tolerar. Qual a desculpa desta vez?

Poderão dizer que estou a ser arrogante, altivo, quiçá até a abusar de sobranceria ao proferir estas afirmações… Pois seja. O meu Vitória não perde com clubes ao nível – ou falta dele, neste caso – do Olivais e Moscavide! O meu Vitória, antes de mais, jamais deveria disputar com tal agremiação sócio-cultural qualquer partida que não integrada na 1ª Liga ou Taça de Portugal! Os sócios do meu Vitória não são a massa amorfa em que os querem transformar. Quero que acabe este pesadelo.

Tenho de desabafar. Hoje mais a sério do que é costume, porque nem graçolas me apetece fazer. Ainda tenho bem presente a chacota de que fui alvo em pleno aeroporto de Milão – onde estive em trabalho – quando o resultado foi conhecido. E desabafo aqui. Convosco. Neste tom, comme d’habitude, informal. Porque sei que sentiram o mesmo. E se revêem no que escrevo, porque vem lá bem do fundo. É sincero.

Não sou muito adepto de cartas abertas. As minhas, quando as mando, mando-as fechadas porque acho que há quem as mande abertas bem melhor que eu. E como tenho saudades das cartinhas de vitorianos outrora atentíssimos. O quanto gostava eu de saber o que pensam sobre a actual situação do Vitória… O que lhes vai na alma. É que eu, decisivamente e sem papas na língua, o que penso é que seria difícil a um bracarense, que tivesse como único objectivo humilhar o Vitória, tê-lo feito com tanto rigor e qualidade quanto o foi por quem de direito neste mandato. Tanto mal feito em tão pouco tempo. E com tudo a favor. Com uma conjuntura, arrisco, irrepetível.

Lembro-me como se fosse hoje da penúltima AG do Vitória onde, publicamente e olhos nos olhos, disse que quem fez o meu clube descer à IIª não mereceria nunca a minha confiança. E afirmei também que tinha medo. Que tinha mesmo muito medo. Face à competência apresentada até então e ao argumento de que não ia abandonar porque o projecto ainda ia a meio. O meu medo é que, se a meio já íamos na Honra, quando o terminasse, estaríamos na IIB. Na altura, entre outras coisas, chamaram-me abutre. Provavelmente porque não fui hiena. Não via motivo para sair rindo-me a bandeiras despregadas de uma AG do meu clube, estando este na IIª. E juro-vos que nada me satisfaria mais do que ter sido obrigado a dar o braço a torcer e estar a dizer que afinal o Norton me tinha surpreendido favoravelmente, que Manuel Pedrosa afinal era um Peter Kenyon e que Vítor Magalhães se tinha revelado o líder que dele fizeram. Nunca por nunca poria à frente dos interesses do clube a casmurrice de defender uma aposta errada apenas para não “dar parte de fraco”. Como gostava de ter de estar a pedir desculpa publicamente a Vítor Magalhães por ter duvidado da sua capacidade.

Mas cada vez mais esse pedido de desculpas me parece uma miragem…

P.S. Até à hora em que escrevo esta crónica, a única reacção da Direcção à contestação dos sócios foi instituir abertamente o lápis azul no site oficial. Num comunicado patético tentam justificar a censura. Triste. Mais um negro episódio de quem tem mais, muito mais mesmo, com que se preocupar. Vindo de quem se arrogava de vir devolver o clube aos sócios, nem sei o que diga. Felizmente há sites não oficiais, blogs e fóruns (vitoriasempre.net – por exemplo e passe a publicidade) onde se pode debater livremente o clube. Só imagino o quanto gostariam algumas pessoas de poder fazer à Internet o que fazem aos comentários no site oficial…

É tão mau ser pequenino

Nada como sair da Pátria para que a nossa pequenez incomode. Porque será que nenhum hotel tem televisões portuguesas? Da inenarrável TV SHOP Suiça, aos anúncios eróticos Belgas, passando pela Al Jazeera com uma qualquer TV de leste pelo meio, há de tudo…

É tão bom ser pequenino

Obrigado por não dobrarem filmes e séries. Muito obrigado. Quando virem o Dr. House com uma voz parecida com a do Ricardo do Sporting e a Sarah Jessica Parker em Sex in the City a abrir a boca e a parecer tudo menos ela própria, dêem graças. Vão por mim.

É tão estranho o Português

Porque é que o português quando sai do País tem necessidade de usar umas vestimentas que aqui não usa? Porque se aproxima perigosamente o português do apalhaçamento total fora de portas? Será a sensação de pensar não ter ninguém conhecido por perto? Ou será que pensam que assim se confundirão com os “nativos”? Quem souber que me responda….

23 de Setembro de 2006

Informal, até demais…

Sinceramente acho que isto tem vindo a piorar desde que António Guterres se saiu com aquela tirada de tratar não sei quantos primeiros-ministros europeus por tu. Já nessa altura isto estava a descambar. De então para cá … insuportável.

Soa-me a mais uma influência de Castela em terras Lusas. Refira-se antes de mais que me enerva solenemente a informalidade militante no modo de trato dos hermanos de alguns – que nuestros, i.e. meus e do meu único irmão, não são. Até parece que andei com eles na escola para que me tratem por tu. Eu nem estudei em Espanha. Mas dêmos isso de barato e consideremos a custo que isso é uma questão cultural enraizada nos tipos.

Agora aqui por terras de Viriato é que já começa a ser demais. Nunca tal foi nosso timbre, bem pelo contrário. Até sempre fomos tidos por povo extremamente formal no trato. Mas agora… Ora leiam lá esta:

Ia eu degustar um grelhadinho ali p’rás bandas da Av. de Londres quando, após um qualquer condutor ter estacionado a sua viatura no parque, vem um trolha (no sentido profissional do termo e não no jocoso) e se vira para mim com um fulminante: Oh colega, esse carro é seu? Eu, educadamente, depois de confirmar se o conhecia da primária, ou até quem sabe, daquela turma do 9º ano no Egas Moniz e chegar à conclusão que nunca o tinha visto mais gordo, lhe retorqui: Não senhor. Não é.

Enquanto deglutia a bela da carne, ribombava-me aquela coisa na cabeça. E comecei a tirar algumas notas, alguns dos carinhosos termos com que – na sua maioria – perfeitos desconhecidos se nos dirigem. Do já falado colega, ao jovem, passando pelo chefe, doutor, patrão, campeão, brother e até ao incontornável my friend e o fantástico toni, não deixava de rabiscar coisas do género. Demonstrativo, na sua grande maioria, apenas e só de uma grande falta de respeito, sintomática da falta de educação que grassa. É que na grande maioria das vezes, quem usa estes termos são arrumadores, trolhas e gente que nos está a servir e como tal deveria ter tido formação que lhe permitisse não fazer figuras dessas.

Não custa nada!

Quase como se eu agora começasse o próximo tópico deste escrito com algo do género: Luís, pá, então que se passa? Mas não. Não vai ser assim. Respeitinho é bonito. Até podia. Afinal de contas ele é sócio do Vitória e nós somos uma família, não é assim? E assim sendo entre família, não haveria problema.

E não haveria. O problema é quando a família só serve para as horas boas. Então, caro consócio Norton de Matos, agora os seus familiares vitorianos são inimigos? Porque exigem? Porque assobiam quando não gostam? Então os seus pares só servem para pagar quotas e apoiar? Não podem manifestar o seu desagrado? Os atletas não aguentam a pressão? Não sabiam ao que vinham? Ou pura e simplesmente não sabiam. Ponto. E ainda não sabem. Reformulo e pergunto: Ainda não sabem? Se ganhamos, lá vem o seu comunicado a puxar os galões. Se perdemos na Póvoa, foram os jogadores. Contra o Penafiel foi o público…. Está bem, está.

Se não me falha a memória quase todos os jogadores dos quais li entrevistas, demonstravam um profundo conhecimento do Vitória, da sua massa associativa e da pressão inerente. Não venha agora com desculpas.

Não me vai dizer que queria só o filet mignon? Se realmente só quer essa parte – e eu não o censuro, porque também a adoro – faça pela vida. Não precisamos de muito para andar felizes, basta GANHAR! Afinal de contas, aquilo que, presumivelmente, lhe pediram. Basta isso. Vai ver que tudo corre sobre rodas.

15 de Setembro de 2006

Ligeiro

Ultimamente tem-me cabido a honra de ser contra-capa do Notícias de Guimarães. Responsabilidade acrescida. E imerecida. Faz-me temer o pior. Quem lê o jornal, logo a seguir à capa, tem-se vindo a deparar com esta coluna. Pode até estar em causa a reputação do jornal. Um vetusto jornal semanário sério, de respeito a “abrir” com uns escritos assumida e propositadamente ligeiros. Espero então não desmerecer este destaque e tentar com que a mais-valia desta coluna seja precisamente a sua leveza (forma eufemística de dizer que esta coluna por vezes é desprovida de qualquer conteúdo sério).

Antes pelo contrário

Por oposição à ligeireza desta coluna, temos o semblante dos vitorianos depois de mais uma demonstração única e inequívoca de fervor clubístico. Numa iniciativa que, mais uma vez, parte do fórum da Associação VitóriaSempre em vitoriasempre.net, fórum esse que frequento e no qual participo, sempre que o tempo mo permite – ou seja – muito pouco, uns milhares largos de vimaranenses, famílias inteiras, rumaram (ou desceram as escadas) até à Póvoa, num Domingo – quase – de madrugada, num jogo da II Liga e transmitido em directo pela televisão, é obra. Mais uma vez, os adeptos cumpriram. Apareceram e estiveram à altura dos pergaminhos do seu clube. A equipa, essa, não jogou bem nem mal… antes pelo contrário. Perdemos. Portanto, foi o descer à terra para muitos vitorianos que tinham esta época como aquilo a que os ingleses chamam “a walk in the park”. É lugar comum dizer que a competitividade da II Liga é aumenta na razão inversa da qualidade do futebol praticado. Conhecemo-la. Mais cedo ou mais tarde teria de ser. Mas tinha de ser tão cedo?

A escrita SMS

Ultimamente ando assim… meio amargo. Também com o Vitória a ajudar assim. Só me vêm à cabeça situações que me incomodam. E eu, lá está, fixo-as e escrevo-as. Pareço um daqueles velhos, rezingões, incomodados por tudo, mais alguma coisa e o que ainda possa sobrar e nostálgicos, sempre a dizer que no meu tempo é que era… não era nada disto.

E se há algo que no meu tempo não era assim, esse algo é a escrita. Desconfio não tarde muito para que o conhecimento que a geração telemóvel tem do modo como se escreve Português correctamente seja – se tal for possível – menor ainda. Arriscava mesmo dizer que se vai deixar de saber escrever Português.

Esta é a altura em que tenho que agradecer publicamente à minha professora primária, a Dona Ló – que é em primeira instância a responsável por me estarem a ler num jornal semanário de referência e grande tiragem e não num qualquer pasquim e/ ou fanzine – e que muito contribuiu para que o meu gosto em escrever bem a língua de Camões se mantivesse ao longo dos anos.

Juntando o medo pelo futuro do Português à minha embirração natural dos últimos tempos, temos a escrita SMS, que me tira verdadeiramente do sério. E já me tira do sério se alguém me manda um SMS escrito assim. Mesmo que seja um SMS em escrita SMS (seja lá isso o que for). Mas actualmente a geração telele usa esse modo aberrante de escrever em tudo o que é sítio. De folhas de papel a fóruns na Internet, presumo eu que passando, num futuro próximo – e aqui espero que o futuro não seja, ao contrário do que o slogan apregoa, já – nos exames. Ilegível. Se estivéssemos seguros de que o Português era, regra geral, muitíssimo bem dominado, superiormente leccionado nas escolas, e fluía com maestria nas lusas penas, mas sabemos que tal não corresponde à verdade.

Acredito piamente que se hoje perguntarmos a crianças em idades na casa dos 10 – 15 anos, muitas delas pensam mesmo que o K é das consoantes mais usadas no nosso abecedário. Que o X coabita os finais das nossas palavras com o S, tendo a mesma fonética, sendo apenas uma questão de opção.

Pode parecer exagerado, mesmo vendo o nosso idioma de per si já tão mal estimadinho, vejo o caso mal parado. Urge travar a epidemia. Se assim não for, qualquer dia sobejarão colunas de opinião a terminar assim:

Oix. Obg p trm lido st txt té ó fim. Pra smn á +. É mm fix saber k á km kurta ler cenax dxtas.:*** ;) :)

Espero que não tenha sido grande coisa em SMS. Contribuía imenso para a minha sanidade mental saber que sou fraco nisto. Agora mais a sério, mas ainda assim meio a brincar, até para a semana e como recorrentemente se vê escrito, mormente em posters A4 afixados em casa de banho, “É Favor” continuar a preferir-nos. Obrigado.

8 de Setembro de 2006

Estavam tão bem quietinhos…

Acabei há pouco uma reunião em Lisboa, Tenho de rumar a Norte. Tenho de regressar ao berço. Opto hoje – tal como sempre que possível – pela viagem de comboio.

Chego a Sta. Apolónia com o bilhete no telemóvel (sim era mesmo telemóvel que queria escrever, não estou maluco, agora um SMS vale como bilhete). Entro na carruagem de 1ª – que agora se chama conforto – ligo o pc. Cadeiras largas q.b. Mesinha com tamanho suficiente para montar o estaminé (telemóvel, carteira etc...). A classe faz jus ao nome. De facto, confortável.

Passo a Gare do Oriente. Carruagem silenciosa. Gente civilizada. E acima de tudo, pouca. Posso escrever à vontade. Ligo o winamp, como é lógico, com som baixinho que a minha mãe me deu cházinho suficiente em pequeno. Nick Cave. Porque me apetece. Tindersticks. Porque sim. Morrisey. Como o vinho do Porto…

Santarém. Servem a refeição. Tipo catering de avião. A comida nem é boa nem é má. É o que se pode arranjar. Acho que ninguém no seu perfeito juízo está à espera de banquetes numa carruagem de comboio que não o Expresso do Oriente. Bem, afinal sabe melhor do que parecia. Ao menos é servido à mesa. Tal como as bebidas e o café. Serviço bem jeitoso. E quem não quiser refeição, tem snacks e chocolates. Claro que tudo é pago à parte. Queriam o quê? Dado e arregaçado?

Três horitas depois de entrar em Santa Apolónia estou a chegar a Campanhã. Se tivesse ido de carro tinha de fazer uma média superior a 120, sujeito a multas, amélias ao volante, domingueiros, gajos que fazem um ALD à faixa da esquerda, artistas que pensam que a faixa da direita é para os camiões, Aparece de tudo, como na farmácia. E ainda tinha de pagar portagem e gasóleo, bem caro, porque isto de instabilidade no Médio Oriente dá jeito a alguns. Para fazer a viagem sozinho, sai bem mais em conta. Para além de que não dá muito jeito escrever num pc ao volante de um automóvel. E chega-se ao destino como novo. Quem gostar e conseguir pode até dormir. E dizem que bem.

Não consigo fazer com que me saia da cabeça a ideia absurda do TGV Lisboa-Porto e vice-versa. Ideia peregrina. E na minha opinião, anormal. Poupar meia hora. Gastar não sei quantos milhões. Por causa de meia hora. Para poupar uma mísera meia hora. Quanto custava o minuto? Tenham juízo. Se querem chegar mais cedo comprem bilhete para o comboio anterior. Há-os praticamente de hora em hora.

Numa das únicas coisas que não é urgente inovar, querem inventar. Não lhes custa a ganhar. Como se diz na minha terra:

- Num bulam no que tá queto !!!

Incontornável

A loucura dos vitorianos pelo seu clube deveria, sem margem para dúvida, ser um case study. Não sei se já algum sociólogo se lembrou de tal. A dedicação destes adeptos não tem limites. Vendem-se mais cadeiras na Honra que o Braga em sonhos. Temos mais sócios na Honra que o Boavista em ano de conquista de campeonato. Esgotam-se milhares de bilhetes, em meia dúzia de horas de expediente, para um jogo da Liga de Honra, na Póvoa do Mar, que começa a uma hora que vai obrigar muita gente a madrugar como não mais o fará no resto do ano, se o quiser ver ao vivo. Eu próprio tentarei também ir.

Um apoio massivo que tem tanto de motivador como de pernicioso. Ainda alguém pensa que esta descida de divisão afinal não foi tão má quanto isso…

Jorge Folhadela

Faleceu na passada semana um vitoriano. Um homem do futebol. Um homem que serviu o clube anos a fio, no departamento de futebol profissional. Um homem que devia ser das personagens que mais marcava os atletas que por cá passavam, pois era dele uma importante quota-parte da bem sucedida integração deles na Cidade Berço. E um homem que foi meu colega de direcção e com quem mantive contacto desde então. Deixou-nos. Foi a enterrar no passado Sábado. Deixo-lhe aqui um forte abraço e um post scriptum.

(Onde quer que esteja, não me leve a mal por não ter podido ir ao seu funeral. Como homem do futebol, percebe de certeza, se lhe disser que não pude ir porque fiquei até ao fim do jogo do Torcatense. Ganhámos nos penalties. Sei que me compreende. Até sempre)

1 de Setembro de 2006

Phishing

Trocado por miúdos para os mais infoexcluídos esta coisa é um tipo de fraude electrónica usada para tentar roubar informações particulares. Normalmente o burlão envia um e-mail e tenta induzir o receptor da mensagem a fornecer informações sensíveis, por exemplo números de cartões de crédito, senhas, dados de contas bancárias, ou outras.

Até aqui nada de mais. Estou farto de receber e-mails desse tipo, que apago imediatamente, porque se me dirigem como se fosse cliente de bancos, dos quais nunca sequer ouvi o nome. Um dos últimos, chamou-me, no entanto a atenção. E por dois motivos diferentes. O primeiro porque supostamente teria vindo de um banco do qual sou cliente. O segundo porque esse banco a mim se dirigiu assim: Todas as contas estão indo ser restringidas, Você confirmará dados.

Só isto já dava para me sentir insultado. Então tentam-me burlar e o melhor que conseguem é uma tradução manhosa, quase de certeza feita on-line por um qualquer dicionário Inglês - Português made in Taiwan. Os clientes do maior banco português não merecem um bocadito mais de empenho que isto? Tristeza…

Deixo apenas mais um parágrafo e respectivas pérolas para verem quão pequenos somos: Devido a situação que nós temos em nosso país em torno a Online-Banking, nós fazemos exame de medidas para rever todas as contas-online a fim de descobrir as contas de "um dia", utilizadas para "lavagem" do dinheiro roubado. Nós pedimos a todos os clientes encher o formulário da confirmação dos dados da conta.

O mais difícil aqui não seria entregar os dados. Era mesmo decifrar o que estes incompetentes queriam dizer. Até nisto nos menosprezam. Queremos e exigimos phishing em condições!!!

Emplastros

Será que só eu é que acho um perfeito absurdo as figurinhas que as pessoas fazem quando se liga uma câmara de televisão? Um ajuntamento de pessoas aparentemente civilizadas ao pressentir o led da câmara aceso, como por magia, transforma-se numa turba de hooligans, berrando e grunhindo, vociferando contra Deus e o Mundo…Burlesco espectáculo este.

É a claquização dos directos. Todos se riem muito e alto e com os dentes quase todos. Todos gritam e todos pegam no telemóvel – e este gesto aprecio sobremaneira, pois imagino-os imediatamente a ligar para casa e a dizer à Maria para ligar o televisor e rápido – e acima de tudo, todos se atropelam para ficarem o mais possível em cima de tudo, i.e. em primeiro plano.

Então se na rifa sai uma entrevistazinha, ui ui, lá temos nós que levar com algumas das expressões que me tiram totalmente do sério e que estão tão em voga, como por exemplo aquela fantástica “derivado a”, “prontos” e – esta mais no Sul – “à séria”.

O pior de tudo é quando chega a silly season e os assuntos escasseiam. Ai levamos com doses – passe a epressão – de cavalo destas e de outras provas sublimes de que a democracia chegou à TV. Para o bem e para o mal. Bem dizia o Warhol.

Papagaios

Um ameaça que vai a Lisboa e ao campo dos passarinhos da 2ª Circular. Depois já não vai e se calhar a gente vamos é mesmo ao parque jardim zoológicos (sic). O outro tinha tantos balneários que podia receber três equipas ao mesmo tempo e depois foi o que se viu…

Um teve esta semana – para mal dos nossos pecados – os seus minutos (e tantos que eles pareceram) de fama. A prova viva de que há gente que pode ter nascido com jeito para muita coisa, menos para falar em público. A este basta dar corda, que ele próprio se encarrega de dar o nó e se pendurar. Não há ninguém nos clubes que aconselhe os fracos oradores e falarem o mínimo possível, ainda mais se for de improviso? Mal por mal que, passe a redundância, comuniquem por comunicado.

Para o dos balneários de sobra, uma palavra: boçal.

Para quem tanto criticava os “papagaios”, este não se está a sair nada mal. Então quando na mesma semana fala ele e o seu director desportivo… ó ode ao nacional parolismo.

Mas a culpa não é deles… é de quem lhes dá tempo de antena. E não deixa de ser verdade, em última instância, de quem os vê.

Futebol (desejos)

Que o Vitória tenha ganho o primeiro de 29;

Que o Torcatense ganhe o primeiro de muitos já no Sábado;

Que as televisões ganhem vergonha na cara e tratem o Vitória como merece.

25 de Agosto de 2006

Orgulho

Há duas semanas atrás vivi um dos dias mais importantes da minha vida associativa. Vida essa que já não é tão curta quanto isso…

O Torcatense, clube do qual sou dirigente e ao qual estou ligado umbilicalmente, muito por “culpa” do meu pai que dedicou muitos anos a esta causa, inaugurou o seu relvado. Após um ano de mandato, a direcção que “pegou” no clube na II Divisão Nacional e sem campo relvado (obrigatório) onde jogar, tendo terminado a época e o plantel recebido integralmente o que lhe fora prometido, depois de uma desgastante época a treinar e jogar em campo alugado, consegue relvar o seu campo de jogos. Mesmo em tempo de “vacas magras” em Sta. Clara – mesmo não sendo, parece que é sempre assim, o rigor, quando chega, parece de propósito para nós – e subsequente míngua de subsídios. Lá teremos que inventar receitas e pedir ao edil que nos ajude nessa invenção.

Toda a Vila está de parabéns. Toda a direcção está de parabéns. Mas o Miguel Lima está mais. Tem sido incansável. De uma dedicação única. Dias e dias perdidos em prol do clube. O Miguel que assumiu o Torcatense “a meias” comigo, quando a sua vida profissional e pessoal se calhar lhe requisitava mais tempo. O Miguel que paulatinamente se tem afirmado como um excelente dirigente. E acima de tudo o Miguel, que é uma pessoa genuinamente boa. Um amigo!

No jogo de inauguração recebemos o Vitória, o meu clube de coração e também de (quase) todos os torcatenses. No Arnado. Relvado. Coisa linda. Só imagino o orgulho de todos aqueles que devido às agruras da vida tiveram de emigrar – e em S. Torcato não são tão poucos quanto isso – regressando às terras que os acolheram, mas levando, desta vez, com eles aquela imagem magnífica. Aquela noite. O Vitória a abrilhantar a inauguração do relvado do Arnado. Casa cheia. Milhares de adeptos de futebol. Boa cerveja e bons grelhados. Futebol em estado puro. Ganhámos 2-0. E perdemos 0-2. Na memória fica o serão perfeito. À luz das velas, como alguma imprensa lhe chamou. Lindo. Com o par ideal. Lindo.

Justiça

A 5 dias do início dos campeonatos nacionais de futebol, voilá, golpe de teatro.

Uns meses depois do que devia ter sido, mas ainda assim uns anos antes do que costuma ser comum na justiça, decide-se que afinal Gil desce, Belém sobe.

O problema já foi amplamente debatido e todos os argumentos a favor e contra mais que esgrimidos. Sinceramente, não estou muito preocupado com isso. Estou-me a marimbar. Tanto me faz. Barcelos era mais perto, mas em contrapartida no Restelo a vista é bem mais bonita. Um fica perto da Casa Amarela, o outro dá para ir comer uns pastéis de nata… Resumindo, é-me totalmente indiferente.

A única justiça de que eu quero saber este ano é a que tem de ser feita aos sócios do Vitória. Vitória na 1ª, de onde nunca devia ter saído.

De resto, com o mal dos outros, posso eu bem.

Retorno

Fiquei feliz com este meu regresso aos escritos aqui no Notícias. Neste momento, aliás, se eu fosse uma campanha lançada pelo Departamento de Marketing do Vitória, diria “estou feliz porque estou contente”.

Estou contente por já vários leitores me terem abordado com sugestões. Com comentários. Na rua e por e-mail.

Não me vou pôr com coisas do género, não ligo nada a isso… eu não quero saber se me lêem ou não… eu quero mesmo é dizer o que tenho a dizer. Não vou em ondas de politicamente correcto.

Para isso escrevia em casa. Se fosse só para mim, se não me importasse com o que os leitores pensam dos meus escritos, não faria sentido opinar num semanário. Escrevia um blog e não dizia a ninguém o seu endereço.

Mas não faz muito o meu género falar sozinho…

Gosto que o façam. Gosto disso. Gosto mesmo. Gosto quando fico a saber que me lêem. Quando me dizem que me lêem. Primeiro porque fico a saber que lêem. Segundo porque me lêem a mim. Numa altura de imediatismo, de Internet, na era do digital, saber que ainda há quem tenha paciência para perder uns minutos com aquilo – quantas vezes umas ideias que até eu tenho dificuldade em perceber – que aqui debito, em formato papel, é bom. É essa a principal motivação para aqui colocar os meus pensamentos. Mandem e-mails, sugiram, critiquem. Ao saber que sou lido, dá-me alento para continuar.

18 de Agosto de 2006

Não houve coluna...

11 de Agosto de 2006

SIMPLEX

Cá fora um calor abrasador. Pico do calor de Verão. Entro numa repartição pública. Fresquinho. Ar condicionado a trabalhar bem. Por momentos até me esqueço que estou a deslocar-me lá propositadamente para entregar em mão uma folha – pomposamente apelidada de impresso – que facilmente poderia e deveria ter sido aceite por fax ou e-mail. Mas…

O fax... está no gabinete do chefe. E-mail, como sou estagiário, não tenho. Sabe… sou novo aqui e ainda não tenho endereço personalizado – disse-me o doutor que me atendeu uma semana antes.

Nem lhe passou pela cabeça sugerir ao chefe que pedisse à informática um endereço de e-mail, não com o nome, mas por exemplo com o cargo. Ou até estagiario@*.gov.pt. E-mail sem nome e de preferência o título honorífico antes? Nunca, isso nunca! Antes nenhum que esse. Oh desprestígio!!!

O que é certo é que hoje, ao dirigir-me ao gabinete do “doutor” sou parado pelo segurança. A sala está completamente vazia mas, mesmo assim, o moçoilo faz questão de me indicar a maquineta das senhas, para que tirasse uma, para que fosse posteriormente chamado, para que então pudesse ser atendido no guichet da triagem, por uma menina que me disse, numa brilhante conclusão apenas ao alcance de alguém que faz daquele o seu metier, que para entregar o dito cujo, tinha mesmo ir ao gabinete do “doutor”. Brilhante. Fez-me ver a luz. Aquilo que eu já sabia teve de ser ratificado por dois funcionários.

Depois é complicadex não me rir quando me falam no Programa de Simplificação Administrativa e Legislativa, o famigerado SIMPLEX.

(Música) Pós Modernos, GNR

(…) Mas com uns pós modernos nada complicados, sentimo-nos realizados (…)

O perigo das zonas de fronteira

Se uma empresa constituída hoje – por exemplo no programa “Empresa na Hora” – precisar de abrir uma conta num banco, tem de apresentar uma declaração de não dívida à Segurança Social e às Finanças. Ainda que as operações sejam feitas no mesmo dia esse documento é imprescindível.

Depreende-se então que, tendo constituído a empresa em Braga e abrindo a conta em Guimarães, aqueles minutos de passagem na Morreira (essa terrível zona fronteiriça) podem ser passíveis de contracção de dívidas fiscais monstruosas.

(Separador) Monty Python

And now for something completely different.

Hombridade

O meu colega de partido Orlando Coutinho anunciou que vai, no seguimento da derrota da lista que encabeçava para a concelhia do CDS, abandonar a vida política activa, para que possa deixar trabalhar quem para tal foi eleito. Abdica também – no imediato – do seu cargo de deputado municipal, pois é seu entendimento de que foi o partido que o lá pôs.

Atitude honrada. Saber perder. Dignidade.

Como seria bom que o exemplo local servisse de inspiração a quem continua a pôr-se em bicos de pés, assobiando alegremente para o lado, embolsando chorudos ordenados de deputado, fazendo ouvidos de mercador à vontade do partido, em cujas listas foram eleitos e do qual a sua eleição dependeu, partido esse que em congresso, já por duas vezes mostrou estar-lhes desfavorável. Só vem dar ainda mais razão ao meu texto da passada semana. O dos interesses. E da abnegação. E das atitudes que ficam com quem as toma… Da vergonha. E da falta dela.

(Música) Bob Dylan, Blowin’ in the Wind

How many roads must a man walk down, before you call him a man (…)

4 de Agosto de 2004

Já não me lembro quando terá sido a última vez que esta coluna foi escrita. Sinceramente que não. Podem chamar-me esquecido ou até desprendido, mas a verdade é que não ligo a datas. Sou péssimo. Ainda bem que há agendas com alarmes. O facto é que já há muito que um escrito meu não aparecia na imprensa. Provavelmente tempo demais, dirão uns (poucos, se calhar a minha mãe e mais meia dúzia); estavas tão bem quietinho, a maioria. Mas regresso. E com alguns upgrades. É um facto. Espero que apreciem.

Se calhar porque era muito novinho quando iniciei esta crónica, (quase) tudo quanto pensava escrevia. Sinceramente, era sincero. Criei algumas inimizades, é verdade. Houve mesmo algumas discussões mais acesas, também não o é menos verdade. E tudo isso porque sempre tive como norte único a minha consciência. Nada mais me regia. Como era bom ser adolescente…

A boa notícia é que passado todo este tempo, isso não mudou.

Quem se habituou a ler-me, então, não me vai estranhar, agora. Sou o mesmo. Continuo a reger-me apenas por aquilo que dita a minha consciência. Deus me livre do dia em que me imagine a servir de um espaço como este para me alavancar ou auto-promover. No dia em que tal fizesse, perderia uma das coisas que mais prezo – o respeito por mim mesmo. Não mais andaria de cabeça erguida. Sentiria que me tinha servido de um semanário prestigiado para proveito próprio. Vergonha. Soaria sempre a falso. A texto encomendado. Qualquer coisa que dissesse ou fizesse, daí em diante, poderia suscitar nos leitores – legitimamente, diga-se en passant – a dúvida: palavras sinceras ou mais uma encomenda?

Encomendas, eu, despacho-as por transportadora.

E como gosto de assim ser. Abnegado. Até na política. Como naquele anúncio do hiper de Belmiro...

Eu ainda sou do tempo em que no meu partido se podia dizer, alto e bom som e para quem quisesse ouvir, que cá no burgo, éramos diferentes. Para melhor. Em qualidade humana e abnegação na entrega ao partido. Ninguém nos batia. De certeza. Ninguém por cá pairava com a perspectiva do retorno em vil metal. Não o havia para distribuir, logo quem cá estava, estava desinteressadamente. Não estava à espera do que o partido lhe podia dar, mas antes o contrário.

Tinha custado muito "manter" o partido desde a fundação até ao final da década de 90 para que não fossemos mesmo assim. Diferentes. Românticos. Os que couberam num táxi. Os do "Paulinho das feiras". Do Monteiro que ordenhou em Anissó. Mas também do Adriano Moreira. E do Adelino Amaro da Costa.

Eu ainda sou do tempo em quem era CDS, era-o por convicção. Nunca por interesse. Assim se aguentou e lutou para que não se perdesse aquilo que nos manteve. O capital humano. Dantes era assim. Quem era CDS, dele não precisava. Dava-se ao partido.

Até para a semana.

Um dos upgrades desta coluna, nova versão, é o aconselhamento musical para a leitura desta coluna. Banda sonora de hoje, a qual não aprecio propriamente, mas que, de tão kitsch na voz do Espadinha, se adequa na perfeição ao “sumo” do texto e da qual cito um versozito: Sim eu sei, que tudo são recordações….

sexta-feira, outubro 13, 2006

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